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Você vira para o outro lado e dorme, porque isso não é hora de aguentar ela reclamando. Você promete que não vai ser igual aos seus pais, mas acaba repetindo o que eles tinham de pior. Você ri, por dentro e por fora, muitas vezes, de coisas que, se parar pra pensar, são bastante babacas - mas não é hora de parar pra pensar, e sim de aproveitar, e você ainda vai rir, por dentro e por fora, quando lembrar disso. Você trai quem mais lhe quer. Você faz promessas que na maioria das vezes cumpre, mas às vezes não consegue, e são estas que marcam mais. Você diz "sim", você diz "não", você diz "estou muito feliz", você diz "eu te odeio" - e todas as vezes você vai pensar que estava errado. Você volta de joelhos. Você diz que amigos são a coisa mais importante, e realmente acredita nisso. Você decide que hoje vai ser o primeiro dia de todo o resto. Você bebe demais, você gasta demais, você dorme demais, você escolhe demais. Você falha. Você sente que nenhum dia vai superar hoje, e o dia que supera aquele vem quando você menos espera. Você sucumbe. Você inveja. Você tem aquele momento em que é admirado por todos, e sabe que está sendo admirado por todos, e tenta começar a se policiar para não ficar muito cheio, mas só consegue aproveitar. Você cresce. E fundamentalmente, você muda - você se transforma diariamente, queira ou não. E aí você morre.

Ontem acabei Six Feet Under. A mensagem da série é que sua vida é uma coisa fluida, que você nunca vai conseguir segurar ou controlar. E o caixão lhe espera, então aproveite esse descontrole enquanto há tempo. Todo mundo vive assim.

O criador, Alan Ball, não tinha vergonha de optar por certos recursos de linguagem ou de história que alguns chamariam de "muito clichê" ou "muito novela", ou até "muito gay". Isso deu em alguns momentos bizarros, de vergonha alheia, como o final do último episódio. Mas eles não estragaram a jornada da série. O mais marcente é que sempre que havia uma mudança de rumo na história da família Fisher, aquilo chegava como um baque, que vinha sem aviso, sem premonições, sem música no crescendo. Como a vida. É por isso que vou sentir saudade da turma. Até o caixão.

8 Comments

melhor resenha que já li a respeito. fiquei curiosa pra assistir :)

Six Feet Under é, para mim, a melhor série ever!

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O apê tá se ajeitando, mas tem que pintar. Daqui um mês te ligo para uma janta comigo e com o Paulo na nossa mais nova velha sala, hehe. =D

muito legal seu blog!
bom gostoso de ler!
amanhã você estará palestrando
na minha faculdade (Fadep - Pato Branco),
estamos aguardando ansiosos!

abraço!

o primeiro paragrafo é teu ou é uma citação da série?

Pra mim a série é coisa de cinema, mesmo. E a montagem final do último episódio me deixou sem ação - a gente precisa desses choques sobre a morte de vez em quando.
Como você falou, e a turma que deixa saudades, parece mesmo que pudemos acompanhar a vida dos personagens.

Falta ver a 4ª e 5ª temporadas. Aquilo é ESTUPENDO.

Samanta: o parágrafo é meu. ;)

Villar: poisé, sinto saudades da turma. Vai ser engraçado "não saber mais o que vai acontecer com eles". :)
Mas ainda tenho minha outra turma preferida para acompanhar: os Sopranos!

Halal: tenho a impressão de que a 4a. temporada é a melhor (apesar de o caso da morte da primeira esposa do Nate - esqueci o nome dela - ser meio ridículo). Mas a quinta também é sensacional.

to correndo la na blockbuster pra alugar o dvd

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This page contains a single entry by Érico Assis published on maí 9, 2006 10:59 FH.

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