Jornalismo Participativo e Redes Sociais na Internet


Acompanhei, nos últimos dias, através do Twitter e de vários blogs, as notícias a respeito dos ataques terroritas em Mumbai e das enchentes em Santa Catarina. Dois eventos de grande impacto, praticamente narrados ao vivo no Twitter e com informações complexas e riquíssimas nos blogs e fotologs. Fiquei impressionada com o potencial do jornalismo dito "cidadão" ou participativo em conexão com as redes sociais.

Mumbai
Através da tag #mumbai, é possível acompanhar o Twitter como grande centralizador das informações do que acontecia na Índia. Voluntários, blogueiros e residentes narravam o que estava acontecendo ao vivo, com detalhes e fotografias batidas pelos próprios residentes. O horror dos demais também pode ser identificado acompanhando essas conversações, bem como as discussões sobre as questões políticas internas ao atentado. Também vários blogs fizeram todo o tipo de cobertura e análise dos atentados. Comunidades do Facebook também foram utilizadas para auxiliar e divulgar informações com relação ao que estava acontecendo. Além disso, twitter e blogueiros auxiliaram na divulgação das listas de mortos e feridos, bem como pedidos de auxílio, de sangue e etc.

twitterhelp.jpg

Santa Catarina
Outra tragédia de grandes proporções que também foi divulgada pelo Twitter, foram as enchentes em Santa Catarina. Foram também criados blogs para o auxílio aos desabrigados e desalojados. O Twitter também foi utilizado, embora talvez não de modo tão focado quanto em Mumbai, e tive acesso às informações principalmente através do colega e amigo Rogério Christofoletti, um dos atingidos, que não apenas auxlia twittando sobre o que está acontecendo, mas divulgando também através do seu blog.

Nos dois casos, tivemos uma dimensão muito mais profunda não apenas em termos de mobilização, mas igualmente em termos de organização local e global. Nos dois casos, tivemos uma dimensão enorme dos acontecimentos graças à riqueza e à instantaneidade das informações que recebemos através do uso dos sistemas de redes sociais. Mais do que meramente colocar informações de agências de notícias, como a maior parte da mídia de massa, tivemos acesso ao vivo, a pessoas que estavam no local, contando o que estava acontecendo, mobilizando-se, criando comunidades e grupos, solicitando auxílio, divulgando informações. E, sobretudo, trazendo informações relevantes e de qualidade. Talvez, com o advento dos sistemas de redes sociais, o jornalismo seja profundamente impactado pelo que antes era apenas um embrião, que é o jornalismo participativo ou cidadão. Esses dois eventos, na minha opinião, assinalam uma quebra importantíssima, não apenas porque as informações foram colocadas online, mas principalmente porque os demais usuários passavam-nas adiante no Twitter, em seus blogs e perfis. Foi essa difusão de informações que, para mim, representa a quebra de paradigmas, pois agrega, à informação o conhecimento dessa informação e sua organização (um dos elementos mais problemáticos da Rede). Esse sim, é o grande diferencial do que aconteceu nesses dois casos.

Update: A Gabriela Zago falou um pouco mais sobre o uso do Twitter para o jornalismo no blog dela. Vale ler