[15 de maio de 2006]

Estado Paralelo

- Um belo dia, resolveram isolar um cara preso em São Paulo. O cara era um dos líderes do PCC. Resultado? Simplesmente não sei quantas cadeias se revoltaram, com mais de 200 reféns; diversos bancos e prédios comerciais foram metralhados e bombardeados; delegacias e postos policiais foram atacados, resultando em mais de 60 mortos; os ataques estãos se espalhando e já há registro de rebeliões em Mato Grosso do Sul e Paraná; enfim, um fim de semana de terror, como colocou o Terra.

Daí, os delegados, preocupados, chamaram os líderes do PCC para conversar. Compraram pizza e x-picanha para os coitados. Daí a primeira coisa que o líder do PCC diz é:

"Não, doutor, não é verdade, eu não vou matar o Rui. Eu vou matar você..."(...)"Eu posso entrar numa delegacia e matar um policial, mas um policial não pode entrar na cadeia e me matar, pois é obrigação do estado me proteger."


O engraçado é que ninguém chama isso de terrorismo. Uma ação deste porte, com essa coordenação, que se não for sinônimo de Estado paralelo, não sei o que é. Mais de 60 policiais foram assassinados, de forma sistemática e coordenada. Agências bancárias foram explodidas. Agora fico pensando no dia que resolverem chutar algum governante. Ou sei lá, cobrar pedágio da população brasileira (mais um imposto). Ou ainda, bombardearem uma escola. Acho que o Baudrillard deveria falar sobre o "estado de terror" no Brasil. É, minha gente, o "inimigo invisível", infelizmente, dorme conosco. :P

Update - É, acho que agora Sampa tá em guerra mesmo. O comércio fechou as portas, as escolas e universidades suspenderam as aulas, o trasporte público degringolou pq incendiaram metade dos ônibus, evacuaram o saguão de Congonhas por ameaças de bomba e atentados e e Febem também se revoltou. Ah, e metralharam uma viatura policial em plena manhã, no meio da rua. O Lula ofereceu o Exército e o governador de São Paulo negou (obviamente, ele tem a situação sob controle). Já tem gente defendendo o decreto de um estado de defesa.
por raquel (08:46) [comentar este post]


Comentários

MC (maio 15, 2006 1:56 PM) disse:

Ai eu fiz um super comentário, mas isso aqui bloqueia e eu não sei exatamente que palavra ele tá bloqueando :P

Raquel (maio 15, 2006 2:37 PM) disse:

hmmmm
Sorry

Cuca (maio 15, 2006 2:42 PM) disse:

Eu voto para os militares ocuparem as ruas antes que os americanos resolvam interferir "em nome da democracia" :)

Tosco (maio 16, 2006 1:01 AM) disse:

Assustador, o que anda acontecendo. Nessas horas fico bastante feliz por viver em Pelotas, onde esse tipo de coisa não chegou e acho (espero) nunca vai chegar. Por isso, quando terminar meu curso na acadepol, pretendo vir pra cá o quanto antes.
Enquanto escrevo, o número de baixas em nossa (não muito) discreta guerra civil já está em 86 seres humanos. Nem o Iraque em seus dias mais violentos conheceu chacina dessa magnitude...

Ricardo Nascimento (maio 17, 2006 11:41 AM) disse:

Eu sou de Sampa e vivi na segunda-feira o estado de caos que se instalou aqui. Realmente eu nunca tinha visto algo em toda a minha vida.

O que aconteceu? um Estado confuso e a desinformação correndo solta. Recebia e-mails e uma boataraia que só alimentaram mais a confusão. Saí do trabalho às 15h e cheguei em casa às 19h num trajeto que costumo fazer em meia-hora.

Qual a causa? Bom, eu recorro a uma das frases de Nelson Rodrigues: "subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos". Uma organização criminosa extremamente coordenada frente à forças de segurança que insistiam em dizer que estava tudo "sob controle".

O que mais me espanta são as vozes que logo se levantam falando em "pena de morte já!", "direitos humanos, não para bandidos!", "endurecimento do sistema e das leis penais", e outras coisas do gênero que ao meu ver se tratam do mais puro discurso reacionário, enquanto causas mais intangíveis como educação, saúde e política social são recorrentemente jogadas ao limbo (se é que já existiram de fato).

Enfim, isso é só um relato de um paulistano que apesar de tudo ainda continua levando a vida e acreditando em dias melhores.

Raquel (maio 18, 2006 10:23 AM) disse:

Bem, não chego no extremo de defender a pena de morte, até pq acho que não ajudaria a evitar os crimes. Mas também acho que a situação está num momento limítrofe: É possível fazer investimentos a longo prazo, como educação, saúde e etc., mas é preciso encontrar soluções para evitar um verdadeiro estado de sítio no País se o tráfico assim quiser. O que me parece, é que as soluções a longo prazo precisam existir, mas não mudarão o status quo porque já se passou do momento em que essas medidas, por si só, resolveriam o problema. O tráfico JÁ É um estado paralelo. E é preciso tomar uma medida contra isso agora, também.

nokr qchti (fevereiro 4, 2007 6:33 AM) disse:

stqjyhoxu xkpowtcv tkcg xyhudeplt akdnvrhtc wkonh lhbqmisey

Comente este post