[29 de abril de 2012]

Grafos Eleição Reitoria UFPel - Twitter

Post com update de dados e de mais uma conta no dia 29/04, 14:18.

Pensando aqui em como usar grafos para compreender percepções dos eleitores a respeito dos pleitos resolvi (eu e o grupo de pesquisa) testar algumas coisas. Para isso, tomei como caso as eleições para a reitoria da Universidade Federal de Pelotas, que tem seis chapas com candidatos de vários institutos e centros. Algumas observações iniciais:

  • Não trabalho na UFPel e não apoio (nem desapoio) nenhuma das chapas. Esse trabalho tem apenas o objetivo de tentar entender como as pessoas usam a mídia social para campanhas políticas e que tipo de dados podem ser observados.
  • Apesar de ter procurado todas as chapas no Twitter, só consegui encontrar cinco. Vi que alguns candidatos estão fazendo campanha em contas pessoais, mas essas contas não entraram na coleta de dados, apenas as contas "de campanha", ou seja, que tinham o título da chapa. Chapa que eu não encontrei a conta: Chapa 5 – A UFPel pode mais: ciência, cultura e cidadania (Paulo e Fábio).
  • Os alunos parecem pouquíssimo mobilizados. Em várias buscas pelo tema, encontrei poucas menções, a maioria relativa a contas de professores (e alguns funcionários). Poucos alunos manifestaram-se a respeito das eleições. Veremos mais adiante e mais perto do pleito.
  • Por conta disso, analisei apenas os grafos/dados dos seguidores das contas. A hipótese era tentar compreender quem era o público que estava "escutando" aquela conta e/ou apoiando e que tipo de indicativo poderia ver nisso.
  • As cores nos grafos representam os "grupos" de seguidores. Coletei 1,5 graus, ou seja, quem dos seguidores se segue também aparece no grafo. Quanto menos cores, maior o número de interconexões entre os nós; quanto mais cores, menor o número de interconexões. A idéia é mostrar (parcialmente) quantos "grupos" diferentes a conta tem entre os seguidores. A hipótese é que quanto mais diferentes os grupos de seguidores, maior a heterogeneidade/heterofilia da rede e maior a diferenciação na audiência, o que supostamente poderia ser bom para o candidato, uma vez que está atingindo não apenas um único grupo. Ah, os grupos aparecem divididos por Coeficiente de Clusterização. Usei o Clausett-Newman-Moore.
  • Todas as chapas não usam o Twitter de forma conversacional. Coletando os dados das conversações, obtive pouquíssimas conversações com a rede em todos os casos. As contas, portanto, estão mais preocupadas em informar.
  • Os nós maiores representam a conta coletada.
  • Para ver a imagem em tamanho maior, clique no grafo.


Chapa 1 - Manoel e Márcia (A UFPel que você quer). Conta: @manoelemarcia. Seguidores: 148

Essa foi a chapa que parece abarcar, entre os seguidores, o maior número de grupos. Embora várias das contas pareçam inativas (com poucos tweets/nenhum tweet), tem um grande número de seguidores com também um grande número de seguidores, o que tecnicamente amplifica a audiência.

manoelmarciacurvadogrupos.png

Chapa 2 - Odir e Alexandre (Juntos pela UFPel). Conta: @juntospelaufpel. Seguidores: 53

A conta dessa chapa concentra dois grandes grupos de seguidores: Aquelas da Computação/Informática/Tecnologia (azul claro) e aquelas da ESEF (Escola de Educação Física)(azul escuro), que são as áreas dos candidatos. É um grupo bastante fechado de pessoas, entretanto, bastante ativo.

odirseguidorescurvo.png

Chapa 3 - Luciane e Margarida (Universidade Viva). Conta: @vivaufpel. Seguidores: 76

O grafo dessa chapa é bem semelhante ao da anterior. Há concentração de grupos de seguidores, notadamente entre Enfermagem (verde) e Meteorologia (azul). Suponho também que sejam as sedes dos candidatos. Também aparecem grupos fechados no grafo, entretanto, com mais grupos que a chapa anterior.

vivaufpelseguidorescurva.png

Chapa 4 - Mauro e Carlos Rogério (Reconstrução).(Essa contra agora mudou de nome p/ @MovReconstrução. Qdo coletei os dados, entretanto, o nome era @reconstruir_) Seguidores: 80

Essa é a conta mais clusterizada de todas. Interessantemente, apesar do destaque de dois grandes grupos que eu não consegui divisar direito porque há muita conta interna da UFPel, além de um grande número de contas vinculadas a veículos/blogs e pessoas da mídia. Basicamente, os grupos aqui seriam "UFPel"(contas vinculadas a cursos, docentes, setores e etc.) e "não-UFPel"(contas externas).

reconstruirgruposcurvo.png

Chapa 6 - UFPel plural e participativa (Eliana e Miguel). Conta: @plural_ufpel

chapa6.png

Essa foi a chapa com o menor número de seguidores (só 23) e por isso o grafo também ficou pequeno e pouco produtivo em termos de números. Entretanto, também temos dois grupos claros (interno e externo à UFPel, como na chapa anterior).

Outros Dados:

redesreitoriaufpel.jpg

A tabela acima faz um resumo dos dados coletados. Temos o número da chapa em cima, o número de seguidores, o que eu chamei de "reach" que é o número total de nós da rede (1,5 grau de separação, ou seja, o número de nós que apareceu na coleta de dados e que de alguma forma está conectado à conta em questão), o grau de clusterização (quanto mais conectados estão os nós uns aos outros na rede, maior o grau).

O que esses elementos parecem dizer na minha interpretação: Número de seguidores é a possível audiência real que o nó tem, obviamente, quanto maior melhor seria (ressalvas que nem sempre número=efetiva atenção e podem aparecer contas inativas/spam); Reach é outra medida possível de audiência em termos de rede, uma vez que indica quantos nós estão efetivamente conectados à conta em 1,5 graus (também parece ser da ordem do quanto maior, melhor, mas com a mesma ressalva anterior), creio que poderíamos chamar de audiência potencial; e o grau de clusterização pode indicar o quao homogênea é a rede em questão. Neste caso, um número mais alto pode ser ruim (menos audiência diferenciada) e bom (maior engajamento dos pares na campanha).

Todas as contas usam pouco o Twitter para construir relacionamento com os seguidores. Há vários nós comuns a todas as contas (suponho que pessoas indecisas, setores interessados em acompanhar o debate e etc.). Entretanto, a conta que mais tem seguidores internos à UFPel é a @reconstruir_. A conta que tem maior número de seguidores e que parece ter maior audiência é a @manoelemarcia e a que mais reverbera (mais RTs e mais participação) parece ser a do @juntospelaUFPel. Importante salientar que esses dados foram coletados durante estas últimas duas semanas e que, portanto, podem não refletir mais a campanha na sua integralidade.

Pretendo fazer mais algumas coletas em momentos mais próximos ao final da campanha e às eleições. Vamos ver o que aparece e como os dados posteriores podem ser comparados a estes. Ah sim, se alguém souber as contas do Twitter das demais chapas, pode me enviar um email (ali em cima, embaixo da foto). Os comentários não estão funcionando. :-(
por raquel (08:54) [comentar este post]


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