Vários jornalistas saíram da sessão do novo filme de Wes Anderson, "The Life Aquatic with Steve Zissou", reclamando que não haviam entendido nada. "Quando assisti ao filme pela primeira vez, além de ficar vendo como eu estava velha, devo confessar que não entendi nada", afirmou a atriz Anjelica Huston, na entrevista após o filme, provocando risadas.

No ponto alto, toca, inesperadamente, Staralfur. Tem como eu gostar mais de um filme com Sigur Rós na trilha?

Tem, se o filme for do Wes Anderson. The Life Aquatic with Steve Zissou é um filmezinho mágico. Não me peça para lhe dizer por que eu gostei - ainda estou digerindo e não sei explicar. Nem me pergunte qual é a história. Senti até o filme que foi feito sem roteiro (e, pense, você sabe explicar qual era a história, o plot, de Os Excêntricos Tenenbaums?).

Bill Murray é fantástico, e fica mais fantástico a cada filme que faz com o Anderson (desde Rushmore!). Willem Dafoe é incrível. Cate Blanchett é inacreditável. A imaginação do Wes Anderson é uma coisa impenetrável.

O filme tem uma série daquelas piadinhas cretinas e espontâneas, como a da carta de suicídio nos Tenenbaums. Você sente que tem que rir, mas não entende por quê.

Quando chegar aqui (se chegar), a imprensa só vai reclamar que Seu Jorge só tem uma ou duas frases (fora as músicas). Esqueça a imprensa e assista o filme. É um clássico.

(Assisti também I ♥ Huckabees, que eu tanto falava aqui. É uma porcaria. Tenta ser um filme do Wes Anderson, mas cai na idiotice. Tudo que eu vejo com o Jason Schwartzman costuma ser uma porcaria. Vai pra lista negra, em definitivo.)

Voltei de "férias" e encontrei seis novos estímulos para a livrofilia me esperando:

Dois pra pesquisa: A Era do Consenso, George Monbiot, e One No, Many Yeses, Paul Kingsnorth. Dois pra viagem: A Arte de Viajar, Alain de Botton, e Inglaterra, Escócia e País de Gales - Guia Visual, da Folha. E dois pra aproveitar o finzinho de férias: You Have Been Disconnected - um livro de tiras dos Pescoçudos, Caco Galhardo, e De Cada Amor, Tu Só Herdarás o Cinismo, Arthur Dapieve.

Na dúvida, vou começar todos ao mesmo tempo.

Saiu minha resenha de Os Milionários.

Eu só fiz a resenha. O Romeu Martins fez uma entrevista matadora com o Gonçalo Júnior, daquelas que vão ser citadas pelos historiadores daqui a 50 anos. Tudo que alguém precisava falar sobre quadrinho no Brasil tá ali.

Você vai ao protesto contra a reunião do G8, em Edinburgh, entre 6 e 8 de julho? Conhece alguém que vá?

Em caso positivo, faça contato: erico arroba pontomidia.com.br

... escrevo diretamente de Angoulême, uma pequena cidade ao norte da França. Para quem chega, depois de atravessar quilômetros e quilômetros de natureza e de terras quase inabitadas, é difícil de acreditar: durante os três dias do festival, que acabou ontem, Angoulême "é", ela própria, uma história em quadrinhos. No lugar dos anúncios de celular e creme dental, os ônibus são adesivados com HQs, nos muros das igrejas e construções antigas, os grafites são em quadrinhos; na vitrine de uma loja de doces, álbuns de "Tintin", "Lucky Luke" e "Titeuf" compõem a decoração; exposições dividem o espaço de escolas, bares e restaurantes; livrarias e sebos aproveitam e, pelo menos por ora, ocupam o lugar dos best-sellers de auto-ajuda com as graphic novels do momento...

Diego Assis (não é parente), o brasileiro mais invejado do mundo.