Sério Vireira de Mello


- O atentado e o assasinato do diplomata brasileiro Sério Vieira de Mello, ontem em Bagdá, certamente complica, e muito, a situação do Iraque. Como primeira conseqüência, Israel aproveitou-se e cortou o diálogo com os palestinos, coisas que vinha tentando fazer desde que a ONU se opôs à idéia mirabolante deles de construir um muro para separar o território palestino do israelense como parte do processo de reconhecimento do Estado da Palestina. Os escândalos sobre as improbidades do Ariel Sharon, que eram as manchetes de ontem, foram apagados da agenda também. Como conseqüência, trata-se de um golpe duríssimo em um dos processos de paz mais complicados do mundo, que é a paz entre árabes e ocidentais no Oriente Médio. Além disso, a morte de Vieria de Mello foi acompanhada ao vivo pelo mundo, que observou enquanto o diplomata agonizava e esperava pela salvação que não veio. Foram quatro horas de esperança. Como resultado, o assassinato do chefe da missão da ONU e o atentado que matou mais de 20 pessoas é manchete em todos os grandes jornais mundiais, lançando países como o Brasil, que não tinham ainda partido na complicada "reconstrução" americana do Iraque, contra os árabes. O processo de paz entre ocidente e mundo árabe parece cada vez mais distante. Para completar, Vieria de Mello era um homem brilhante e a provável única chance do Brasil de tomar as rédeas da ONU por muitos anos. Além de ser considerado o substituto do Kofi Annan, ele tinha participado de missões consideradas delicadas pela diplomacia internaciona, como Timor do Leste e Kosovo, e era reconhecido por seu trabalho em todo o mundo. Uma lamentável perda para o Brasil.