facebook.jpeg O Facebook vai dominar o mundo? - O Facebook pode não ser o site de redes sociais mais famoso no Brasil, mas certamente é o que está no alto da mídia internacional. O sistema, criado no final de 2003, começou a se popularizar entre alunos dos colleges americanos em 2004 e em meados de 2006, já tinha mais de 7 milhões de usuários.

Mas por que o Facebook é o assunto do momento?

Primeiro porque o sistema vai chegar muito em breve aos 200 milhões de usuários, o que representa um crescimento astronômico da base de usuários. (O Orkut, só para que se tenha uma idéia, anda ainda pelos 70 milhões, apesar do crescimento na Índia.) Consequentemente, começam a pipocar as matérias sobre problemas no facebook e como o acesso ao sistema pelos empregados custa milhões às empresas.

Segundo, porque Facebook hoje é, provavelmente, o site de redes sociais com o crescimento mais rápido na Internet mundial. Isso pode ser visto em uma pesquisa no Alexa, por exemplo, que dá um termômetro interessante do acesso aos sites.

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(O Facebook, em azul, o MySpace, em amarelo e o Orkut, em vermelho, dados de um ano.)

O site vem crescendo globalmente, ao contrário do que se via com o Orkut e o MySpcae até então, e vem ganhando posições quase semanalmente no Alexa. Com isso, tem chamado a atenção da imprensa mundial. A Wired, por exemplo, acaba de fazer uma matéria sobre o Mark Zuckenberg, o criador de 23 anos do sistema, que recusou uma oferta de 1 bilhão de dólares do Yahoo para vender a companhia e fazendo com que hoje, o sistema esteja avaliado em mais de 5 bilhões de dólares.

Mas por que todo esse buzz em torno do Facebook?

Na verdade, o ele não tem nada de especial. É um site de redes sociais como outro qualquer. Eu diria, com uma interface bem pior que a nova do Orkut, por exemplo. A grande sacada, no entanto, é uma espécie de arquitetura aberta, que permite a quem quiser criar aplicações para o sistema. Claro, com isso, todos os dias é possível encontrar uma aplicação divertida e diferente, o que mantém o índice de inovação. Há joguinhos, mensagens de status, livros para dividir com os amigos, etc. etc. Isso gera uma quantidade de interações muito grande, permitindo incluir os amigos em parte das atividades no sistema. O Facebook, por exemplo, foi o primeiro sistema a colocar, na página de login, as informações sobre o que seus amigos fizeram de novo no sistema (que o Orkut acrescentou na mudança de interface). Essa pequena inovação da arquitetura aberta, na verdade, foi uma idéia de gênio.

Ao mesmo tempo, em um momento de preocupação com a privacidade, o Facebook oferece uma gama de ferramentas que tornam o perfil mais privado que não estão disponíveis em nenhum concorrente. No Facebook, os usuários podem selecionar que tipo de informação está visível aos amigos e se cada um terá acesso ao seu perfil. E não é possível, por exemplo, percorrer perfis aleatórios, como no Orkut. Só se pode acessar perfis de amigos e amigos de amigos (parcialmente).

O Facebook vai dominar o mundo?

Alguns autores que trabalham com o Facebookhá algum tempo, como o Fred Stutzman, já vinham falando que o sistema teria o potencial para se espalhar rapidamente entre alunos de faculdades, por causa do seu sistema de organização de comunidades (é possível "entrar" nas comunidades das escolas apenas se tem um email "oficial" e há apenas uma comunidade por universidade). A danah boyd alertou, há algum tempo, que o Facebook viria crescendo entre um grupo de usuários diferente do MySpace. Esses dois trabalhos mostram que o Facebook pode estar direcionado para um tipo de usuário diferente, mais global e menos local que seus concorrentes. Talvez isso seja o início da segmentação dos sites de redes sociais, como alguns têm argumentado.

Apesar disso, o Facebook ainda apresenta um crescimento apenas discreto no Brasil, principalmente, creio eu, pela barreira lingüística. E como as aplicações construídas pelos usuários são todas em inglês, não sei até que ponto ele se popularizaria no País. Sem falar que os usuários no Brasil ainda estão muito pouco preocupados com as questões de privacidade que eu tenho visto em outras partes do mundo. Mas estou inscrita para particiar de um workshop sobre o Facebook no congresso da AOIR deste ano e creio que, junto às discussões, será possível imaginar com melhor precisão e esclarecimento, o futuro dos sites de redes sociais.