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janeiro 30, 2005

Como a mente funciona

Há quase um ano me foi emprestado (valeu Cris!) um livro chamado "Como a mente funciona", do cientista cognitivo Steven Pinker. Eu não tinha ouvido falar nem do autor nem do livro e minha primeira impressão, pelo título, é que se tratava de um livro sobre o cérebro. Eu esperava descrições de áreas que fazem determinadas coisas e o que já se sabe sobre a fisiologia do cérebro e da mente. Como meu interesse sobre isso é limitado, adiei o quanto pude a leitura. Até algumas semanas atrás.

Apesar de meu palpite estar correto, o livro é muito mais do que fisiologia. O título bem poderia ser "O manual da humanidade" ou "Humans for dummies". Enquanto há realmente o lado fisiológico, Pinker parte unicamente da Teoria da Evolução para explicar não unicamente como a mente funciona, mas o porquê dela funcionar assim e as conseqüências disso para a sociedade.

O resultado desta abordagem são explicações para a maioria dos fenômenos sociológicos, psicológicos e criminológicos com que convivemos. Apesar de algumas vezes o livro se tornar simplista demais, ou recusar-se a admitir que a metodologia deve admitir outras hipóteses tão boas quanto as que ele oferece, é difícil não se sentir atraído pelas idéias. Um pouco por elas parecerem naturais, mas muito por partirem de premissas muito simples. Tudo que o leitor necessita para compreender é uma mínima compreensão da Teoria da Evolução.

As áreas que Pinker tenta abranger não são modestas. A lógica da guerra, sexualidade, religião, sociedades, violência, felicidade, emoções em geral. Todos são assuntos tratados com a mesma base evolucionista.

Há outra coisa muito boa no livro: relatos de experimentos feitos com pessoas que têm danos em áreas específicas do cérebro. Há quem reconheça objetos, mas não faces (um smiley para essas pessoas é só dois pontos e um arco). Há quem não tenha visão estereoscópica (não conseguem ver em três dimensões). Há quem não diferencie objeto de pessoas (e sugere-se que esse é o problema dos autistas). Acho tais relatos sensacionais e a maior fonte de insights sobre como nossa mente é dividida.

Enfim, livro excelente. Recomendo a todos que querem entender um pouco sobre o porquê do mundo dos humanos (e maioria dos mamíferos) ser do jeito que é. Apenas corre-se o risco de perder um pouco de fé na humanidade, mas não mais do que meia dúzia de manchetes no jornal diário já fazem.


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18 comentarios

ta naaam vc leu

eu te emprestei esse livro com um proposito maligno. q a IA forte nao pode funcionar. heheh. qdo vc ve q pessoas sem um pedaco do cerebro consideram um smiley apenas dois pontos e um arco, ae vc pensa como diabos q um robo vai sacar coisas e metaforizar e tal.

anh sim. nao me lembro se nesse livro fala, mas acho chocante aquelas pessoas q nao enxergam movimento. soh veem as coisas quadro a quadro. uma hora a xicara de cafe esta vazia, depois o cafe jorra no ar paralisadamente, depois a xicara encontra-se cheia.

deve ser mto bisonho.

ou as pessoas q nao enxergam cor e nao soh nao enxergam como nao tem mais memoria de cor. pra elas o mundo sempre foi pb.
...

meu padrinho nao enxerga cor, assim como no teu ultimo exemplo, criz.

Ih, Cris. Pra mim esse argumento é em favor da IA forte. Se sabemos que partes do cérebro fazem determinadas coisas, significa que ele é um sistema que pode ser quebrado em partes e, assim, há chances de poder ser reproduzido em outro tipo de matéria que não carne :)

Se descobrissem que não importa o quanto tu destrói o cérebro, a pessoa segue tão inteligente como sempre foi, isso sim seria algo contra a IA forte, pois mostraria que a inteligência está além de qualquer coisa que podemos compreender e, possivelmente, além do mundo físico.

Esses dias vi um artigo sobre um cara cego de nascença mas que desenha coisas com uma realidade impressionante. Perspectiva é algo que até pessoas com visão boa têm trabalho de desenhar, o cara desenha sem problemas. E usa cores de modo correto também, inclusive sombras!

Estão usando o cara para mostrar que já nascemos com uma noção de como o mundo é e que isso não é inteiramente aprendido.

E sobre essas pessoasm que não vêem movimento, dependendo do referencial talvez nós também não vejamos. Coisas que acontecem de forma muito rápida nós vemos como instantâneas (ninguém vê o filme rolando no cinema), essas pessoas talvez só vejam movimento em uma escala diferente da nossa. Na verdade, eu esperaria que isso fosse até mais comum por aí. Ainda acho mais chocante a pessoa para quem outras pessoas são nada mais que objetos (não compreendem o conceito de intencionalidade).

td bem, nao me importo de nao te convencer, o q vale eh o brainstorming.

mas eu nao entendo como q vai se fazer o robo entender o conceito de pessoa. o robo vai ser sempre "autista".. como resolver isto?

Eu acho que vai ter um bit na memória dele que vai se ligar quando o que ele estiver vendo for uma pessoa ou parte de uma pessoa... Acho que é assim que nós funcionamos, só que não conseguimos descrever a sensação de ter um bit ligado no nosso cérebro. :)

Tô querendo ler esse livro desde que vi a capa, mais ou menos um ano atrás (sim, eu julgo os livros pelas capas). Quero emprestado! Posso pegar, Criz? :)

Já comentei esta citação contigo, mas tendo em vista o teu post, aqui vai de novo:
"Se o cérebo fosse algo tão simples, seríamos tão simples que não conseguiríamos explicá-lo". Esse livro já foi muito criticado, Ricardo. Só o título presunçoso e marqueteiro já assusta.

Bem, ele não é um livro científico realmente. O que ele faz é citar trabalhos anteriores e tentar organizar em um contexto maior. Em estilo, lembra MUITO o Steven Johnson no "Emergência", inclusive com os mesmos problemas que são inatos deste tipo de abordagem.

Mas ele também não é pretensioso a ponto de achar que tudo que ele afirma é verdade. Ele apresenta um ponto de vista, uma argumentação, que eu acho bastante razoável. Interessantemente, ele argumenta que realmente talvez nosso cérebro não seja equipado para responder todas perguntas que ele é capaz de fazer. Entre elas, compreender o próprio cérebro.

Duas sugestões de outros livros sobre a mente a partir de PSEUDO-ciência: Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner, e Inteligência Emocional, de Daniel Golleman. O primeiro é bastante influtente em educação neo-behaviorista e em Inteligência Artificial. CUIDADO: farta quantidade de bobagens com cara de verdade!

adorei a resposta de "cr".
por q???
porque, o dia que a humanidade consegui fazer um robo que tente responder as questões da vida sem precisar pergunta nem precisar de ajuda, ai sim fizemos um ser-humano metalico.

Estou lendo e relendo o livro. Como profissional de psicologia na área cognitivo-comportamental, já li vários livros,mas este é indescritível por sua complexidade e importância. Vale a pena conferir. Da simplicidade a complexidade ele tenta dar sentido as emoções, cognição e comportamento. É sensacional.

A obra de Pinker é uma ótima iniciativa na missão, inconsciente da ciência, de retirar a mente da classe de mistério e elevar a mesma à categoria de problema. Como o próprio autor afirma, logo no segundo parágrafo do prefácio, “não entendemos como a mente funcionaâ€. Falou a pura verdade – entender como um mecanismo funciona é necessário reduzir esse engenho às suas unidades e estudá-las, uma a uma.
Por favor, não façam caretas! A obra a mente humana em raios x desvenda esse enigma, ou o autor pensa que desvendou.

Estou com um livro q me emprestaram seu nome é "EXERCITE SUA MENTE" das autoras Elisandra Villela Gasparetto e Valéria Lasca estou curiosa para ler se me enteressar provavelmente comprarei este q vc indica...

gostei deste trecho do livro mesmo q eu n tenha entendido nada, brincadeirinha.

Estou com este livro real-mente interesante a vários pontos que abriram novas áreas da minha ´cognição´ sobre fatos ´comportamentais´

Excelente leitura para que busca uma nova visão!

Quero saber quem é o ultra mega gênio que vai escrever os algoritmos de todas as funções que o cérebro é capaz de desempenhar e, pior, fazer com que funcionem interligados como os neurônios.
Este homem de lata, de certo, não vai ter coração.

Sobre esta entrada

Esta página contiene una sola entrada realizada por ricardo y publicada el janeiro 30, 2005 2:47 AM.

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