Fiquei uns 20 dias lendo Kafka on the Shore, do Haruki Murakami. Já crio antipatia por livros depois de uma semana, e estava meio relutante em acabar este - ainda mais porque ele ia comer minhas férias. Mas fui em frente.
Mesmo sabendo que o Murakami não ia explicar nada - as chuvas de sanguessugas, os soldados da floresta, o incidente das crianças desacordadas, o velhinho que conversava com os gatos, a pedra - no final. Não é do feitio dele.
Tem um parágrafo na penúltima página que diz algo tipo:
Time weighs down on you like an old, ambiguous dream. You keep on moving, trying to slip through it. But even if you go to the ends of the earth, you won't be able to escape it. Still, you have to go there - to the edge of the world. There's something you can't do unless you get there.
O que me lembrou O Apanhador no Campo de Centeio. Na real, acho que muito dos livros do Murakami (li Caçando Carneiros, Minha Querida Sputnik e Norwegian Wood) tem a ver com coming-of-age, com adolescentes (ou adultos que não cresceram) tentando lidar com esse mundo "maduro", como o Holden. Aliás, Kafka on the Shore (que não tem nada a ver com Franz Kafka) é justamente um adolescente buscando passado e futuro ao fugir de casa (entre outras histórias).
Deve ser por isso que sempre acabo voltando ao autor, mesmo tendo me irritado enquanto lia cada livro.
Por quê você não lê Branca de Neve ou Cinderela?
Elas dormem (adolescência), acordam com um beijo (adultas e sexualizadas para o casamento) e não tem as pontas soltas.