There is no life...only love


Paul-Eluard-web.gif- Assisti recentemente a um documentário sobre a vida de Paul Éluard, o poeta. Um dos grandes nomes do surrealismo, ele foi casado com Gala, um mulher russa, com quem tinha uma espécie de "casamento aberto". Fiquei muito impressionada pelas cartas dele para ela, que acompanhavam o documentário, pois não as conhecia. Uma dessas cartas é lindíssima (da qual a única coisa que me lembro é essa quote que dá título ao post). Éluard escreve a carta quando Gala está longe - se não me engano, já envolvida com o Salvador Dalí, com quem se casou algum tempo depois - saudoso, pedindo a ela que volte pra ele. A carta é belíssima, mas não consegui achar na Internet.

Je t?aime

Je t?aime pour toutes les femmes que je n?ai pas connues
Je t?aime pour tous les temps où je n?ai pas vécu
Pour l?odeur du grand large et l?odeur du pain chaud
Pour la neige qui fond pour les premières fleurs
Pour les animaux purs que l?homme n?effraie pas
Je t?aime pour aimer
Je t?aime pour toutes les femmes que je n?aime pas

Qui me reflète sinon toi-même je me vois si peu
Sans toi je ne vois rien qu?une étendue déserte
Entre autrefois et aujourd?hui
Il y a eu toutes ces morts que j?ai franchies sur de la paille
Je n?ai pas pu percer le mur de mon miroir
Il m?a fallu apprendre mot par mot la vie
Comme on oublie

Je t?aime pour ta sagesse qui n?est pas la mienne
Pour la santé
Je t?aime contre tout ce qui n?est qu?illusion
Pour ce c?ur immortel que je ne détiens pas
Tu crois être le doute et tu n?es que raison
Tu es le grand soleil qui me monte à la tête
Quand je suis sûr de moi.

Ce poème provient du recueil intitulé "Le Phénix"
Paul Éluard (1895-1952)


Tradução minha, mais ou menos tosca:

Eu te amo

Eu te amo por todas as mulher que não conheci
Eu te amo por todos os tempos nos quais não vivi
Pelo cheiro dos grandes espaços e o cheiro do pão quente
Pela neve que derrete pelas primeiras flores
Pelos animais puros que o homem não assustou
Eu te amo por amar
Eu te amo por todas as mulheres que não amo


Quem me reflete, senão tu mesma, eu me vejo tão pouco
Sem ti eu não vejo nada além de uma extensão deserta
Entre os outros tempos e hoje
Houve todas essas mortes que tive que transpor sobre a palha
Eu não consigo furar o muro do meu espelho
Precisei aprender a vida palavra por palavra
Como alguém esquece

Eu te amo pela tua sabedoria, que não é a minha
Pela saúde
Eu te amo contra tudo aquilo que é apenas ilusão
Por este coração imortal que eu não detenho mais
Tu crê estar em dúvida mas tu só tens razão
Tu és o grande sol que me sobe pela cabeça
Quando eu tenho certeza de mim mesmo.

O poemoa é proveniente de uma coletânea entitulada "A Fênix".


Eventuais correções/sugestões para melhorar a tradução poderão ser deixadas nos comentários. Tive dificuldades com alguns versos que não consegui fazer soarem direito em português. :) Mas é apenas para dar uma idéia do trabalho.