Fiquei pouco satisfeito com Everything is Illuminated. O livro, não o filme. Não tinha tanto entusiasmo para ler quanto tive com Extremely Loud & Incredibly Close ? que é o livro posterior de Jonathan Safran Foer, mas que li primeiro. Illuminated não é tão bom.

Dá para se dizer que é a história de um personagem, também chamado Jonathan Safran Foer, que vai à Ucrânia em busca da mulher que salvou seu avô da morte na II Guerra Mundial. Mas a narrativa é tripartida: quem conta a história é o intérprete de Jonathan, o ucraniano Alexander. Alexander está escrevendo um livro sobre a viagem de Jonathan, enquanto este escreve a história de sua família desde um shtetl ucraniano no século XVII até os dias de hoje. Então você tem capítulos com as cartas de Alex para Jonathan, capítulos do livro de Alex ? e Alex escreve num inglês terrivelmente fraco e engraçado (veja alguns posts abaixo) ? e capítulos do livro de Jonathan. Na mistura dessas três linhas, que se desenvolvem em conjunto, você tenta descobrir sobre o que é o livro.

É ao mesmo tempo fantasticamente engraçado e dolorosamente comovente. Foer constrói o timing preciso para piadas de humor absurdo. Tem o cachorro chamado Sammy Davis Junior Junior, tem a discussão sobre o vegetarianismo de Jonathan, rabinos malucos tentando explicar o universo. O livro é recheado de absurdos.

A parte comovente é mais baseada num estilo próprio que Foer desenvolveu, que consiste basicamente em enfiar o maior número de palavras possível na fala de seus personagens e usar pouquíssima pontuação. Como se uma pessoa estivesse querendo lhe contar, o mais rápido possível, todo o sofrimento do mundo (e alguns personagens fazem isso). Esse amontoamento de palavras provoca uma reação que vai além do conteúdo dos diálogos ? a própria página, o registro gráfico, começa a te provocar, a te emocionar. Quem leu Extremely Loud sabe que o autor já levou isso ao extremo.

Apesar desses toques de maestria, Foer não consegue manter o interesse por muito tempo. Os capítulos com a história do shtetl são particularmente chatos, sem o vigor que caracteriza os outros. E o final, apesar de uma jogada bem interessante, joga demais para você o que deveria ser entendido sobre a história. Tipo, ?sei que esta história tem algo que a torna extremamente comovente, mas não vou fazer argumento nenhum e deixar você cuidar disso?. Se você prefere assim, tudo bem. Não é o meu caso.

E o filme? Glad you asked. Fiz questão de escrever este post logo antes de apertar play no DVD. Comentários e comparações em breve.

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This page contains a single entry by Érico Assis published on mars 18, 2006 2:15 FH.

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