Sou obcecado pela relação entre realidade e ficção, e fico não só pasmo, mas com legítimo MEDO DA HUMANIDADE quando surgem protestos como esse:
As organizações e redes dos movimentos feministas, de mulheres, de comunicação e de direitos humanos subscritas manifestam seu total REPÚDIO e INDIGNAÇÃO diante do desrespeito e das violações de direitos praticadas pelo colunista Henrique Goldman e pela Revista TRIP com a publicação do texto "Carta aberta para Luisa" (Edição impressa #170, de 29.09.2008, também disponível no endereço eletrônico http://revistatrip.uol.com.br/coluna/conteudo.php?i=25613), em que o referido colunista “pede desculpas públicas à empregada da família com quem transou, contra a vontade dela, quando tinha 14 anos”.
Leia o texto da TRIP. Se você tem o mínimo senso estético - ou melhor, se você sabe LER -, entende que aquilo é uma ALEGORIA, uma FICÇÃO, não uma declaração de estupro. E que, mesmo se você considerar a hipótese absurda de que o cara está confessando um estupro real, o texto ainda é uma representação, uma positivação, de um fato social.
Não tenho medo maior do que esse: que as pessoas parem de entender a ironia.