A Mídia e a Narrativa dos Protestos


Coletamos, esta semana, dados sobre os protestos de domingo (16) e de quinta (20) no Twitter. Aqui estou mostrando um grafo referente aos tweets entre os dias 16 e 21, com a palavra-chave "protestos" (96071 nós e 139017 tweets). Em verde, vemos o grupo anti-governo, ou seja, contas que tuitaram nesses dias tendendo a criticar o governo. Em vermelho, vemos o grupo pró-governo, ou seja, contas que tuitaram tendendo a apoiar/elogiar o governo. Os nós em tamanho maior mostram contas (foquei principalmente em veículos de mídia) que mais repercutiram em um grupo ou no outro. (Atenção: Isso não significa que o veículo tuitou informações de apoio ou oposição, mas que repercutiu nestes grupos e, portanto, está colorido no mesmo tom por questões de visualização.)

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É interessante primeiramente perceber a formação de dois clusters distintos, separados, onde há tendência de apoio ou oposição. Basicamente, isso mostra que há mobilização de ambos os lados, tanto para repercutir o que é elogio como para repercutir o que é crítica. Mas também é igualmente interessante observar que, quanto mais longe da "fronteira" entre os dois grupos, menos um determinado veículo conseguiu "falar" para ambos e mais repercutiu apenas naquele cluster. Vejam, por exemplo, que o @Estadão está mais na fronteira, o que significa que, embora tenha sido mais citado no cluster de oposição, ele repercutiu também no cluster de apoio. Na mesma situação está a @BBCBrasil, embora ela tenha repercutido mais no grupo de apoio. Mas há veículos, como @veja, o @jornaloglobo, @cartacapital e etc. que estão bem distantes da fronteira, ou seja, que repercutiram quase exclusivamente dentro desses clusters, mas não fora deles.  Será interessante analisar isso no médio prazo, se a polarização continuar, se as narrativas jornalísticas também tendem a ser polarizadas ou se aproximam-se da fronteira.