Renato Janine Ribeiro no MEC - ESPM Media Lab


Há algumas semanas eu fiz um trabalho com o ESPM Media Lab, sob a batuta do Vinicius Pereira. O objetivo era perceber como a indicação de Renato Janine Ribeiro tinha sido recebida na mídia social e identificar os principais discursos que foram associados e repercutidos com o nome dele. Com autorização deles, vou comentar alguns dos principais resultados a seguir.

Twitter

Analisamos em torno de 4600 tweets a partir das palavras chaves "Renato Ribeiro", "ministro" e "Educação". A partir dos tweets, fizemos uma análise de contingência com os dados normalizados. 

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No Twitter, ambiente onde as principais repercussões foram diretamente associadas a conceitos como "educador", "ética", "filósofo", "intelectual" e "professor". Essa presença associa uma tendência a comentar a escolha da presidenta diante das credenciais de Renato Ribeiro. 

Dentre as principais figuras que contribuíram para o espalhamento desses discursos, destacam-se veículos de mídia (@observatorio - o Observatório da Imprensa, por exemplo), veículos do governo cobrindo a indicação (@mec_comunicação e o @blogdoplanalto), bem como o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (@joaquimboficial) que elogiou publicamente a indicação. Este último é um ponto importante na rede justamente por sua postura de oposição ao governo Dilma, pois atinge pessoas que não são tradicionalmente alcançadas pelos veículos de orientação mais à esquerda ou pelos órgãos do governo.

Entretanto, também há discursos contrários. Notadamente são muito reproduzidos a coluna de Reinaldo Azevedo e o vídeo de Felipe Moura, ambos divulgados pela revista Veja. Interessantemente esses dois críticos usam os mesmos elementos qualificadores do ministro para o cargo, mas buscam zombar dessas qualificações apontando desqualificações ("cinismo", "canalha", "esquerdista", "vigarice" e etc.). Esse ponto é importante porque indica que as credenciais de Renato Ribeiro para o cargo são ressaltadas por ambos os discursos. Além disso, também pesa o fato de que as críticas contrárias são pessoalizadas, ou seja, buscam desqualificá-lo apesar destas credenciais.


Facebook
Analisamos cerca de 2000 posts públicos (como vocês sabem o Facebook está cortando esse acesso em alguns dias, mas isso é assunto para outro post). Os dados normalizados revelaram o seguinte: 


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Nos dados do Facebook repercutem os mesmos discursos. Enquanto o ministro é associado a conceitos bastante semelhantes que o qualificam para o cargo ("professor", "filósofo", "universidade", "intelectual", "mestre", "doutor", "ética" e etc.), também é associado à reprodução exaustiva da coluna de Reinaldo Azevedo e do vídeo de Felipe Moura, como os principais articuladores da crítica. No Facebook também há um forte elemento de crítica associado a uma posição do ministro relacionada ao "kit gay" nas escolas. Esses opositores, notadamente associados a núcleos religiosos e conservadores, reproduziram essa informação indagando o que seria das escolas e das crianças. 

Ou seja...
É importante notar que, de modo geral, o nome de Renato foi muito associado a suas qualificações e à educação, por todos os discursos. Também é importante notar que, organicamente (ou seja, descartada a reprodução de falas de outros), a presença maior é de aprovação do nome.  Mesmo nos discursos críticos, há o reconhecimento das qualificações do ministro. Observamos ainda que a reprodução exaustiva das mesmas críticas pela oposição é relativamente incomum, especialmente com pouco ou nenhum comentário.