Redes Sociais e os Sites de Redes Sociais


Recentemente, tenho desenvolvido uma série de pesquisas focando a apropriação dos sites de redes sociais pelos brasileiros e como as redes sociais são expressas nesses sites. Ou seja, como as conexões que são expressas ali possuem tipos diferentes de capital social e como esses tipos diferentes nos mostram redes sociais que são, evidentemente, também diferentes.

Eu pesquisei durante alguns anos o Orkut, o Fotolog e outros sites que já foram populares no Brasil. Depois, discuti um pouco dessas redes no Twitter, que no Brasil tinha um caráter bem informativo em sua apropriação e menos conversacional. Eu e a Gabriela Zago trabalhamos coletando dados para mostrar que essas redes expressas no Twitter são redes diferentes e que expressam o acesso aos diferentes valores expressos na ferramenta. Depois, trabalhei com o Jandré Batista e a Gabriela Zago de novo, focando a apropriação do Plurk e comparando-a com o Twitter, mostrando dois focos diferentes: social e informacional e como esses focos impactam no universo da rede social e da difusão de informações. Ultimamente, tenho tentado observar essas redes em jogos, e de uma forma bem específica, no Facebook, que me chama a atenção pela apropriação na América Latina como um todo.

Em algumas das conclusões mais gerais sobre o assunto, tenho observado que a apropriação dessas redes tem uma relação aparentemente intrínseca com os tipos de capital social que são percebidos na ferramenta. Ou seja, uma ferramenta que permite a construção de reputação é apropriada de uma forma, outra que permita a manutenção da rede social é apropriada de outra. Assim, os sites de rede social parecem ser apropriados de forma funcional, ou seja, de forma a serem úteis para os atores sociais não apenas para a manutenção ou ampliação de suas redes sociais offline, mas igualmente para a sua complexificação e obtenção de benefícios. Isso porque a plataforma permite que conexões sociais sejam mantidas com pouco ou nenhum custo para os envolvidos, permitindo que as pessoas criem redes sociais gigantes sem qualquer tipo de interação social, mas ainda, que possam extrair valores dessas redes.

Basicamente, isso tudo parece apontar para o fato de que é preciso diversificação nesses sites. Há um custo em entrar, criar uma rede, convidar amigos. E esse custo precisa ser menor que os benefícios percebidos na ferramenta. Assim, novos "orkuts" dificilmente darão certo, pois o custo envolvido para a migração é muito grande em relação ao benefício construído e obtido. E acredito que essa nova onda de transformar tudo em "site de rede social" com perfil e conexões não necessariamente vai dar certo para todos os produtos, pois não há um benefício claro para os usuários. É preciso pensar a apropriação.