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O Super-Homem foi criado por dois carinhas de 20 e poucos anos, judeus de Cleveland, na década de 1930. Jerry Siegel era o escritor, Joe Shuster o desenhista. Siegel foi o pioneiro dos nerds – ou geek, como preferem dizer por lá. Se não foi o inventor dos fanzines, foi pelo menos o criador de um dos primeiros, através do qual se comunicava com outros fãs dos avôs da cultura pop: as pulp novels. Shuster, por sua vez, cresceu na cultura do fisiculturismo para jovens pregada pelo Dr. Charles Atlas, entre outros, nos EUA das primeiras décadas do século passado.

Do outro lado, havia Harry Donenfeld, nascido na Romênia, que, seguindo uma tradição judaica que se estabelecia na Nova York dos anos 1910, entrou no ramo gráfico. Isso até a década seguinte, a da Proibição (de bebidas alcoólicas), quando seu negócio o colocou em contato com o submundo criminoso da cidade, tornou-o rico, importante e convencido. Esse convencimento ajudou-o a desafiar a moral vigente e lançar uma revolução no mercado editorial, que o colocou em mais problemas com as autoridades: os sex pulps, revistas de contos eróticos como Spicy Stories, Juicy Tales e Hot Tales. E que vendiam um bocado.

E também havia Jack Liebowitz, um ucraniano que tentou pregar o comunismo na América, desistiu e tornou-se o mais importante parceiro de Donenfeld no ramo editorial.

1938. Donenfeld é forçado a rever sua linha de publicações por pressão das autoridades e do público. Desde metade da década vinha crescendo nas bancas o número de revistas em quadrinhos – uma grande novidade: pegar as tiras que saíam nos jornais e reuni-las em edições só de tiras (parece pouco? Levou 30 anos para alguém ter essa idéia) –, então Donenfeld e Liebowitz decidiram seguir o mercado. Aqueles garotos de Cleveland estavam tentando vender sua criação – uma mistura de personagens dos pulp com algumas novas e boas idéias – para qualquer um que estivesse interessado, e encontraram a dupla de editores na hora certa.

Action Comics #1, com o Super-Homem na capa, foi lançada na primavera daquele ano. E acho que todo mundo sabe o resto da história. A edição 837 foi lançada esta semana nos EUA, e aquele “S” ainda está lá, bem grande.

Men of Tomorrow: Geeks, Gangsters and the Birth of the Comic Book pega a história do Super-Homem como eixo para contar a vida de todos envolvidos na criação do herói. Gerard Jones foi atrás de todos os registros históricos existentes, incluindo longas entrevistas com os poucos ainda vivos e suas famílias, para montar o quebra-cabeça que é a história do sucesso de um ícone.

Em ano de relançamento da franquia cinematográfica do Super, é um livro mega-importante. Principalmente porque ele poderia chamar-se “Super-Homem, a biografia não-autorizada”. Siegel e Shuster receberam menos de 200 dólares pelos direitos sobre o personagem, e tiveram que batalhar até os anos 70 para ter seu crédito reconhecido (ainda sem receber um milionésimo dos lucros) – até lá, viveram por bastante tempo na pobreza. Donenfeld e Liebowitz, por outro lado, venderam milhões de gibis por mês e licenciaram “seu” personagem para rádio, desenhos animados e cinema. Além disso, anexaram outras editoras menores para criar a DC Comics – como se não bastasse, hoje parte do maior conglomerado de entretenimento do mundo, a AOL/Time Warner.

Soube ontem que a Conrad vai lançar o livro no Brasil. Estranhamente – antes de chegar nas teorias conspiratórias –, o press release não usa o gancho do filme do Super para promover o livro. Não é hora de tornar essa história mais conhecida?

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