Sites de Redes Sociais e Educação


sns.jpgO assunto dos diversos aspectos dos usos dos sites de rede social para a educação é algo que me é caro, e sobre o qual tenho escrito no blog do Digital Media and Learning (DML). O assunto de um dos meus últimos textos foi, justamente, o do potencial das ferramentas de mídia digital para ações educativas e a grande barreira do preconceito que muitas dessas ferramentas enfrentam dos administradores, educadores e instituições.

O Orkut como Ferramenta Educativa e o Preconceito

Comecei a pensar mais nesses aspectos quando, em 2008, assisti a uma apresentação do Jeremiah Spence sobre o papel do Orkut na inclusão digital no Brasil. Lembro que, na época, fiquei chocada, pois não tinha imaginado ainda que a imensa adoção do Orkut no Brasil fosse um motivador crucial para que milhares de pessoas entrassem na Rede e quisessem aprender mais a respeito de como utilizar essas ferramentas. O Jeremiah passou algum tempo no Brasil, analisando a inclusão digital e, na época, apresentava alguns resultados, dentre eles, o fato de que as pessoas estavam utilizando massivamente o Orkut em cibercafes e telecentros como forma de aprender a Internet. Um dos casos emblemáticos foi essa reportagem publicada no G1, a respeito de um morador de rua que tinha utilizado o Orkut para estudar (e posteriormente ser aprovado) em um concurso público.

No entanto, ao mesmo tempo, colocava, crescia imensamente o preconceito contra a ferramenta como elemento de inclusão digital e ela passava a ter seu acesso proibido em quase todos os ambientes públicos no País. Esse preconceito espalhou-se com força. Em muitas universidades e escolas no país ainda é proibido o uso de qualquer site de rede social ou ferramenta de comunicação mediada por computador, com a rara exceção do email. As justificativas são muitas e, quase sempre, voltadas ao fato de que essas ferramentas não servem para a educação.

Sites de Rede Social, Comunicação e Educação

O grande problema aqui é pensar que "educar" e "aprender" são processos unilaterais e que apenas sites comuns e o Google são ferramentas que podem auxiliar alunos e professores a construir conhecimento. O que, todos sabemos, não é verdade. Aprender é um processo social, não individual. Depende de um contexto social. É coletivo. E são, justamente, as ferramentas de CMC que dão, ao aprendizado hoje, um contexto social. Os sites de rede social assim, podem e devem ser usados com propósitos educativos. Não é porque as pessoas "usam para conversar" que a ferramenta é uma "perda de tempo". A conversa faz parte do processo. A comunicação faz parte do processo. Proporcionar o uso dessas ferramentas, assim, pode ter resultados muito positivos em sala de aula. Estimular o uso criativo, a apropriação e a busca por mais informações são apenas algumas das maneiras de usar essas tecnologias. Usar blogs, comunidades e o próprio Twitter como ferramentas de discussão, troca de informações e construção do conhecimento não é apenas proporcionar um ambiente de discussão, mas auxiliar o próprio processo de contrução do conhecimento. Discutir os problemas e orientar os usos dessas ferramentas também são essenciais.

É claro que existem riscos e maus usos dessas tecnologias como, por exemplo, nos casos do cyberbullying. Uma das causas, parece-me, é que parte desses comportamentos desviantes aparece, justamente, porque professores, pais e instituições não estão presentes nessas ferramentas, que viram "terra de ninguém" e "terra sem autoridade". Outros desses usos, do meu ponto de vista, estão relacionados a trabalhos escolares que estimulam a busca no Google e o recortar e colar dos resultados como "ferramenta educativa". Ainda assim, esses maus usos não justificam o silenciamento dos usos construtivos. Ainda assim, a presença do desvio não invalida a presença da mídia digital na educação. E queiramos ou não, essa presença acontecerá. Assim, a grande questão passa a ser: Queremos formar as novas gerações na base do control+c/control+v ou como indivíduos pensantes, críticos e capazes de lidar com esse novo universo de sentidos?

A resposta a essa questão passa pela discussão da liberação de ferramentas como o YouTube, o Twitter, o Flickr e até mesmo, o próprio Orkut dentro das instituições de ensino e seu uso pelos professores, como ferramentas construtivas, que podem e devem auxiliar o aprendizado sobre o mundo.