Visita ao Facebook e Considerações sobre a Ferramenta no Brasil


Thumbnail image for facebook.jpgEntão, na primeira semana de Novembro estive no Vale do Silício, vistando algumas empresas e acabei visitando também o Facebook. Fui convidada pela Lada Adamic, que é uma das pesquisadores do Data Science Team (o time de pesquisa dos dados, aqueles caras que fazem aquelas pesquisas super legais com os dados anônimos na ferramenta, tipo essas aqui). O objetivo da "talk" (como chamam as palestras "técnicas") era falar um pouco de dados do Brasil e do que temos trabalhado nas nossas pesquisas aqui (eu e meu grupo de pesquisa), cujo tema está relacionado a violência no Facebook, especialmente a violência simbólica (discursiva).

O Facebook tem um campus bem legal. O que mais me chamou a atenção foi a ausência da logotipia da empresa. Enquanto o Google tem "Google" escrito por todos os lados do campus, inclusive em cada andar, em cada parede, o Facebook não tem identificação em quase lugar nenhum. O que anuncia a entrada do campus, por exemplo, é uma imagem de uma mãozinha fazendo o sinal de "like" (no caso, como fui logo após o Halloween, festa tradicional nos EUA, uma mãozinha zumbi). Além disso, o campus é pequeno se comparado ao do Google e da Microsoft (embora bem legal, com cantinas, "casas de jogos" e afins). Entretanto, segundo me disseram, estão ampliando e em breve, muita gente vai se mudar. (Não, não tenho fotos pq, como dá pra imaginar, não se pode tirar fotos lá dentro.)

Embora eu tenha levado vários dados a respeito do uso do Facebook aqui no Brasil, falei mais das questões da pesquisa, em termos de memes e seu espalhamento (especialmente aqueles que trazem no seu discurso algum tipo de violência) e da percepção das pessoas do Facebook, por vezes, sendo constituído como um ambiente, digamos, mais hostil (aquela fala "ah, eu entro no Facebook e me irrito" de algumas pessoas, que acabam optando por entrar menos simplesmente porque se ofendem ou se irritam com as postagens de outros).

Conversamos também sobre os usos no Brasil. Eles me disseram que o Brasil tem alguns comportamentos que são bem diferenciados com relação a outros locais, especialmente no que diz respeito ao uso de imagens e fotografias e estavam especialmente interessados em discutir um pouco mais as razões pelas quais isso acontece e como os brasileiros usavam as imagens na ferramenta (o que entra nessa questão de memes).

Todos esses dados foram bastante interessantes para a discussão que se seguiu sobre a possível (não confirmada por eles, mas já discutida, inclusive, pelo CFO do Facebook) saída dos adolescentes da ferramenta. O Facebook quer entender os motivos pelos quais isso está acontecendo. É preocupante porque pode um indício importante de saturação. E sim, também tem sido observado no Brasil. E para onde os adolescentes estão indo? Órfãos do MSN, estão migrando o uso para sistemas de mensageiros, como o Whatsapp, que permitem um maior controle e agilidade para conversar com quem querem (e funcionam maravilhosamente na versão mobile, o que não é o caso do Facebook). Curiosamente, o SnapChat (ferramenta semelhante ao Whatsapp) acabou de recusar uma oferta bilionária de compra pelo Facebook, o que parece confirmar que a ferramenta sabe bem para onde estão indo seus usuários. Mas não só o Whataspp está no foco dos adolescentes. O Twitter também e não é de hoje. De novo, a plataforma simples e rápida na versão móvel (além da presença dos ídolos) parece estar conquistando o uso dessa fatia da população, como outras pesquisas estão demonstrando. E sim, estamos observando movimentos muito parecidos no Brasil, o que pode talvez indicar um comportamento global. Resta saber quais impactos vai ter no uso e adoção do resto da população.

(Este post foi feito originalmente para a AG2 Publicis Modem no início de novembro de 2013)