[22 de novembro de 2011]

Facebook, Grau de Separação e Redes Sociais

220px-Six_degrees_of_separation.pngHoje foi divulgado um novo estudo sobre o Facebook (na verdade, novos dados) e o quão conectadas estão as pessoas. Dentre os nomes por trás do trabalho está o do Jon Kleinberg, respeitadíssimo no mundo dos estudos sobre redes. Bem, nenhuma surpresa, o trabalho apontou que o grau de separação médio entre quaisquer duas pessoas no Facebook é de 4,74, ou seja, bastante inferior ao popular 6 (6 graus de separação) do famoso estudo do Milgram em 1967. (Para quem não conhece, o experimento do Milgram pode ser lido aqui. )

A novidade, na verdade, não é bem uma novidade. Afinal de contas, sabemos que os sites de rede social complexificaram os conceitos de "amigos" e "conhecidos", de forma bem diferente daquela do estudo do Milgram. Primeiro porque, como eu já expliquei em alguns artigos, o custo de criação e manutenção de conexões sociais nessas ferramentas é muito baixo. Ou seja, é natural que as pessoas tenham mais conexões no online do que efetivamente são capazes de manter no offline. Assim, você deve ter muito mais "amigos" no Facebook do que realmente tem na vida offline. Isso porque muitos dos seus "amigos" no Facebook são pessoas que você mal conhece, que foram colegas antigos ou mesmo amigos de amigos. Com isso, as redes sociais que são apresentadas na ferramenta são muito maiores do que as redes sociais offline. Por exemplo, os mesmos dados do estudo mostram que a média de amigos no FB é de 190 pessoas. O número, embora relativamente baixo para sites de rede social, é muito alto se compararmos com o offline. Quem é que tem e consegue manter 190 amigos de verdade?

O elemento mais importante, entretanto, é que essa prática social de acrescentar pessoas tem um impacto muito relevante no mundo. Quanto mais amigos você e seus amigos têm, mais interconectada é uma rede. Mais próximas ficam as pessoas dentro dessa rede. E menor é o grau de separação entre todos. Quanto mais próximas as pessoas, mais elas podem interagir entre si e receber informações. Aliás, mais rápido circulam essas informações dentro da rede. Ou seja, é porque as pessoas apropriam as redes como um espaço de coleção de conexões que as informações circulam mais e mais rápido (e não falo só de informações jornalisticas ou memes, mas igualmente de informações sociais - o popular social browsing, prática comum nos SRSs). Assim, ter conexões na rede é um valor, é um tipo de capital social relevante que traz aos membros da rede benefícios. A rede social online, portanto, é sim diferente da offline. Ela é mais fácil de ser mantida e tem um impacto muito grande em vários aspectos da vida das pessoas.

Assim, embora o trabalho do time do Facebook não seja comparável com o do Milgram (que usou redes offline, muito menores e mais limitadas), traz elementos importantes, como a evidência final de que esses sites reduzem sim a distância da rede social. Resta agora, tentar compreender que tipo de efeitos isso tem na circulação de informações na sociedade como um todo. A minha hipótese é que nas redes online as pessoas têm acesso a valores diferentes de capital social do que aqueles das redes offline. Com isso, tipos de informações diferentes circulariam nas duas redes (já defendi isso em outros artigos, como este).
por raquel (07:14) [comentar este post]


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