Popiário do fim de semana:
24 Horas, 3ª temporada: a palavra-chave virou "descuido". Nas outras temporadas, produtores, roteiristas e diretores se esforçavam para que o peso de fazer os episódios em tempo real fosse grande, para que as coisas ficassem interessantes. Na terceira temporada, além da história ser chata, a regra do tempo é esquecida várias vezes. Acontecem furos grandiosos, como um beijinho que dura cinco minutos. Não que não houvesse furos antes - é impossível uma série não ter -, mas eles estão descuidados demais.
Steal This Book: já sei como conseguir comida, roupa e transporte de graça. Só que nos EUA dos anos 60. Mas fazer o quê? Eu não era nem nascido.
Jinx: The Definitive Collection: depois de tantos anos esperando para ler, eu só podia não ter gostado. Bendis é legal quando explora narrativas diferentes, coloca xerox, faz os diálogos intermináveis serem interessantes de verdade. Pena que ele tinha que contar uma história junto com isso. O final é muito fraco.
Planetes, vol. 1: mangá sobre astronautas. Ou algo assim. Na real, a conquista do espaço é só um pano de fundo para ver relações humanas de um jeito comovente e divertido. Cada historinha daria um desses feel-good movies de Hollywood.
O Hoffmann não ia achar graça aqui em Porto Alegre. Burlar os sistemas de "segurança" dos restaurantes aqui, neste século, é mais fácil do que era nos EUA nos anos 60.
Mas Hoffmann é insano. Steal this Book é insano. O cara não tem noção das conseqüencias que haveriam se todos fizessem o que ele pede que façam. Mas, de qualquer forma, nós também não temos noção do que era viver sob toques de recolher e um governo autoritário.
Taà para tua dissertação: todas contra-culturas não avaliam o que aconteceria se todo mundo fizesse o que elas pregam. Se todos não pagassem a conta no restaurante, não haveria restaurante onde os espertinhos poderiam comer de graça (aka. as custas dos outros). Toda contra-cultura exige ser uma minoria. Não só por definição semântica, mas por viabilidade teórica.