Leituras II


- Elementos para a Crítica da Cibercultura foi um livro que comprei no Seminário Internacional de Comunicação do ano passado. É uma posição crítico-filosófica dentro da cibercultura, arvorada pro Francisco Rüdiger. A primeira vez que eu li fiquei com várias dúvidas sobre o posicionamento do autor. Pois bem, este semestre estou fazendo uma cadeira com o Rüdiger na PUC e temos trabalhado muito com os livros e as idéias dele sobre a Cibercultura. O ponto fundamental é compreender que o autor (como um bom frankfurtiano) estabelece uma crítica contra os tecnófilos e tecnófobos de plantão, trazendo uma "terceira corrente" dentro das teorias da cibercultura, que seria direcionada à crítica da tecnologia e do homem como produtor da tecnologia, considerada uma "visão humanista". Deste ponto de vista, ele julga ser necessário fazer um resgate histórico e filosófico do pensamento que se refere de modo direto ou indireto à cibercultura, para poder compreender como essas idéias se formaram e qual seu fundamento. Ele inicia com um capítulo que trata das idéias de Nietzsche como origem da metafísica da subjetividade. Ñeste capítulo, o autor desenvolve Nietzsche como o antecessor de grande parte do pensamento do sujeito na cibercultura. Logo depois, trabalha com o objeto na "era do pensamento comunicacional" e com a sociabilidade virtual (capítulo que mais me interessa). A posição do Rüdiger é extremamente crítica, algumas vezes teórica e filosófica demais, com uma pequena falta (julgo eu) de experiência empírica. Agora, dentro de tudo o que tem vindo para minhas mãos sobre o pensamento comunicacional na era da cibercultura, é uma das análises mais argutas e lúcidas dos últimos tempos, sem se deixar encantar pela sedução da proposta tecnológica e nem condená-la simplesmente. Não se trata, entretanto, de uma leitura fácil, já que o autor tem um vocabulário rebuscado e um aporte teórico filosófico que exige do leitor algum conhecimento prévio do assunto, sob pena de perder-se em devaneios durante a leitura. Mas, na minha opinião, trata-se de uma leitura fundamental para todos os que desejam trabalhar com cibercultura.