ICWSM 2011


icwsm.pngComeçou hoje, com um keynote do Manuel Castells, a 5th International Conference on Weblogs and Social Media ICWSM 2011. Eu, Ricardo Araújo (UFPel) e Gabriela Zago (UFRGS) tivemos um full paper aprovado, chamado "How does social capital affect retweets?", onde investigamos, num dataset de tweets em Português (mapeamos via migre.me) e questionários respondidos por brasileiros, como o capital social influencia a propagação de determinadas informações (tweets). É um dos poucos (acho que inclusive, o único) trabalhos brasileiros (produzidos no Brasil) aprovados na conferência.

Num resumo rápido, no paper investigamos as práticas de retweet no Brasil e discutimos como a percepção de determinados tipos de valores (capital social), como credibilidade, reputação e visibilidade parece ser o grande motor nessas práticas. Ou seja, a decisão de repassar ou não determinada informação parece perpassar um jogo de percepção de ganhos x investimento que influencia essas práticas e seus resultados. O que significa que antes de apertar o botãozinho de RT ou fazer um RT manual (copiado) há uma avaliação dos possíveis valores que serão obtidos com aquela informação sendo propagada pelos seguidores.

Alguns resultados resumidos do paper:

  • Set de dados: 151 questionários respondidos por twitteiros brasileiros, 4 estudos de caso de 2590 retweets.
  • As motivações das práticas de retweets são, em grande medida, mais egoísticas do que se pensa. Mais do que gerar bens públicos e ações coletivas, para a maioria das pessoas nos casos examinados, interessa gerar bens privados, valores que possam ser somados ao indivíduo. Assim, as práticas parecem ser desenhadas para maximizar o retorno e minimizar o investimento.
  • O retweet é uma prática facilitadora da geração desses valores (capital social). Ao invés de gastar tempo buscando novas informações e coletando coisas relevantes, através do retweet é possível receber parte do crédito pela mensagem propagada com o mínimo de esforço investido. Apesar disso, o RT gera muito mais valor para a fonte originária do que para aqueles que retuítam. O benefício é proporcional ao investimento.
  • Como o RT é uma prática que acontece num contexto muito competitivo, onde a atenção é um bem escasso, a tendência é "apagar" o caminho do retweet, citando apenas a fonte original. Com isso, garante-se mais atenção também para quem fez o RT.
  • Bens públicos, como o acesso à informação e a divulgação de informações relevantes, por exemplo, parecem ser mais "efeitos secundários" do que motivações. Atingir uma audiência e receber valores com as práticas de retweets é mais importante do que a informação em si e seus efeitos na sociedade.


P/ quem quiser acompanhar (entre os palestrantes, o Sinan Aral e o Duncan Watts), o ICWSM está sendo tuitado (@icwsm), tem Facebook e Slideshare, tem círculos discutindo no G+ e os proceedings já estão online. Ah, e aqui tem um resumo do paper da Lada Adamic, Debra Lauterbach, Edwin Teng, e Mark Ackerman tb, sobre ratings de pessoas no Couchsurfing e outros sites.