Adição Unilateral e Google+: Meus dois centavos


Então começa a se desenhar aquele que eu acredito que vai vir a ser o principal problema do G+: a adição unilateral. Explicando: no G+, o princípio é o mesmo do Twitter, ou seja, as pessoas podem "seguir" você sem que isso, necessariamente, seja recíproco. Você pode bloquear o seguidor, mas não tem a opção - como no Twitter - de tornar seu perfil privado. No Twitter, essa adição faz sentido porque o principal valor ali é o acesso à informações novas, que é provido, justamente, pelos nós que não fazem parte dos clusters (os chamados laços fracos, no trabalho do Granovetter). Em outras palavras, são as pessoas que não estão próximas de você que são capazes de prover mais informações novas para a sua rede social, porque as informações dos seus amigos tendem a ser rapidamente espalhadas no cluster e tornar-se conhecimento comum.

Pois bem, em outros sites, cujo valor é mais focado na manutenção das conexões sociais (p/ citar o trabalho já conhecido de Ellison, Steinfield e Lampe), como o Facebook (e eu incluiria o Orkut), o tipo de informação que você quer receber é outro. Você não quer saber de promoções, de notícias ou de novos produtos. Você quer saber o que seus amigos estão fazendo, o que estão lendo e o que estão achando engraçado. Aí, é importante que você filtre quem adiciona na sua rede e quem te adiciona, para poder manter a privacidade de determinadas informações e mesmo, do seu perfil.

O G+, pela sua estrutura (círculos), parece direcionar a apropriação nesse sentido, mas apresenta o princípio da adição unilateral do Twitter. Ou seja, as pessoas podem adicionar o seu perfil a seus círculos e você, se não quiser, precisa ir bloquear. Ou seja, a adição acontece a menos que exista uma ação da sua parte. Com isso, enquanto você não bloqueia um por um desses usuários, fica recebendo notificações a respeito de informações que eles estão dividindo com você. (E não estou falando em notificações por email apenas, mas notificações no sistema mesmo, aquelas do sinalzinho vermelho.)

OK, isso não é uma coisa que complica o uso no princípio, você até se dispõe a bloquear e tal. Mas o que acontece quando mais gente entrar? Quando mais perfis de empresas, produtos e serviços entrarem? Você vai ter paciência de ir bloqueando um por um em dezenas e centenas de adições diárias? E enquanto isso, as informações relevantes p/ você vão ficando "escondidas" nesse mar de spam (por exemplo, amigos que você quer saber que entraram no G+ ou que te mandaram algo legal). Qual é o risco? O risco é perder espaço para o spam e perder valor para o usuário por conta da dificuldade de encontrar o que é relevante pra ele. A mim, parece um risco bem complicado, que poderia ser facilmente reduzido com a opção de permitir que os usuários ACEITEM os seguidores ou possam fazer um perfil privado. E digo isso porque não sei como anda agora, mas na época do Orkut, o time do Google tinha grandes dificuldades em mapear contas fakes e spammers qdo o Orkut passou a crescer exponencialmente. E é um desafio grande ainda hoje, para a maioria dos sites de rede social. Mas vá lá que tenham um plano, né? :)