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abril 6, 2003

Sampa, again

A maior parte dos preconceitos que você tem não são bem preconceitos. São conceitos que você teve com outra mentalidade. Uma vasculhada rápida na consciência sempre acaba levando a algum fato da infância, impreterivelmente. Nós adultos não pensamos como crianças, mas estamos fadados a lembrarmos os resquícios de uma.

Minha primeira visita à cidade de São Paulo foi há bastante tempo, mas a primeira que deixou alguma coisa gravada em minha memória, e estabeleceu meus preconceitos, foi em algum ano próximo a 1992. Desde então, minha idéia era de uma cidade excessivamente agitada, com locais horríveis por onde facilmente alguém poderia se perder e nunca mais ser encontrado. Lembro bem do meu medo de as portas do metrô se fecharem e eu ficar do lado de dentro enquanto as pessoas que me acompanhavam ficavam do lado de fora. Nas noites, imaginava como seria viver perdido dentro da estação do metrô. Não era algo agradável, acredite.

Levou 8 anos para que eu voltasse à cidade e visse tudo com novos olhos. E só o que posso dizer é: não acredite muito na São Paulo da televisão, vá lá conferir. Tudo bem, há a violência e a poluição, mas de perto essas coisas parecem mais longínquas, a cultura e agito da cidade amenizam e desfocam essas perturbações. Claro que essa só é uma opinião válida para quem, como eu, sai de lá com a carteira intacta e os pulmões saudáveis. Não estou dizendo, como na piada, que "tirando todos os problemas, é ótimo". Digo apenas que não se deve deixar os problemas esconderem o que há de bom. E há muita coisa boa, desde cultura instantânea em diversos museus até um comércio rico em variedade e qualidade. E os metrôs!

Os metrôs são uma pequena maravilha. Creio que são o mais próximo de teletransporte que temos. Você entra num tunelzinho, depois numa coisa de metal e de repente se vê do outro lado da cidade. Experimente sair do terminal Conceição, uma Nova York estilizada, e chegar no Liberdade, uma maquete do Japão. É algo.

Seja como for, hoje tenho um novo conceito da cidade, muito melhorado. Não é o suficiente, talvez, para querer ir morar lá, mas com certeza mais que suficiente para querer visitar mais vezes. Mas ainda olho com certo ressentimento para as portas do metrô...

11 comentarios

A minha idéia de Sao Paulo é uma cidade monstra, onde tudo é longe e naum se pode sair na rua sem o risco de ser assaltado e morto. Mas eu gostei muito da Liberdade, era outro mundo dentro de Sampa, muito tri. :)))

Ah sim, e a minha idéia remonta a ...sei lá, 1989, 1990, por aí. Também deve ser um pouco de preconceito, jah que minha tia não me deixava sair na rua e ver nada. Andava só de carro. :P

conceição?
ou consolação? =)
eu tb tinha maior medão do metrô!

São Paulo é uma cidade rápida (exceto pelo trânsito nas marginais logo cedo e de tardezinha).
Boa para quem gosta de muito movimento. Opções de entretenimento infinitas. Quase qualquer coisa disponível 24x7. Mas...
O concreto e o asfalto que não terminam são opressivos (principalmente em dias quentes); a cidade fica nublada uma grande parte da semana por causa da poluição; o ar é ruim de respirar; o trânsito é sempre estressante (seja pelos engarrafamentos, seja pelas fechadas (manobra comum e autorizada pelo status quo local), seja pelos assaltos); e tem muita gente.
Este último é o mais grave, pois, como diria a Raquel: "eu odeio gente".

consolaçããão, meu querido

Consolação, isso isso. Ei, dê um desconto, é minha primeira ida como pessoa consciente. :)

Tentando atravessar a Avenida Paulista, a única coisa que me veio em mente foi o Matrix. Fiquei até esperando uma loira de vermelho ou o agente Smith apontando uma arma :D

To bricando. Várias pessoas de cada lado da avenida, se cruzando no centro e simplesmente passando umas pelas outras.
Cada uma com sua idnividualidade. Cada uma com sua vida, seus problemas. Cada uma com seus medos e sentimentos.
Todas ali. E ao mesmo tempo tão longe.

Esse a ideia de uma cidade como São Paulo. É uma cidade onde tudo anda. Onde se encontra o que se quer. Onde pessoas estão por todos os lados, e ao mesmo tempo uma cidade que te faz sentir minúsculo. Insignificante.

Fui lá quando tinha 11 anos. Andar na Avenida Paulista foi coisa de cinema. Aquele pessoal de terno ou tailleur andando apressado na minha volta parecia de plástico. E o metrô é fantástico mesmo.

Nunca fiquei mais de um dia.

Minha irmã mais velha morou um ano na São Paulo capital e o marido dela foi assaltado com direito a arma na cabeça e tudo. Ela agora mora em Curitiba. :P

Para morar em São Paulo é só nào assistir o "Cidade Alerta" :D

Legal! Fui também lá pelos 10 anos mas claro que não visitei muita coisa. O Rio já fui outras vezes e não vi aquela violência horrível. Niterói, por ex, é linda! Até Porto Alegre agora tão falando essas coisas, mas também acho uma cidade incrível, talvez minha preferida.

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Esta página contiene una sola entrada realizada por ricardo y publicada el abril 6, 2003 2:08 AM.

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