O genial relações públicas, seja ele quem for, do J.J. Abrams ganhou um aumento: arquitetou para que, no espaço de uma semana, seu cliente fosse anunciado como o responsável pelo próximo revival de Star Trek, a ABC exibisse o episódio que inicia a reta final da temporada de Lost e Missão Impossível III fizesse sua estréia internacional. Abrams pulou da imprensa especializada para a mainstream em segundos. E em mais de uma reportagem li "ele tem um toque de Midas" ou equivalente.
M:I-3, por mais divertido que seja, não é mais do que uma soma de referências de filmes de espionagem (A Supremacia Bourne) e boas séries de TV. Vá perguntar a qualquer fã de Felicity sobre como o seriado rapidamente perdeu o pique e sobre o desastre que é a última temporada. Assista um episódio de Alias, vicie-se nos cliffhangers (eu admito que são bons), mas tente não rir da implausibilidade das reviravoltas.
Lost? Ando lendo os gibis que dois produtores do seriado estão escrevendo - Damon Lindelof em Ultimate Wolverine x Hulk, Javier Grillo-Marxuach em The Middle Man. Os caras são bons, muito bons. Ótimos roteiristas, ótimas idéias, bom senso de humor e sabem evitar clichês. J.J. Abrams merece menos que a metade do crédito pelo sucesso de Lost.
O cara parece ser bom, porém, em encher os roteiros de tons mais humanos, educando os roteiristas geeks a criar apelo para o público não-geek. O que tem funcionado. Mas me parece que Abrams está com a bola toda não por causa de um talento magnífico, mas por saber trabalhar, de vez em quando, com as pessoas certas. Sua estima na indústria de entretenimento está bastante inflada, e não vai demorar pra bolha estourar. Que ele aproveite seus 15 segundos.