Genealogia da Moral


- Não sou uma leitora de Nietszche. Ou, não era. Para falar a verdade, meus conhecimentos na área da filosofia são um tanto o quanto limitados aos filósofos utópicos, como Kant e Platão. E também à filosofia do Direito, uma vez que a faculdade de comunicação não tem nenhuma cadeira de filosfia. Mas sou obrigada a confessar que Nietszche acaba de me fascinar. Pela sua total falta de fé na utopia. A Genealogia da Moral, embora possa parecer complexo, é uma leitura fácil e intrigante. Enquanto procura construir (e destruir) conceitos como "bem" e "mal" enquanto invenções históricas, criadas pelos dominantes para manter sob jugo os dominados, Nietszche sepulta sem pudor quaisquer idéias de uma moral e uma ética universal. Ao contrário de Kant, preocupado com um mundo ideal, cujos valores são eternos e que devem ser perseguidos por todos os homens, Nietszche simplesmente retrata um mundo sem rumo, sem idealismos e sem constrangimentos. Uma busca pela dominação do Outro. Se todos os valores são construídos, podemos modificá-los o tempo todo. A justiça é a vingança institucionalizada. A dor e a doença são as molas propulsoras do mundo. A Genealogia da Moral é um livro instigante, brilhante e profundo. Ainda que controvertido, excomungado e enlouquecido, Nietszche deve ser lido.