sadness.jpgSobre a dor e a tristeza - Bem, então... Sobre a dor e a tristeza... O fato de eu não ficar me lamentando aqui não quer dizer que nunca tenha acontecido nada terrível comigo. Como com todo mundo, é óbvio que sim. Incontáveis vezes eu já quase morri de tristeza, chorei pacas, quis me esconder do mundo, achei que nada nunca mais ia dar certo, sofri horrores, etc. etc. A dor é a coisa que qualquer ser humano conhece mais de perto. Quando se está sofrendo, parece que nunca mais o sol vai sair no mundo. Nunca mesmo. Mas, um dia, ele volta. E a gente vê que o tempo é o único remédio.

Então, o que acontece é que, junto com a dor, vem um sentimento de tristeza profunda. A gente fica triste na melhor definição da palavra. As coisas ficam cinza, as cores vão embora. Chocolate não é mais tão gostoso, não tem mais nada de especial na Primavera, viajar perde toda a graça. É como se todas as coisas que antes eram felizes acabassem tornando-se meros espectros daquilo que elas foram. E a sensação de que a gente nunca mais vai ser feliz é a coisa mais desesperadora do mundo. Mas, como eu disse, isso passa. Por pior que seja a dor e a tristeza, o tempo apaga ou, pelo menos, ameniza bastante. Bem, o problema é que, quando a gente está assim, triste, às vezes começa a gostar de estar triste. Não gostar no sentido de se sentir bem com a tristeza, mas como uma dor que dói, mas confusamente, dá algum alento. A gente começa a ficar com pena de si mesmo. A gente começa a achar é a pessoa mais miserável e digna de sofrimento do mundo. E é aí que mora o perigo. A tristeza é justa e necessária para que se supere uma dor. Mas quando se começa a agarrar a tristeza com todas as forças e não deixar que ela vá embora, ela começa a se tornar um problema. A gente força a tristeza a permanecer, como uma ferida, que nunca sara porque se mexe nela todo o dia. E daí, a tristeza, como um tumor, começa a agarrar todos os aspectos da vida e fazer com que a gente se torne melancólico e deprimido. E nesse estágio, é cada vez mais difícil vencer a tristeza e cada vez precisa mais força e determinação para voltar a ser feliz.

Eu aprendi isso ao custo de mim mesma. Também fiquei triste e gostei da tristeza. Mas aprendi que isso só me deixava mais triste e fazia com que, cada vez mais, eu demorasse a ficar bem. Então, eu aprendi também que, para que a tristeza se vá e a dor se amenize, é preciso lutar todos os dias. É preciso forçar o espírito a reconhecer pequenas alegrias. É preciso lembrar de como era bom comer chocolate. É preciso buscar no fundo do fundo da mente as primeiras alegrias que tivemos e experimentá-las de novo. É preciso aprender a gostar de si mesmo, a querer que a gente seja feliz, a achar que merecemos a felicidade. É preciso fazer de cada mísero e minúsculo momento da vida, um momento feliz. Não adianta planejar a felicidade. É preciso vivê-la no presente, porque é a única coisa que temos, o único momento para ser feliz: agora. A luta contra a tristeza é uma luta ativa. É preciso pegar o telefone e marcar de sair com os amigos. É preciso levantar e caminhar no parque. É preciso sair pra comprar chocolate. :)

Claro que isso não funciona sempre. Vez por outra me encontro cultivando a tristeza, como antigamente. Mas faço um esforço para pensar nas coisas boas, pego o meu livro favorito, minha música preferida e um chocolate ou uma pringles, e me esforço em pensar que não sou uma coitadinha e estou longe de ser. Faço um exercício tentando gostar de mim e pensando nas coisas boas que eu fiz e nas coisas das quais eu gosto. Penso nas pessoas de quem eu gosto e que gostam de mim. E daí consigo colocar o carrinho de volta nos trilhos e deixar a dor ir embora.

Este post gigante, falando da tristeza de um modo pessoal (e de um modo Pollyanna, reconheço), o que não é meu hábito fazer (falar de mim, não fazer posts gigantes) não é uma lição de moral pra ninguém. É apenas tudo o que eu gostaria de dizer pra um monte de amigos, que vez por outra ficam muito, muito triste, mas que eu nunca consigo - ou pq eu não quero parecer enxerida, ou pq acho que não é o momento e não sei o que fazer. É só pra dizer que tem uma luz no fim do túnel (e não é um trem na contra-mão), só é preciso fazer uma forcinha para procurar.