Pós-Graduação no Brasil


- A Folha Online publicou uma série de matérias sobre a pós graduação no Brasil, com inclusive, uma entrevista com o Jorge Guimarães, que é o atual presidente da CAPES.
Folha - Recentemente, a Folha noticiou a dificuldade de doutores para encontrar colocação. A Capes pode incentivar contratações?
Guimarães - Há várias respostas. A primeira é a seguinte: não tem doutor qualificado sem emprego. É uma história muito curiosa, mas a verdade é essa e tanto é que todo santo dia me pedem doutores para trabalhar com salários muito bons. Pode haver algumas áreas já com uma certa saturação, mas isso também não é tão verdade assim. Há um pouco de exagero em dizer que tem doutor desempregado.

Folha - Então um doutor bem formado encontra emprego sem problemas? Guimarães - Imediatamente, nas áreas tecnológicas, à beça. Outro fator importante é o seguinte: hoje o Brasil tem 254 mil docentes universitários. Só 21% têm doutorado e cerca de 30% têm mestrado, ou seja, quase a metade dos nossos docentes universitários não têm mestrado. Então, só o esforço de capacitar esses cento e tantos mil docentes é brutal para a Capes. Formando 8.000 doutores por ano, nós demoraríamos 15 anos se não houvesse crescimento dessa demanda e se não houvesse ninguém saindo do sistema - porque também há uma saída muito grande.

Então, de fato, essa notícia da Folha foi importante, mas nós já estamos tomando providências. A Capes já está avisando a todas as instituições privadas que aquelas que têm pós-graduação e estiverem dispensando doutores terão dificuldades de manter seus cursos junto à Capes. Não tenha dúvida.
Eu concordo apenas em parte com essas afirmações. A realidade é que existem vagas, sim, mas essas vagas, fora do âmbito universitário, estão concentradas em apenas algumas áreas muito específicas, como a tecnológica (que ele cita na entrevista) e a de ciências da saúde. Infelizmente, para as demais áreas, é cada vez mais complicado para um doutor encontrar colocação no País. Tenho vários amigos que, depois de ter sua formação custeada aqui no País, tiveram que ir para o Exterior por causa da falta de oportunidades no Brasil. Então a coisa não é bem assim. Embora muitos acabem indo para as universidades, o mercado prefere pagar salários mais baixos a gente menos qualificada do que sustentar um doutor, a menos que seja numa área de pesquisa muito específica.