Sobre o Jornalismo Online e as Redes Sociais


Acredito que um dos grandes desafios do jornalismo digital, daqui por diante, será aprender a lidar com as redes sociais e com a participação dos atores na coleta e na distribuição de informações. Como o Adam Tinworth declarou em uma entrevista para o Journalim.co.uk, essas redes funcionam como uma "câmara de eco" para as notícias. Mas esse eco pode acontecer de diversas formas, e nem todas são exatamente positivas. Vou enumerar algumas que eu julgo que são fundamentais:
  • Amplificação: As redes sociais amplificam o potencial informativo daquilo que é publicado pelos jornalistas. Isso pode ampliar várias vezes, por exemplo, o alcance de uma notícia local ou nacional. Além disso, há diversas iniciativas como o Global Voices Online, que traduzem, republicam a ampliam ainda mais o alcance da informação.

  • Debate: As redes sociais também ampliam o espaço de debate a respeito daquilo que é (e que não é) publicado pelos jornais. Essa discussão pode levar à mobilização de grupos de atores sociais (como no caso do projeto Azeredo, por exemplo), que acaba gerando mais informações. Se junto com essa característica, analisarmos também a amplificação, vemos que essas discussões podem chegar a níveis ainda não completamente percebidos pelos jornalistas. Isso é potencialmente importante porque também implica no fato de que uma informação publicada por algum jornal pode ser rapidamente discutida e confrontada com outras informações às quais, muitas vezes, o jornalista não teve acesso. Com isso, informações contraditórias àquilo que foi publicado pelo jornal podem amplificar-se atacando a credibilidade do mesmo.

  • Fontes: As redes sociais, por causa das características anteriores, também aumentam potencialmente a quantidade de informações circulando no ciberespaço. Esse aumento pode apresentar, para o jornalista, novas fontes e novas informações. É o que se viu, por exemplo, nos casos dos atentados em Mumbai e das enchentes em Santa Catarina.
Esses três impactos são, na minha opinião, os mais significativos até agora. Enquanto o debate tem sistematicamente apontado falhas nas coberturas e tem, inclusive, apontado fontes diferentes para as informações, a amplificação tem sido usada como medida de impacto das notícias. As redes sociais como fontes, muitas vezes, tem sido mais rápidas para expor notícias e informar do que a maioria dos jornais.

O jornalista, assim, precisa aprender a lidar com essas redes sociais, tornado-as aliadas na apuração, na organização e na construção das matérias. Não falo aqui de incluir uma sessão de comentários (moderados ou não) em um jornal. Mas falo de começar a pensar a formação do jornalista para esse novo espaço hiperconectado, no sentido de perceber o impacto das redes sociais na função do jornalista e do jornal que, até então, detinham o monopólio das informações. Nesse sentido, parece-me que o papel do jornalista está ancorado mais na organização das informações, na credibilidade e no debate do que no monopólio da informação "nova". Mas isso é assunto para outro post. :-)