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Gostologia Aplicada. O gosto das pessoas é como uma árvore e seus galhos. Não. Metáfora visual muito clichê. Mas, diabo, não consigo pensar em outra. Tenho que começar a achar metáforas mais complicadas pra ser um bom teórico.

Anyway. O gosto das pessoas é como uma árvore e seus galhos. Existe um gosto central, um "preferido", que é o tronco. E os galhos são gostos adjacentes, que necessariamente nascem a partir do gosto central. Tipo, são elementos individualizados do gosto central que acabam levando a gostos adjacentes.

Esse gosto central não existe necessariamente personificado. Pode ser que você realmente goste de Darkness (tronco), e que todas as outras bandas que você ouve tenham algum elemento que você sente no Darkness (galhos). Mas é provável que não, e que seu tronco seja um emaranhado de conceitos como "bandas com gente que usa calça apertada" e "vozes finas", e que Darkness seja apenas um galho.

Por isso, quando você recomenda XX a alguém que gosta de X, e ainda justifica com "Mas você gosta de X! É igual a X!" (mas, logicamente, não é igual), o alguém não vai necessariamente gostar. O gosto que ela tem por X já é um galho, e esse galho não vai esticar pra dar espaço a XX. Mas pode acontecer de X estar contido no tronco de gostos do alguém, e XX subitamente brotar como um galho.

É fácil aplicar isso à música. Pense você em outro exemplo. E dá pra aplicar a praticamente tudo em que se espera que você tenha gostos variados - ou melhor, em que se espera que você esteja aberto para experimentar outras opções. Você não vai ouvir só um cantora, ler só um autor, achar apenas uma mulher bonita, comer só batata frita. Por outro lado, há coisas em que não se espera que você pratique uma "variação de experiência": sapatos, por exemplo (ok, não se aplica a mulheres). Nomes de bebês, talvez.

E o sistema de gostos é dinâmico. Um galho pode cair do tronco, germinar e formar um novo tronco, enquanto o antigo morre e apodrece. Ou não. Melhor: o próprio tronco, sendo um emaranhado de conceitos, é influenciado pelo que entra por sua raiz (sendo o solo o mundo onde você vive) e transforma-o fenotipicamente, o que pode fazer alguns galhos caírem e morrerem.

Essa introdução toda serviu pra dizer o quê? Nada. É que acordei cedo demais hoje de manhã e tive esse momento Nick Hornby.

(Próximo passo para a teoria: provar que o emaranhado de conceitos do tronco não define individualmente seu gosto para música, livros, sexo, bebida, marcas de roupa etc., mas sim que estes gostos em diferentes áreas estão intrinsicamente relacionados - que um pode ser deduzido com base no outro. Imagine dizer que quem gosta de sorvete com leite condensado é necessariamente fã de Belle & Sebastian, e vice-versa. Me aguardem.)

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resumindo, darkness eh ruim.

Credo, erico... Acho que esse mestrado está te fazendo mal. :D

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This page contains a single entry by Érico Assis published on febrúar 16, 2004 9:05 FH.

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