Li o texto do David Mamet na Folha (em inglês aqui) sobre sua virada política da esquerda para a direita. Saiu mês passado. Deixo a Folha empilhada aqui em casa. Quando a pilha começa a cair, leio uma semana inteira.
Mas enfim, tem o texto confuso do Mamet - tu nunca sabe quando ele tá sendo irônico ou sério (fora os livros dele, que são bem didáticos) -, uma entrevista com o Paulo Betti (que atuou em/dirigiu peças do Mamet) e um artigo de uma professora de literatura. Esses dois também ficaram em dúvida se o cara está de brincadeira.
O que essas três páginas de puro Mamet no Mais! esquecem de dizer é que, de O Sucesso a Qualquer Preço, o cara passou para dirigir Spartan (você não assistiu? Devia) e, o mais importante, e ser o cabeça daquele seriezinha mequetrefe estilo "oh, os nossos soldados!" The Unit. Se isso já não era sinal de guinada para direita...
Na verdade, é sinal de que o pessoal da esquerda que fez "oh" com o texto do Mamet ainda não assiste televisão e continua esperando que o Village Voice diga as coisas em que eles podem acreditar. O que é mais um motivo para o Mamet deixar essa turma de lado.
E talvez essa seja a ironia que ele quis criar.
(Ah, e tem um textinho acessório no Mais! que explica um erro que eu sempre cometo: a tradução de "liberal". Liberal, para os americanos, é de esquerda. Liberal, para os brasileiros, é de direita. Tanto que o partido democrata deles é a esquerda e o nosso Democratas é a direita total. O problema é com a idéia de liberdade: nossos "liberais" querem liberdade econômica pros ricos. Os liberais deles querem liberdade social pros pobres.)