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No bullshiting. Acho que é disso que eu gosto no 24 Horas.

Um grupo de terroristas árabes levando uma bomba atômica numa van pelos subúrbios de Los Angeles. Um dos terroristas vê crianças brincando na rua, o bom samaritano ajudando estranhos a trocar o pneu, os vizinhos amigos... e tem uma crise de consciência.

"Ih... Ok. Agora isso vai se enrolar até o último capítulo, em que o terrorista vai ajudar o Jack Bauer a impedir a explosão da bomba."

Que nada. Cinco minutos depois - cinco minutos depois! -, a crise de consciência faz o terrorista ser repreendido e morto pelo companheiros. Ninguém tem tempo pra longas crises de consciência.

Isso é o legal da série. Apesar de o roteirista ter que esticar a história por longos 24 episódios, ainda tem a coragem de encher cada capítulo de pistas, de conteúdo e principalmente de cliffhangers. Não é como Lost ou Desperate Housewives, em que só resta ao público fazer "oh!" com o micropasso na trama de cada episódio. 24 Horas não enche lingüiça. 24 Horas é no bullshiting.

(Falando em no bullshiting, finalmente consegui assistir Network, do diretor que parece ser o rei do no-bullshiting da década de 70, Sidney Lumet. Roteiro inacreditável de tão bom. I AM MAD AS HELL AND I AM NOT GOING TO TAKE THIS ANYMORE. É ótimo.)

Ainda estou na segunda temporada de 24 Horas. Atrasado. De qualquer forma, é melhor que a primeira, que já era legal, e arrisca muito mais. As cenas de tortura (o roteirista deve ter lido um manual sobre técnicas de tortura) são outro exemplo de no bullshiting. Não há sadismo - é pura necessidade de extrair informação. Eles chegam a métodos que eu nunca imaginaria ver na TV - como quando o Bauer manda matar a criança de um terrorista para fazê-lo falar.

Claro que a série não é perfeita. Jack Bauer é um semi-deus que mistura McGyver, Super-Homem, Jesus Cristo e Capitão América. A filha de Bauer é a loira mais burra da história da televisão. E não aguento mais a cara de pensamento analítico do presidente dos EUA

Mas o no bullshiting bate tudo. Só dá pra comparar com os filmes do David Mamet, como Spartan. Fora esses, a tela grande não tem nada de melhor pra oferecer hoje em dia. O negócio é voltar pra TV.

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Falando no "Spartan", fui surpreendido pelo ritmo do filme. É coisa de um fôlego só, oi-tchau, e a história desenrola progressivamente concisa. No fim, não se sente falta de explicações, mas de tempo pra respirar, e dá a impressão de que não acabou. Genial.

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This page contains a single entry by Érico Assis published on maí 18, 2005 8:42 FH.

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