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Os cafés de Buenos Aires fazem entregas de porta em porta, principalmente na área comercial. Como tem quatro cafés em cada esquina, é só você escolher o que gosta mais e pedir. É aí que começa a parte estranha: o garçom do café sai pela porta com a bandeja na mão e a xícara fumegante em cima, andando rápido pela rua até o endereço de entrega. Sim, você caminha pela calçada e dá de cara com garçons carregando cafezinhos na bandeja, como se estivessem dentro da cafeteria. Buenos Aires é uma grande cafeteria.

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Talvez eu esteja sob influência da minha primeira estadia em um hostel (já falo nisso), mas senti uma espécie de "espírito cidadão" lá entre os hermanos. A correspondência fica do lado de fora de casa, atendentes de livrarias são legais, pessoas são extremamente agradecidas quando você dá informações na rua e igualmente solícitas quando você pede algo. Parece que a "pose" do argentino em querer ser europeu criou um lugarzinho legal onde a falta de dinheiro não deu em lei do Gerson. Provavelmente porque eles não sabem falar Gerson.

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Hostels formam um pequeno mundinho alternativo que deve ter surgido quando um cara legal resolveu que todo mundo deveria conhecer o mundo e não gastar toda sua grana com isso. Os atendentes parecem plenamente convencidos disso. O hostel em que eu fiquei lembrava um DCE de universidade pública, mas vi outro que parecia escola de inglês. Você não tem banheiro no quarto, mas ganha em espírito, pois descobre que ainda há gente legal no mundo.

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No cemitério da Recoleta, a gente brincou que os mausoléus devem ter calefación e wi-fi. As duas coisas estão presentes em qualquer ambiente fechado (só não tinha wi-fi no aeroporto). A idéia de sentir frio dentro de casa é absurda para eles. Você sai de blusão e casacão para a rua, mas tem que colocar bermudas em casa. Em pleno inverno, atendentes de loja estão de manga curta.

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Todos os prédios são fantásticos. Eu e a Marcela ficamos em um que tinha aqueles elevadores antigos em que você tem que puxar a porta sanfona.

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Todos os livros do mundo são traduzidos para o espanhol, por motivos óbvios: meio bilhão de pessoas no mundo fala espanhol. As livrarias teriam sido fantásticas para mim, se eu entendesse a língua.

Ok, não é que eu não entenda, é uma resistência psicológica. Acho espanhol complicado, com acentos e entonações demais, alien (tenho que traduzir mentalmente quando leio ou ouço). Tinha até aquele livro da Granta com os melhores jovens escritores norte-americanos, coisa que eu nem sabia que saía do inglês. Estavam em destaque o novo do Stephen King, e algo chamado Aeromith es una Mierda, de aparentemente um Nick Hornby local, Eduardo de la Puente.

Tudo é absurdamente barato (o penúltimo Harry Potter custa A$ 40, o que dá menos de R$ 30) e você vê gente no metrô lendo Saramago. Mas achei estranho que mesmo as grandes livrarias, do porte de uma Cultura, têm seções em inglês muito pobres. A mesma coisa nos sebos. Se você não entende (ou não gosta) de espanhol, as livrarias não ajudam muito.

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Aliás, os livros não são a única coisa barata. 1 peso está em torno de R$ 0,65, mas as coisas lá têm o mesmo preço numérico daqui. Por exemplo, caixas de DVD que aqui custam R$ 99 aqui saem por A$ 99 lá. Táxis são ainda mais baratos do que isso.

Já comida depende muito de onde você for comer. E lojas de quadrinhos são um assalto, como no Brasil (e com funcionários mal encarados e grosseiros, como no Brasil). Pelo que ouvi dos taxistas, imóveis e moradia em geral saem mais ou menos pelos mesmos preços de Porto Alegre.

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Ouvi duas vezes a mesma frase, de pessoas diferentes e sem nenhum estímulo parecido: "Liners es un genio". E a publicidade deles parece ter o mesmo espírito infantil e colorido do Liniers, pelo menos em algumas coisas legais que vimos.

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Passamos uma semana lá, mas vamos ter que voltar. Talvez eu esteja deslumbrado somente por passar a maior parte da minha vida entre cidades pequenas, mas acho que o fato de Buenos Aires ser centro político, centro econômico e centro turístico do país tem algo que a faz diferente de outras grandes cidades da América Latina (tipo Porto Alegre, que é relativamente pequena, e São Paulo e Rio de Janeiro, que são grandes demais). De qualquer forma, eu voltaria apenas pelas empanadas.

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Departamento de Aquisições

Saí atrás do que ainda não tinha do Liniers.

Quando o dinheiro já estava no fim, descobri na lojinha do Malba toda um coleção de camisetas do Liniers, entre várias outras coisas legais (a Marcela foi à loucura). Ficaram para a próxima visita.

O bom quadrinho argentino, confiando nas recomendações de algumas pessoas de lá. Dá para garantir, pelo menos, que eles desenham bem.

O resto é de outras coisinhas que por acaso achei por lá.

3 Comments

que legal! Buenos Aires eh deslumbrante. Fiquei com vontade de voltar!

bjos

bah, não sabia que tu tinha comprado o cuadernos :)
eu achei tri caro, mas fiquei babando nele, hehhe

ah, q tri... eu ainda vou pra lá algum dia...

foram em algum dos lugares q mandei??

abraço

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This page contains a single entry by Érico Assis published on ágúst 12, 2007 7:07 EH.

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