"Eu sou péssimo em crenças, mas sou bom em crer em alguma coisa quando necessário", ele disse. "O que, no meu caso, tende a ser quando estou escrevendo sobre essa coisa." Se não fosse um escritor, diz, gostaria de projetar religiões. "Eu teria uma lojinha, as pessoas me ligariam ou viriam até ela e diriam 'gostaria de um religião'", ele explica. "E eu diria: 'Legal, ok. Qual é sua posição quanto a culpa, e como você vai financiá-la? E você gostaria de ver o universo como uma espécie de grande órgão beneficente? Ou gostaria de algo mais complexo?' E elas diriam: 'Ah, gostaríamos de um Deus bem ligado em culpa'. E eu: 'Ok, que tal quarta-feira como dia sagrado?'"
Sinal de que o perfil é bem feito é quando o Alan Moore é só um entrevistado acessório. O perfil do Neil Gaiman na New Yorker, nesse sentido, é perfeito. Conta toda a carreira do autor, tem um distanciamento crítico que não cai no cinismo e ainda entra em assuntos que o Gaiman sempre tenta evitar, como o divórcio (sua esposa mora no mesmo terreno que ele) e o fato de ter crescido numa família cientologista (o quote acima vem depois dessa revelação; Gaiman é um judeu-cientologista não-praticante).
Tem até momento em que Gaiman, o mais cortês dos ingleses, vira a cara para um fã (em relação direta com o esquema da Cientologia). Isso sim é uma grande revelação.