fevereiro 29, 2008

Leituras de Sexta Várias coisas muito legais que tenho lido nos últimos dias. Vou fazer um rápido apontamento de todas:

# Text in social networking Web sites: A word frequency analysis of Live Spaces - Artigo do Mike Thewall na First Monday deste mês. O autor faz uma análise textual do Live Spaces, mostrando quais as palavras mais comuns (ou assuntos) na rede social.

# A Daniela Bertocchi linka no Intermezzo a dissertação do Marcelo Sávio sobre a História da Internet no Brasil

# Carlos D'Andrea fala sobre hierarquia e o modelo da Cauda Longa na Wikipedia a partir de uma discussão que já está andando pela blogosfera há algum tempo. A relação com a wikipedia e os dados apresentados são muito interessantes.

# O Daniel Skog fala sobre comunidades dentro de comunidades, dizendo que o tamanho do Facebook pode sim virar uma ameaça aos grupos sociais tipo "comunidades", que são diretamente influenciados pela facilidade de contato e o sentido de grupo social.

#A Wired entrevista Susan Blackmore a respeito dos memes. A metáfora biológica que ela apresenta no livro é bastante criticada (dá para perceber onde estão as críticas pela entrevista), mas é também bastante discutida.

# Outro artigo que vai para o lado dos memes e dos fluxos de informação, no blog da Dina Metha: Social Networks are like the Eye, uma conversa com o Nicholas Christakis. Também vai para o lado do fluxo de informações como "contágio", mas descreve várias pesquisas do autor e seus colaboradores.

# O Alberto Marques fez dois posts com assuntos que muito me interessam no blog do GJol, onde ele discute a autoridade e a reputação a partir dos links e um outro mapa dos sites de redes sociais no mundo que saiu no LeMonde e que é um pouco diferente do que publiquei aí embaixo, há alguns dias.
Posted by raquel at 8:35 AM | Comments (0)

fevereiro 27, 2008

Brasileiros no Twitter O pessoal do Twitter divulgou hoje diversas estatísticas a respeito do uso do sistema. Chamou minha atenção o número de brasileiros no sistema. Fora os Estados Unidos, que detêm 40% do tráfego total, o Brasil já está entre os países com tráfego relevante na parte internacional e já é o primeiro latino-americano a aparecer nas estatísticas. Depois do Japão, Espanha e UK, vem o Brasil empatado com o Canadá.

traficotweet.jpg


Acho que o percentual do Brasil é bastante alto para um sistema que é totalmente em inglês e que tem um cadastro difícil para o usuário médio. Recentemente estive fazendo o cadastro com os alunos para usar o sistema para algumas disciplinas de jornalismo e de novas tecnologias e percebi que havia uma grande dificuldade em compreender a lógica e a organização do Twitter. Além disso, a lentidão e os constantes "crashs" do Twitter por aqui também dificultam o uso.

relationships.jpg


Outro gráfico legal é o das relações entre os twitters (quem segue quem). O gráfico mostra, por exemplo, que menos de 10% dos twitters têm mais de 80 seguidores e seguem mais de 70 twitters. Neste número, há uma considerável diferença entre seguidos e seguidores, o que pode indicar a presença de twitters de grande audiência, mas que seguem um número bem menor de outros twitters. Em outras palavras, parece que, se esses números fossem colocados num grafo, veríamos o aparecimento de hubs. Outro detalhe interessante é que, quanto mais baixo o número de conexões, maior a tendência de uma igualdade entre o número de seguidores e twitters seguidos, o que pode mostrar uma tendência ao uso do sistema para conversações entre pequenos grupos (localização). O gráfico é um pouco antigo (em se tratando de Internet, um mês é muita coisa), mas pode mostrar um tipo de apropriação mais local ou um sistema em crescimento. Gostaria de ver os grafos dessas relações. :-)
Posted by raquel at 9:24 AM | Comments (7)

fevereiro 25, 2008

Reputação e Redes Sociais FutureOfReputation.jpgUma das temáticas que tem chamado minha atenção dentro do estudo das redes sociais é a questão da reputação. A reputação é vista como um atributo que é concedido pelos demais atores da rede a alguém, que tem uma relação direta com a previsão de um comportamento futuro (Buskens, 2002). A reputação é, assim, uma qualidade de alguém que é reconhecida pelos demais como parte de um comportamento característico (digamos, por exemplo, que alguém é "engraçado" ou "inteligente". Essas características constituem-se em reputação quando são socialmente percebidas pelo grupo). A reputação pode ser, também, uma forma de capital social, na medida em que pode gerar valor para o indivíduo envolvido.

Quando as redes sociais vão para o ciberespaço, temos toda uma nova gama de formas de construir e dividir reputação. O Technorati, por exemplo, faz um ranking de autoridade dos blogs. A autoridade, para o sistema, é uma forma de reputação, pois é compreendida (embora de forma quantitativa) como decorrente da quantidade de links que alguém recebe durante um determinado tempo. Um inlink (link que um blog recebe, por exemplo), é uma forma de receber poder (eu e o Alex Primo desenvolvemos isso em alguns artigos há algum tempo). Quando eu fiz o link para o blog do Alex na frase anterior, eu concedi a ele poder, pois criei um caminho para que os meus leitores vão até o blog dele. Para o Technorati, esse link é uma forma de gerar autoridade (e reputação). Essa reputação também é trabalhada em sites de redes sociais como o Orkut (onde ela se constitui como um valor importantíssimo), os fotologs e etc. A parte interessante da reputação nas redes sociais é que as pessoas possuem um pouco mais de controle em cima das impressões que estão gerando (citando o Goffman) e, com isso, um pouco de controle em cima da reputação que estão querendo criar. E uma das áreas que me interessa é descobrir que mecanismos de reputação são apropriados pelos atores das redes sociais na Rede, como eles são utilizados e como influenciam a estrutura da rede social.

Imaginemos, por exemplo, um perfil no Orkut. As comunidades que eu associo ao meu perfil são cuidadosamente escolhidas, para dar uma determinada impressão aos visitantes. Esse controle permite que eu construa determinadas reputações. Essas minhas motivações particulares influenciam a estrutura da rede social que o Orkut representa. E influenciam, entre outras coisas, os fluxos de informação que vão acontecer dentro do sistema. Este é um dos aspectos que eu estou tentando explorar na pesquisa sobre blogs. E estou procurando livros/artigos e etc. sobre o assunto.

Bem, então que hoje, por uma incrível coincidênia, a danah boyd postou, no seu blog, que o livro do Daniel Solove, chamado The Future of Reputation: Gossip, Rumor, and Privacy on the Internet está livre para download. O legal desse livro é que ele lida, justamente, com o lado "negro" da questão da reputação e dos fluxos de informação nas redes sociais: as fofocas, os rumores e o problema da privacidade. A reputação é um dos grandes valores sociais nessas redes. O que acontece quando outros começam a torná-la ruim? Ou quando aparecem trolls? Ou nos casos de bullying na rede? Como explica a danah, a grande contribuição do livro é ser acessível e tratar dos custos das práticas sociais nas redes. Boa dica de leitura.
Posted by raquel at 11:48 AM | Comments (14)

fevereiro 22, 2008

Geografia dos Sites de Redes Sociais snsmaps.jpgO Michael Farrugia divulgou hoje, em algumas listas, o resultado de um projeto de estudo da Geografia dos Sites de Redes Sociais e de visualização desses dados. Ele procurou identificar os sites de redes sociais mais utilizados em vários países do mundo em diversos papers e cruzou esses dados com outros, obtidos de sites como o Alexa e os reports da Comscore. O resultado foi o site, onde ele criou mapas de visualização do uso de sites de redes sociais no mundo. A idéia do trabalho dele é mostrar as fronteiras geográficas nos sites de redes sociais. Algumas estatísticas importantes que ele mostra a partir de sua pesquisa (traduzidas do site, grifos meus):

# Em 90 países (79% dos pesquisados), um grande site de rede social aparece entre os top 10 sites daquele país.
# Em 19 desses países, o site de rede social atinge a posição mais alta no ranking de sites mais acessados, na frente, inclusive, de todos os sistemas de busca.
# De uma amostra de 116 países, só 1 (Taiwan) não tinha um site de rede social na lista dos 100 sites mais acessados.


mapasns.jpg


O mais interessante, do meu ponto de vista, é verificar que as fronteiras geográficas dos sites de redes sociais parecem nada ter a ver com a língua ou com a proximidade cultural dos países. Na América Latina, por exemplo, temos o Facebook na Bolívia e na Colômbia, mas o Hi5 no Peru, México e na Venezuela, seus vizinhos. No Brasil, o Orkut aparece como o site mais utilizado, assim como no Paraguai. Já na Argentina e no Chile, aparece o MySpace e no Uruguai, o Badoo. É bastante curioso que exista um grande site mais acessado em cada país, mas que essa adoção não se espalhe entre vizinhos como seria de se esperar. Isso me leva a pensar na hipótese de que talvez a adoção desse tipo de serviço seja marcada pelas fronteiras geográficas mais do que pela cultura do sistema. Do mesmo modo, o estudo ressalta o espaço geográfico em um momento em que discute-se o ciberespaço como além das fronteiras. Essas considerações, aliás, estão dentro de um paper que eu e a Suely Fragoso propusemos para a Internet Research Conference deste ano, que busca estudar como vão aparecer as fronteiras e as representações geográficas no ciberespaço, a partir de um estudo do Orkut e de sua apropriação no Brasil. Outro paper resultado das férias que, quando a gente terminar a versão final, publico por aqui.
Posted by raquel at 2:13 PM | Comments (2)

fevereiro 21, 2008

Métricas de Blogs Tenho procurado em vários sites da rede por ferramentas que possam me oferecer dados sobre a difusão de informações em blogs e sobre suas redes sociais. Alguns sites (ou ferramentas online) já coletam dados bem interessantes.

O BlogPulse tem ferramentas bem úteis. Além de procurar por referências a URLs, trackear conversações (a passagem de links, basicamente), e verificar "tendências" (ele mostra o buzz em torno de determinadas palavras-chaves e assuntos), tem uma ferramenta muito interessante de classificação dos posts. O gráfico abaixo foi capturado da métrica de hoje. Ele mostra, por exemplo, que os posts que entrariam na categoria "diário" (presumo que postagens pessoais, em azul) são ampla maioria naquilo que é publicado nos blogs. Logo a seguir, vem a categoria "TV e Filmes" (cultura pop, em cor de rosa).

large-topic-trend.jpg


Outra ferramenta bem interessante, que recém consegui meu cadastro e estou investigando o que dá para fazer com ela é o IssueCrawler. O sistema precisa de cadastro aprovado - é preciso pedir para usar e esperar a aprovação. Pelo que vi, ele permite mostrar a rede associada aos blogs e crawleia assuntos específicos, além de mostrar a evolução desses. Ainda estou tentando usar, depois posto mais informações.Tem vários relatos positivos que contam um pouco o que dá para fazer com o sistema. No exemplo abaixo, com o visualizador, ve-se os nós em cores de acordo com a quantidade de inlinks e a autoridade presumida.

rede3.jpg


Uma outra ferramenta, essa mais popular, mas mais limitada é o Technorati. Ele consegue mostrar a autoridade nos blogs baseada nos links recebidos no último mês. Tenho acompanhado bastante para verificar quantos blogs brasileiros a ferramenta pega atualmente (estou avaliando entre 200 e 300 mil blogs.)
Posted by raquel at 1:12 PM | Comments (4)

fevereiro 19, 2008

Fazendo Análise de Redes Sociais 2rede.jpgUma das coisas que diversas pessoas perguntam é como fazer análise de redes sociais e como montar grafos das redes. O grafo, além de bonitinho, é uma forma fácil de visualizar a rede e, muitas vezes, ver nós mais centrais ou mais conectados nela. Vou tentar explicar de uma forma rápida como eu tenho trabalhado.

1. Determinação da Rede a ser Analisada
A primeira coisa a ser feita é delimitar a rede que se vai analisar. É impossível analisar, por exemplo, todos os blogs do mundo. E como os blogs estão interconectados, é preciso impor um limite na rede. Em geral, eu opto por limitar pelos graus de separação. Suponhamos, por exemplo, que eu vá analisar a rede deste blog. Os blogs que estão no primeiro grau de separação são aqueles que estão diretamente linkados aqui. Aqueles que estão linkados nas pessoas que estão conectadas aqui, por exemplo, seriam o segundo grau de separação e assim por diante. Note-se que o aumento da rede é exponencial e que dificilmente se consegue fazer uma análise qualitativa de mais de um grau de separação. Além disso, é preciso determinar o que será considerado um nó (um blog? um fotolog? um usuário único?) e o que será considerado uma conexão (um comentário? um link?).

2. Coleta de Dados
Os dados podem ser coletados manualmente, se a rede for pequena ou de forma automática, se a rede analisada é grande demais. Em geral, eu faço a coleta manual com um grau de separação (às vezes, até dois se o primeiro grau forem poucos nós). Na época da minha tese, quando analisei mais de 300 mil fotologs, usei um crawler, que é um programinha que recolhe dados de forma automática. Esse que eu criei precisa ser atualizado, mas ainda pretendo usar para outra pesquisa. De um modo geral, o crawler vai precisar ser construído pelo pesquisador ou sob a sua supervisão, porque os dados que serão recolhidos vão ser selecionados por ele. O ideal é testar o programa de forma qualitativa antes - passando numa rede pequena que o pesquisador possa acompanhar para ver se ele funciona, por exemplo. Outro problema é que crawlers são demorados e muitos sites - como o Orkut, por exemplo - costumam deletar perfis que estejam crawleando o sistema. O ideal é ou pedir autoriazação para crawlear ou tentar fazê-lo de um modo que não comprometa o sistema (respeitando o número de pings por minuto, por exemplo). É claro que a coleta de dados pode levar dias e até semanas com o programa rodando no computador.

3. Análise dos Dados
Depende de que propriedades se quer analisar. Propriedades quantitativas, por exemplo, são geralmente extraídas com a ajuda de programas de análise. Eu já usei o Pajek para verificar coisas como centralidade, grau de intermediação e etc. Para desenhar a rede e extrair outros dados, como grau de cada nó, eu também já usei o NetDraw. Ambos só funcionam em Windows e estive catando, nos últimos dias, programas que auxiliem a análise dos dados para Mac. Encontrei dois multiplataformas que parecem promissores: o Tulip, que é bem legal (não tão completo quanto o Pajek, mas faz o básico) e o Guess, que é mais pobrezinho, mas mais estável. Aliás, estabilidade é um problema sério desse tipo de software. De um modo geral, a maioria dos programas não consegue lidar com uma grande quantidade de dados, travando. Isso exige uma paciência de monge para trabalhar com grandes quantidades de dados.

Já quem quer analisar só elementos qualitativos (por exemplo, investigar as motivações em uma rede determinada), por outro lado, não precisa de programas de análise, embora possa usar algum deles para ilustrar a rede analisada. Embora a análise de redes sociais tenha sido constituída, enquanto perspectiva de análise, de uma forma praticamente só quantitativa, do meu ponto de vista, é possível utilizá-la para análises qualitativas também. Análises qualitativas são ótimas para indicar elementos que depois podem ser verificados de forma mais ampla em uma quantitativa posterior.

Blogs legais para se observar dados e análises:
# O blog do Matthew Hurst que traz vários dados e análises, inclusive essa da blogosfera onde ele mostra um pouco uma análise a partir das imagens.

# O Anonimous prof que tem mostrado várias análises de redes sociais do ponto de vista quantitativo. Destaque para esse post onde o autor discute como recolheu dados e analisou a partir do Last.fm.
Posted by raquel at 8:27 AM | Comments (9)

fevereiro 18, 2008

Leituras de Segunda Hoje começam minhas aulas e estou ocupadíssima preparando o semestre. Mas, como sempre, dei uma passada por vários sites para ver o que há de novo. Encontrei coisas incrivelmente legais, que não terei tempo de discutir agora:

#A revista Dialogos de la Comunicacion acaba de lançar seu número especial sobre blogs. Vários textos legais sobre blogs e jornalismo, vários textos mais amplos sobre o assunto, mas senti falta de textos relacionando blogs e redes sociais. Achei bastante interessante que vários textos abordam o blog como uma ferramenta de expressão pessoal. (Dica do eCuaderno)

# Texto do Bob Moore sobre a convergência de mundos virtuais e sites de redes sociais. Ele propõe que sites de redes sociais como formas de perfis e mundos virtuais (tipo Second Life, por exemplo) possam convergir. A idéia é interessante e bem fundamentada, mas acho que merece maior discussão sobre questões como anonimato, navegação e interação. (Dica do falcao)

# Texto do Henry Jenkins analisando a campanha do Obama (Yes we can) diante de seus postulados de cultura participatória. Vale a leitura!

Posted by raquel at 8:32 AM | Comments (3)

fevereiro 17, 2008

Novo Layout Fazia um tempão que eu queria mudar o layout e o foco do blog (que já estava mais ou menos mudado), mas nunca tinha tempo. Era tese, projeto, pesquisa e nunca conseguia. Este ano, aproveitei as férias e fiz quase tudo o que tinha planejado colocar em dia, inclusive, um novo blog. A versão antiga, que seguia desde janeiro de 2002, quando o blog foi ao ar pela primeira vez, era "Pensamentos Perdidos", apesar do título da terceira versão (de layout) ser "Every flower is perfect" (que era uma parte da letra da música do Nightwish que eu estava ouvindo quando fiz o blog). O layout preto com girassóis, que a maioria dos leitores deve ter conhecido, é mais novo, de 2003.

E agora, vamos a uma nova versão, mais focada nos objetivos da minha pesquisa (e que é o que eu mais tenho falado aqui, de qualquer modo). O novo nome surgiu em uma conversa com a Gisele. A idéia era algo curto, que fosse focado nas pesquisas que estou desenvolvendo e que não resumisse o blog apenas à redes sociais ou ao jornalismo digital. Ela falou em "social media" e eu gostei e lembrei do termo que eu uso pouco. Então que agora estou bastante satisfeita. Novo blog, novo foco, alguns contratempos (sim, tem várias coisas que ainda falta arrumar, mas em breve, estaremos 100% no ar).
Posted by raquel at 11:44 PM | Comments (4)

fevereiro 16, 2008

IR 9 CFP - Para quem quiser enviar um paper para a Internet Research Conference da Association of Internet Researchers desse ano, ainda dá tempo: O deadline foi ampliado para o dia 22 de Fevereiro, na próxima sexta . Para enviar trabalho, consulte a chamada de trabalhos.
Posted by raquel at 11:00 AM | Comments (2)
socialnetwork.jpgCapital Social e Social Media - Falando um pouco mais sobre essas questões estão Nicolle Ellison, William Reader, Judith Donath, Martin Baily, danah boyd e Steve Chazin no Freakonomics. A questão que norteia o debate é: O MySpace é bom para a sociedade?

A Judith Donath chama a atenção para a competição nas redes sociais e como esses sites podem influenciar adolescentes e crianças em questões como o bullying (que vai a outro nível quando se fala de sites de redes sociais). Também aponta para a mudança da noção de "amigo" e "amizade". O William Reader chama a atenção para os problemas que a digitalização das relações sociais pode acarretar, insinuando que o capital social pode ser destruído por esses sistemas. Martin Baily vai no mesmo sentido. Steve Chazin fala das novas necessidades que esses sistemas criam, em decorrência de seu bom ou mau uso. A danah boyd pega o caminho do meio, dizendo que esses sites são ferramentas e que é difícil prever que tipo de uso as pessoas farão dos sistemas, que pode ser tanto bom, quanto ruim.

Acho que a relação que a Nicole Ellison faz é a mais próxima do que eu penso. Ela aponta para um conceito que construiu em um artigo sobre o uso do Facebook pelos adolescentes. Para ela, sites de redes sociais são importantes porque auxiliam as pessoas a manter determinados tipos de capital social. O conceito de capital social, grosso modo, refere-se aos valores e benefícios que são obtidos através das relações que temos com outras pessoas. São valores emergentes nas redes sociais. A Nicole baseia-se no Putnam e nas leituras dos dois tipos de capital social, bonding social capital, que é aquele tipo de capital social presente nos laços fortes, dos quais decorre intimidade, apoio social e confiança; bridging social capital, que é aquele capital social decorrente dos laços fracos, sem intimidade, mas por onde circula informação na rede (vide Granovetter). A esses dois conceitos, ela acrescenta o de maintained social capital, que seria aquele decorrente da manutenção dos laços sociais previamente estabelecidos. Para ela, o grande valor dos sites de redes sociais (Facebook, Orkut, MySpace) está no fato de que eles auxiliam a manter redes sociais já estabelecidas e aumentar a rede social, de onde capta-se mais informações e mais perspectivas.

A partir desse apontamento, mais direto, acho que é possível perceber a influência do capital social na mídia social e vice-versa. As pessoas usam esses sitemas enquanto perceberem os benefícios que eles proporcionam. Essa mídia tem seu valor nos benefícios que os indivíduos percebem na rede social que está ali presente. Esses benefícios (ou formas de capital social) podem ser variadas. As formas que eu expliquei acima, por exemplo, são facilmente identificadas. Uma ferramenta como o Orkut, por exemplo, permitiu que mais gente pudesse manter contato com mais gente, mesmo através das distâncias geográficas. Familiares, amigos e etc. podem ser mantidos mais próximos com um site de rede social (maintained social capital). Por outro lado, também podemos usar uma ferramenta dessas para conhecer alguém, trocar experiências e criar intimidade. Aí temos o bounding social capital. Por último, o bridging social capital permite que tenhamos acesso a mais informações e proporciona que esses fluxos sejam alterados pelas redes sociais. Essas formas de capital social proporcionaram uma amplificação das redes sociais individuais (para citar o conceito do Barry Wellman), permitindo que se mantenham laços sociais a distância, e que mais informações circulem por esses laços. Mas também ocuparam mais o nosso tempo, exigiram uma constante atenção e estimularam as pessoas a tornar sua intimidade pública. Para compreender melhor esse capital social, sugiro a leitura do artigo da Nicolle e do Charles Steinfield e do Cliff Lampe aqui.

Assim que é difícil perceber até que ponto isso tudo é bom para a sociedade. Individualmente, já comentei no post anterior a questão do uso da mídia social para criar autoridade, gerar popularidade e mesmo, para a fama. Já coletivamente, são outros valores. Por um lado, acho que o valor da mídia social está, justamente, nesse bridging social capital que permite que as pessoas se organizem, trabalhem juntas (como no caso da marcha na Colômbia, que comentei há alguns dias, ou no recente caso comentado pela Wired da vigilância dos internautas sobre os superdelegados americanos , proporcionada pela Rede). E também pode ser usado para inflamar boatos, gerar google bombs (como a que a Preta Gil andou comentando na Folha) e mesmo, para o bullying. Em outras palavras, penso que o capital gerado pela mídia social pode ser apropriado de muitas maneiras, boas e ruins. E você, acha que a mídia social é boa para a sociedade?
Posted by raquel at 10:15 AM | Comments (1)

fevereiro 12, 2008

cooperation.jpgSobre a Colaboração e as Motivações nas Redes Sociais - Dia desses eu estava discutindo com o Marmota a questão da colaboração na Internet e como toda essa história de economia da dádiva ou economia de doação (gift economy) não é bem assim. O contexto da discussão é a pesquisa que eu estou fazendo sobre a questão dos fluxos de informação nas redes sociais na Web, focando a motivação dos blogueiros, uma vez que blogs são justamente, alguns dos espaços onde mais se publica e linka novas (ou velhas) informações. Considerei, aqui, os blogs como plataformas de redes sociais, das quais podem ser extraídos comentários e links como padrões de conexão.

O Cameron Marlow escreveu um artigo, em 2006, onde ele relata um trabalho de extensa pesquisa de blogs e capital social. Neste trabalho, ele encontrou duas classes de básicas de blogueiros: os blogueiros profissionais e os blogueiros sociais. No primeiro caso, os blogueiros são focados na questão da audiência, digamos, na busca por um lugar ao sol na blogosfera (ou popularidade, como o próprio Marlow desenvolve em outro artigo). No segundo caso, há uma busca pelo lado social dos blogs, ou seja, as motivações vão no sentido de construir laços sociais, interagir e trocar suporte. No primeiro caso, as redes derivadas dos blogs são maiores, compostas de laços mais fracos. No segundo caso, as redes são menores, compostas de laços mais fortes. Ou seja, os "tipos de blogs" especificados seriam diferentes porque seus autores teriam motivações diferentes para manter o blog. Isso implica também em padrões sociais comentados por outros autores, como a busca pelo comentários como sinônimo de popularidade (Mishne e Glance) e o papel desses em expressar relações sociais (Ali-Hasan e Adamic).

Outro trabalho sobre essas motivações é o Why we Blog (disponível só para quem tem acesso ao portal de periódicos da Capes), que identificou cinco razões para as pessoas blogarem: documentar a vida, comentar e expressar opiniões, expressar sentimentos, articular idéias através da escrita e manter fóruns comunitários. Esse trabalho, por outro lado, aponta para a importante característica da personalização dos blogs através do que outros autores chamaram de escrita de auto-expressão. Essa personalização é uma forma de utilizar o blog como um espaço individual, pessoal (mas não um diário - ainda que muitos trabalhos afirmem que há evidências de que a maioria dos blogs o seja). Essa personalização é a primeira forma de uso do blog para nossos próprios objetivos, construindo capital social, pois é ela que permite que os blogs sejam utilizados de forma diferente por cada um de nós.

Esses dois trabalhos são só exemplos, mas mostram que os blogs podem construir tipos diferentes de capital social. Citando o trabalho do Marlow, por exemplo, poderíamos dizer que os blogueiros sociais estão procurando pelo bounding capital (categoria do Putnam) encontrado nos laços fortes (Granovetter), que constróem intimidade e suporte social. Já os blogueiros profissionais, procuram pelo bridging capital, voltado para os laços fracos (Granovetter de novo), para a centralidade na rede, para os fluxos de informação. (Tem um trabalho da Nicole Ellison e outros autores que fala sobre os tipos de capital social do Putnam voltado para o Facebook, estou construindo isso em cima dele.)

Esses trabalhos apontam para o fato de que nós, blogueiros, não simplesmente publicamos informações, mas utilizamos o blog como uma plataforma de captação, manutenção e construção de capital social. De acordo com nossas motivações particulares, buscamos algum tipo de valor na blogosfera, algum tipo de reconhecimento, apoio, vazão ou mesmo interação. E essas motivações influenciam o modo através do qual escolhemos o que publicar, o que comentar e quando. Entender essas motivações é um passo importante para entender também os fluxos de informação e as redes sociais que são constituídas na blogosfera brasileira. Esse é um dos objetivos da minha pesquisa.:) (Quem quiser participar, email-me em raquel[arroba]pontomidia[ponto]com[ponto]br.

(Estou com dois papers saindo do forno com essas considerações. Em breve, posto os links.)
Posted by raquel at 3:54 PM | Comments (11)

fevereiro 10, 2008

rede.jpgRedes Sociais na Internet - Para acompanhar a Lista de Artigos Publicados sobre Blogs no Brasil (vide postagem abaixo), agora coloquei pública a minha compilação sobre redes sociais. O foco da lista são os artigos sobre redes sociais e sites de redes sociais na Internet. A Lista de artigos publicados sobre Redes Sociais na Internet no Brasil está aberta para quem quiser consultar e/ou contribuir enviando referências. Como "Redes Sociais" é um tópico bem mais abrangente e emergente, coloquei alguns referenciais internacionais de artigos e compilações, bem como uma pequena parte sobre redes sociais em geral. Aguardo contribuições para raquel[@]pontomidia[ponto]com[ponto]br.
Posted by raquel at 2:08 PM | Comments (4)

fevereiro 9, 2008

LOST - O Ricardo me obrigou a assistir os dois novos episódios de LOST sessa nova temporada. Em duas palavras: MICHAEL CRICHTON. Todas as referências. :P
Posted by raquel at 10:22 PM | Comments (5)
yahoo_microsoft.jpg The Empire strikes Back - Segundo o Techcrunch, ontem foi o dia D, ou seja, o dia em que o conselho do Yahoo reuniu-se para definir o que vai ser feito com relação à proposta da Microsoft. Apesar dos pesares, as maiores apostas estão no "sim" do Yahoo das duas companhias (o que vai ser péssimo para o Google). Realmente, o Yahoo não tem muita opção. A companhia vai mal das pernas e a menos que algum plano super secreto venha a surgir com alguma novidade incrível, acho difícil que se levante. Além disso, há uma grande pressão dos acionistas pelo aceite da proposta. Por outro lado, aceitando a proposta, a companhia dá para a Microsoft a possibilidade de competir com o Google em seu próprio campo e especialmente, no filão dos web-based programas. De seu lado, ganha uma sobrevida. Essa matéria do NYT faz uma boa análise do que a Microsoft está procurando e do grande negócio que vai ser para a sobrevida ao Império à companhia. O Guardian fala de uma proposta de aliança oferecida pelo Google ao Yahoo, mas que a longo prazo, como explica o Techcrunch, seria altamente negativa para uma companhia que já não vai bem. Acho que o Yahoo realmente vai para o lado negro da força aceitar a proposta da Microsoft. Veremos.

Update: E contrariando minhas projeções, o NYT afirma que o Yahoo vai rejeitar a oferta da Microsoft.
Posted by raquel at 9:07 AM | Comments (2)

fevereiro 8, 2008

Redes Sociais e Blogs - Ainda sobre publicações, achei no E-Cuaderno ontem um post sobre dois livros muito interessantes: El poder de las redes (disponível para baixar em PDF, juntamente com um texto complementar sobre a história da Análise de Redes Sociais) e Gran Guia de Los Blogs 2008 (não disponível para baixar).

Outra notícia legal, desta vez do Many-2-Many, é que o Clay Shirky está lançando o livro dele sobre ferramentas sociais e a Rede. O livro dele ser lançado em português. Enquanto isso, ele fez um blog sobre o assunto.
Posted by raquel at 11:35 AM | Comments (1)
publications.jpgMais sobre o Publish or Perish- Saindo da minha maratona reclusiva de leitura e classificação dos textos da Compós, vim comentar uma questão que está gerando um grande debate na blogosfera acadêmica.

O debate começou quando a danah boyd (sim, o nome dela é com minúsculas, ela registrou assim - segunda ela mesma, foi um frenesi adolescente) publicou no blog um post sobre a questão do acesso livre aos journals e papers publicados. A danah mantém os artigos dela para acesso público no blog e costuma enviar para quem pedir os trabalhos. E ela sempre diz que acredita que o fazer científico tem que ser público. Pois bem, ela enviou a postagem para algumas listas e o debate começou. Um ponto foi fortemente atacado: aquele em que ela afirmou que os journals "fechados" são mais valorizados que os abertos. A discussão está espalhada pela blogosfera, inclusive a brasileira. Vou agora, comentar por aqui.

O primeiro ponto é a questão do contexto. Nos EUA, como no Brasil, o publish or perish é muito, muito forte. A quantidade de publicações é usada para avaliar a qualidade de um pesquisador, conjuntamente com sua capacidade de angariar fundo para sua instituição (não é muito diferente por aqui). No Brasil, no entanto, pelo menos nas Ciências Sociais Aplicadas I, vários periódicos abertos são avaliados e muito bem avaliados. Nos EUA, nem tanto. Ainda há muita força na questão das publicações fechadas e essas costumam ser melhor avaliadas que as outras. Esse ponto foi discutido pela Adri. Se por um lado, alguém tem que investir na questão da publicação e da circulação do conhecimento, por outro, a publicação precisa ser o mais pública o possível. É uma questão muito complicada.

Eu concordo com a danah, Adri e Su no que diz respeito ao acesso aberto na Internet. De uma certa forma, é possível conseguir na Rede uma circulação interessante (melhor que a da maior parte dos periódicos, por exemplo) e é uma forma mais barata de publicar. Sempre procuro publicar em revistas que deixem os artigos disponíveis na Rede. Claro que isso também é um problema: duas por três encontro algo meu disponibilizado sem autoria, em algum site de venda de trabalhos ou afins. Mas, apesar disso, acho que o acesso aberto é essencial para o fazer científico e que não faz o menor sentido o conhecimento ficar guardado ou inacessível.

publischor.jpg
Legenda: "He didn't publish, so he perished."


Mas em segundo lugar, vem a questão levantada pela Su, de que é preciso usar essa discussão para reavaliar a questão do publish or perish. Por causa dessa "cobrança" de publicações, diversas práticas surgem na academia, levadas adiante por pesquisadores desesperados por publicar. (Já ouvi falar de gente que publicou 200 artigos em um ano. Duzentos. Ou seja, uma média de quase 17 artigos por mês.) Por causa dessa valorização, ao invés de avaliarmos a qualidade, prezamos a quantidade. O Qualis, instrumento de avaliação da CAPES, penso eu, veio neste sentido: valoriza-se mais quem publica em instrumentos mais bem avaliados. Claro que isso gera outro problema: Torna esses periódicos (e anais de congressos) extremamente fechados e difíceis de publicar, especialmente para quem está começando, e especialmente, na minha área.

Por um lado, eu acho que parte da solução seria começar a avaliar mais periódicos no Qualis e, inclusive, mais anais. E os itens de avaliação dos periódicos não podem ser focados no título de quem publica. A outra parte é avaliar por pareceristas cegos sempre, em todos os congressos e revistas e enviar os pareceres para os autores. Eu considero essa prática, que não é comum na minha área, essencial. É só através de um parecer que a gente consegue saber onde errou e como melhorar. Nos EUA, isso é comum. Na verdade é comum e os pareceres chegam a ser radicais e extremos. Mas eu acho que a qualidade do que é publicado lá também é superior à nossa. De qualquer modo, o parecer cego aumenta as chances de um bom trabalho, escrito por alguém que não é doutor, mas que faz uma pesquisa séria e consistente, venha a ser publicado. Além disso, o parecer dá ao autor outro olhar sobre sua pesquisa, e permite que as pessoas recebam recomendações de leitura, dicas e críticas construtivas. Depois, com mais revistas, há mais possibilidades de publicação e mesmo, de receber feedback sobre a pesquisa. Com acesso aberto, é mais fácil para quem está começando, perceber o "estado da arte" da pesquisa. Por fim, minha defesa mais polêmica: Eu também acho que a pesquisa realizada pela graduação deveria ser mais valorizada. E acho que as revistas deveriam ter um espaço para a Iniciação Científica. Eu creio firmemente que IC não é mão de obra barata, mas uma chance de que alguém comece a dar seus primeiros passos, escolha um problema e investigue-o. É a chance de auxiliar alguém a compreender como a pesquisa é interessante, fundamental e relevante. E morro de pena porque esses alunos, que produzem trabalhos muitas vezes, de vanguarda, não têm um espaço próprio para divulgar suas pesquisas nas publicações especializadas (mesmo que publiquem com o professor, há sim, discriminação das publicações, pelo fato do aluno ser um "graduando").

Essa é uma discussão polêmica, mas que merece abertura. Quanto mais discutirmos, melhores as chances de melhorar a área e a pesquisa no Brasil.
Posted by raquel at 11:07 AM | Comments (5)

fevereiro 5, 2008

superterca.jpgSuper Terça - E o Google juntou-se com o Twitter (esquecendo-se totalmente do Jaiku) e com vários veículos de mídia americanos e vem mostrando, no Google Maps, uma espécie de "cobertura" da superterça nos Estados Unidos. Hoje, 24 estados estão votando por delegados, que vão votar nos candidatos que vão concorrer por cada partido. No Google Maps, é possível acompanhar, em tempo real, o que as pessoas estão falando sobre as eleições no Twitter, bem como as últimas notícias de vários meios de comunicação. A iniciativa fez sucesso e as pessoas já estão usando o twitter para comentar os candidatos, pedir que se vá votar e pedir votos para seu candidato. O divertido é que vai aparecendo no Google Maps para quem estiver olhando de onde a pessoa está falando e o que ela diz (bem como os meios de comunicação), o que dá uma idéia mais "territorial" (lembrando que a eleição é por estados) de como vai indo a eleição. Acompanhei toda a tarde as discussões da cobertura Twitter-Google. Mais um uso interessante da ferramenta.

Update: Vi no Techcrunch que o Google também está oferecendo um gadget com os resultados real time.
Posted by raquel at 7:30 PM | Comments (4)
farcpeq.jpgMarcha contra as FARC - Enquanto os olhos da mídia brasileira só vêem Carnaval, na Colômbia, nossa vizinha, acontece um protesto histórico contra as FARC. Centenas de milhares de pessoas, de acordo com a BBC; mais de 4,8 milhões de pessoas acordo com a CNN foram às ruas do país ontem, vestindo camisetas brancas, e exigindo que as FARC parem de seqüestrar pessoas e libertem as que estão cativas. Os protestos foram ecoados por marchas também em outros países: na Venezuela, na Argentina, na França, nos Estados Unidos, na Hungria, na Itália, na Índia, no Panamá, no México, na Espanha (mais de 10 mil pessoas!) e na Inglaterra as pessoas também foram às ruas aos gritos de "Liberdade" para os sequestrados. (No Brasil a gente continua muito ocupado com o Carnaval.)

"No es el dolor físico el que me detiene, ni las cadenas en mi cuello lo que me atormenta, sino la agonía mental, la maldad del malo y la indiferencia del bueno" (Coronel Luis Mendieta, secuestrado hace 9 años).


A idéia do protesto nasceu no Facebook, onde a comunidade "Um milhão de vozes contra as FARC" criada pelo colombiano Oscar Morales discutiu e organizou a marcha, com a participação de mais de 250 mil apoiadores, mas que, nas ruas, adquiriu um proporção muito maior. A marcha contou com um site, que auxiliou na organização do protesto. De acordo com a CNN ainda, as TVs da Colômbia suspenderam a programação para transmitir o protesto e os apresentadores também usaram camisetas brancas. De acordo com os dois sites, muitos parentes das vítimas se opuseram aos protestos, acreditando que colocarão em risco os sequestrados. Acredita-se que são matidas cativas, hoje, pelas FARC mais de 700 pessoas. facebook.jpg

"Escuchen este mensaje que les está enviando Colombia, es todo el pueblo que les pide que por favor escuchen y reflexionen" (Clara Rojas, pedindo às FARC que "escutem")


As FARC, com todos os seus idealismos são, na minha opinião, organizações terroristas sim. O seqüestro dessas pessoas é um crime contra a humanidade, como definido pela International Crime Court, onde:

"Crime against humanity" means any of the following acts when committed as part of a widespread or systematic attack directed against any civilian population, with knowledge of the attack:

(...)(e) Imprisonment or other severe deprivation of physical liberty in violation of fundamental rules of international law;


A manutenção delas contra suas vontades, cativas, por anos a fim é cruel, desumana e criminosa. A marcha é histórica porque mostra o descontentamento da população colombiana (por quem as FARC, supostamente, atuam) com as táticas de guerrilha e de luta armada, que matam e mutilam inocentes, separam famílias e dividem o país. Mas ainda mais, é histórico que um protesto dessa magnitude, acompanhado por pessoas no mundo inteiro, tenha sido organizado na Internet, através de um site de rede social, em um país onde apenas 22% da população tem acesso à Internet.
Posted by raquel at 9:17 AM | Comments (5)

fevereiro 1, 2008

Microsoft e Yahoo? - E a Microsoft ofereceu 44.6 bilhões de dólares pelo Yahoo. Será que leva? :o
Posted by raquel at 11:41 AM | Comments (5)
184_post.jpg Google e a Propaganda na Internet - O Goole divulgou ontem o lucro do último quadrimestre, abaixo do esperado por Wall Street. A companhia, que tira a maior parte do seu lucro dos anúncios, gerou nervosismo com esse comunicado. De acordo com o anúncio, parte da culpa é dos sites de redes sociais.

Google on Thursday blamed the difficulty of making money from placing adverts on social networking sites for holding back its growth in the latest quarter, contributing to a 9 per cent slump in its shares in after-hours trading.


O problema de como fazer os sites de redes sociais gerarem dinheiro é antigo. Quando eu trabalhei com eles, essa já era a grande pergunta na companhia. E eu sempre defendi que anúncios soltos pelas páginas não iam dar certo, pois saturam o consumidor e acabam sendo ignorados. Mas a verdade é que o problema parece ser ainda maior:

The search company also reported an unexpectedly sharp slowdown in the number of ?clicks? people make on its online adverts, contributing to the nervousness on Wall Street about underlying demand for its core advertising services.


Se o número de pessoas clicando nos anúncios está sendo reduzido, isso pode significar que há uma adaptação dos consumidores para simplesmente ignorar essas informações. Será que o modelo de propaganda online está saturando? Eu acho que as pessoas estão ficando mais acostumadas com a Rede e mais focadas naquilo que realmente lhes interessa, ao invés de adotarem o comportamento errático de sair clicando. A tendência, pelo menos para mim, era que os anúncios precisassem ficar cada vez mais focados, específicos, para atingir seu público-alvo. Mas com o passar dos anos, não tenho visto isso acontecer. As propagandas nos sites de redes sociais, por exemplo, são completamente fora de contexto. As especificidades, necessidades que poderiam ser focadas, não o foram. Com o uso de propagandas sem sentido, eu acho que as pessoas realmente passam a olhar menos e clicar menos.

Essa adaptação das pessoas a ignorar anúncios pode sim gerar a necessidade de um novo modelo de publicidade para a Internet. Um, eu espero, menos intrusivo que o pop-up, por exemplo (que muita gente automaticamente fecha ou tranca), menos intrusivo que os "fantasminhas" (que eu, particularmente, odeio de morte), mais parecido com o ad sense (que eu sempre achei que estava no caminho certo), mas muito mais focado e agradável. O anúncio do Google traz um pouco das incertezas do mundo da publicidade na Rede: a Internet parece tornar-se um desafio para o mundo da publicidade, onde os modelos tradicionais poderão não funcionar. (Reparem que o anúncio do Google contradiz tremendamente as afirmações do Duncan Watts na entrevista sobre os modelos que ele está desenvolvendo para o Yahoo! que eu comentei logo abaixo.)
Posted by raquel at 8:26 AM | Comments (6)