Scholar Metrics de Revistas da Comunicação


Agora em junho, o Google Scholar divulgou as métricas de citações medidas pela ferramenta de 2015. Basicamente, é possível procurar ali o número de citações medidas pelo Scholar para qualquer revista. 

Como funcionam as métricas? O h-index é uma das métricas mais usadas para medir impacto de publicações no mundo (embora ainda usemos pouco nas nossas áreas de Humanas e Sociais no Brasil). A métrica indica o número "h", que é o maior número em que, pelo menos, um número "h" de artigos foi citado um número "h" de vezes cada um. Ou seja, se uma revista tem cinco artigos citados 10, 8, 5, 4 e 2 vezes, o h-index vai ser 4 (pelo menos quatro artigos citados quatro vezes).

Os artigos mais citados de uma revista constituem seu h-core (que o Scholar não mapeia para a maior parte das publicações). A h-median (mediana) é a mediana de publicações dos artigos mais citados. Além disso, o Scholar só contabiliza as citações dos artigos publicados nos últimos 5 anos (h-index 5). 

O Scholar como mecanismo já foi objeto de análise por vários pesquisadores. Alguns mostraram uma correlação positiva com outras métricas de impacto,  outros discutiram seus pontos fracos, salientando a relevância especialmente p/ as ciências humanas, que carecem de mais referenciais bibliométricos, outros ainda falaram da facilidade de manipulação dos resultados por conta, principalmente, da falta de controle das fontes . Entretanto, eu ainda acho particularmente útil porque 1) é livre e gratuito (ao contrário de mecanismos como o Web of Science e o Scopus); 2) não adiciona apenas citações de veículos cadastrados, mas tem um espectro maior de abrangência; 3) parece que tem menos erros de autoria (eu tenho problemas sérios com citações no Scopus, por exemplo, que não pega vários artigos que eu tenho publicados em periódicos cadastrados e me confunde com outros "Recueros" e eu preciso deletar manualmente essas citações), 4) tem muito mais espectro de coleta em publicações de humanas e sociais (inclusive em outras línguas que não inglês) do que as ferramentas anteriores e 5) a mim parece uma ferramenta interessante particularmente para avaliar as citações de revistas (mais do que de pesquisadores), mostrando quais periódicos têm impacto na área.

Tendo isso em vista, fiz um cruzamento rápido (e não exaustivo) entre periódicos das áreas de Comunicação. Basicamente acessei o Webqualis, peguei as revistas brasileiras ou em Português do extrato 1 (A1, A2, B1 e B2) e fiz uma busca no Scholar para medir o impacto delas. O resultado é a tabela a seguir. Para fins comparativos, coloquei algumas revistas A1 (também apenas nacionais e em PT), uma vez que a Comunicação, como subárea, não tem revistas com qualis A1. Além disso, várias revistas não aparecem porque: 1) Algumas eu realmente não achei no Scholar; 2) Algumas têm nomes que são iguais a outras revistas e eu não consegui separar o h-index de cada uma.  (Atenção: A lista não é exaustiva! Não pequei todas as revistas.)

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Evidentemente, o h-index das publicações nacionais não é comparável com aquele de publicações internacionais. Apenas para fins comparativos, o h-index da First Monday, uma revista open, dedicada à área de sociais e humanas, que tem tido grande impacto na chamada Ciência Social Computacional, área que atuo, é avaliada pelo nosso Qualis como B3. Entretanto, seu h-index é 31, com uma mediana de 65. Possivelmente uma das revistas de maior impacto, comparável ao ICWSM (International Conference on Weblogs and Social Media), um dos eventos de maior impacto na área, que tem um h-index de 55 e uma mediana de 105 e o Journal of Computer Mediated Communication, h-index de 32 uma mediana de 53. Além disso, podemos ver que revistas que não estão online e que têm apenas publicação impressa são muito pouco ou nada citadas (ou seja, a dificuldade de acesso online pode ser um fator importante para reduzir o índice de impacto). 

É claro que as publicações em Português tendem a ser menos citadas simplesmente porque a parcela da população de pesquisadores que a lê é muito menor do que em inglês. Mas mesmo assim, acredito que também tem impacto nessas métricas o fato de que, na área da Comunicação, as pessoas citam pouco seus conterrâneos no Brasil. Parece-me que sempre se procura citar autores estrangeiros mais do que artigos publicados em periódicos da área por aqui, mesmo que o trabalho em PT tenha igual ou maior relevância para o que se está discutindo. Já me deparei várias vezes com situações de review onde o autor não cita NADA do que já foi publicado no País, mesmo com várias dezenas de publicações relevantes anteriores. É uma questão cultural, mas tem um impacto muito grande no modo como fazemos ciência por aqui e, evidentemente, no índice de impacto de nossas revistas.