O último episódio que assisti de Weeds termina com uma seqüência que mostra a madrugada insone de quase todos os personagens. Sem diálogos, só o volume crescente de uma música nervosa do Sons and Daughters. De repente, um avião deixa seu carregamento de Coca Colas cair sobre a casa de um casal do cast. O marido acorda, garrafas de refrigerante estouram na cama, nas paredes, no teto. A esposa, insone, sai do banheiro e anuncia que está com câncer. Rolam os créditos.

Tem esses momentos, esses trechos meio surreais/experimentais de algumas séries de TV que me tornam fiéis a elas pelo menos até o fim da temporada - por pior que seja o resto. É como se eles criassem alguma esperança de que haverá outros momentos legais. Tipo uma cena lá da primeira temporada de Desperate Housewives, quando uma das donas-de-casa é morta e enterrada com seu liquidificador, que me manteve fiel à série (um novelão sem fundamento) até hoje. Não me pergunte por quê, estas cenas me prendem.

Só vi um episódio de Big Love, mas estou sentindo que em dois ou três episódios vou ter um momento de fidelização. É da HBO, como Six Feet Under e Sopranos, então você é forçado a conferir pelo menos uma temporada.

Também apostei na nova tendência das séries: enquanto até agora a regra era atores decadentes do cinema buscarem refúgio na TV, diretores começam a seguir o mesmo rumo. Caras do terceiro escalão, mas bons, Doug Liman (Vamos Nessa, Sr. e Sra. Smith) e David Mamet (Spartan) são responsáveis, respectivamente, por Heist e The Unit. Mas os roteiros são esquemáticos e não atingem o que mais importa numa série: superar Hollywood.

Enquanto isso, Lost vai sendo cada vez mais tomado pela facção sci-fi dos roteiristas, e só fica mais interessante. Está num ponto ótimo, em que você sabe que o mistério vai perdurar por temporadas e temporadas, e sente que isso é legal. O Lost Experience só amplia esse teor da série.

Descobri que os americanos foram além dos britânicos na sua adaptação de The Office. A BBC só fez 12 episódios (mais um especial), a NBC está chegando aos 30. Comecei a ver a série nova, descobri que eles estão até conseguindo criar novas e boas piadas em torno do humor bem definido do original. Provavelmente a melhor comédia no ar nos EUA.

(Aliás, nunca falei aqui do The Office original. A série é uma das maiores conquistas da história do humor britânico, na linhagem de Monty Python e Richard Curtis. Impressionante como os caras conseguiram construir um humor sem claque e sem absurdos e mantê-lo por toda uma série. E mais: com subplots, como a história corrente do romance quase impossível entre Tim e Dawn, com direito a final feliz (que quase me fez chorar, diabos). Pelo menos dá para matar saudade da turma na versão americana.)

E hoje tem episódio de duas horas fechando a quinta temporada de 24 Horas. Jack Bauer fazendo impeachment à moda Jack Bauer! 24 é exagerada, é previsível, é americanóide e o roteiro é insustentável, mas não dá pra não assistir.

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This page contains a single entry by Érico Assis published on maí 22, 2006 7:00 EH.

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