Deuses Americanos


- Comprei e li nesta semana o livro "Deuses Americanos", último lançamento do Neil Gaiman no Brasil. (Cansei de esperar o Bruno acabar o dele :)))) É um livro estranho. Até a metade eu estava detestando. As cenas eram todas muito roteirizadas e a bagunça que o Gaiman faz com os personagens parece que não vai ter solução. Mas do meio para o fim adorei. A trama finalmente adquire pique e várias histórias que ele só alinhava no princípio começam a ganhar corpo (e importância). O Gaiman tem um estilo roteirizado, o que não se presta muito para tramas lentas. Acredito que, por isso, seja mais interessante quando a história ganha mais contornos e mais velocidade. O livro, no entanto, fica devendo no quesito aprofundamento do assunto (deuses), o motivo que me levou a lê-lo. O Gaiman sabe muito mais do que escreve no livro. E, por não se prestar a descrever, faz uma salada monumental com as mitologias nórdica, galesa, vodu e etc. o que, para o leitor que não possui um mínimo de conhecimentos na área, dificulta a compreensão de várias passagens inteligentes e importantes do livro. Eu, que não me considero uma leiga em mitologia (posso dizer que estudei alguma coisa, era meu passatempo favorito quando era piá), achei difícil compreender algumas tiradas e analogias com deuses e suas manias. O Barão Samedi, por exemplo, faz uma pequena aparição no livro, onde comenta o mundo dos mortos e usa uma cartola. Para quem não conhece, a passagem não faz muito sentido. O Barão Samedi, para a mitologia Vodu, é o Senhor dos Mortos, e conhece todos aqueles que estão do outro lado, bem como os governa. Ele era representado, principalmente na América Central, por um negro que se veste com uma cartola e um fraque. (E daí a graça do comentário.)

Bem, pessoas que não se incomodam tanto com os detalhes (ou com a falta deles) como eu, provavelmente vão se prender mais à narrativa do livro e menos ao histórico mitológico. De qualquer maneira, vale ler. É interessante e surpreendente, além de prender a atenção, coisa que nenhum livro (e por favor, não considerem nesse item gibis) do Gaiman tinha conseguido fazer comigo até hoje. :))))