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março 29, 2005

A Escalada do Monte Improvável

Comprei e terminei a leitura de "A Escalada do Monte Improvável", de Richard Dawkins. Dawkins é considerado um dos mais influentes pensadores especializados na teoria da evolução e achei que já estava na hora de ler algo dele, já que apenas havia lido até então livros do seu suposto competidor Stephen J. Gould.

O livro é coeso e interessante para quem ainda não compreendeu a teoria da evolução, mas dificilmente apresenta algo novo. A mensagem principal é: a evolução não dá saltos evolutivos, nem exige que tais saltos existam, mas toda evolução é gradativa, ainda que não necessariamente lenta. Isto é um dos fundamentos da teoria da evolução e, portanto, creio que o livro apenas exista como uma resposta ao crescente movimento criacionista atual (muitos criacionistas tendem a dizer que a evolução exige saltos evolutivos direcionados, o que excluiria a aleatoriedade).

Assim, o livro é mais uma mastigação com exemplos da teoria da evolução. Mas não é bem escrito. Dawkins se repete muito e tem um estilo chato de se ler. Este último problema, porém, talvez possa ser atribuído à tradução.

Nem mesmo sua metáfora, a de que a evolução é uma escalada até picos de perfeição, é muito boa. Claro que perfeição não é em termos absolutos, mas sim uma medida de adaptação, mas a metáfora não deixa isso claro e poderia-se pensar que a evolução direciona os seres vivos a pontos específicos, perfeitos e pré-existentes, o que é semelhante a pensar que a evolução sempre direciona seres vivos à complexidade.

Eu particularmente vejo o monte improvável como um monte feito de gelatina. Enquanto espécies começam a subir os morros, estes mudam de forma, alteram seus picos e suas formas. Não há nada fixo e constante.

Mas voltando ao livro, o que o salva são as centenas de exemplos da engenhosidade da evolução e o raciocínio tortuoso para tentar explicar de onde saíram formas e modos de vida de tantos seres vivos. Nisto Dawkins faz um excelente trabalho.


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4 comentarios

Olá.

Gostei de sua resenha, mas eu achei o livro bem melhor do que você o apresenta. É preciso lembrar que foi escrito para leigos, bem mais leigos que você, que já tomou contato com os livros do arqui-inimigo de Dawkins, Gould..:-) Assim, ser repetitivo não é exatamente um demérito.
E quanto a sua afirmação de que saltos evolutivos excluem a aleatoriedade, não é correto. Os saltos, tanto quanto as mudanças mínimas do processo tradicional, são sempre aleatórios. Apenas quando o salto acaba em uma ponto "melhor" é que é mantido, como qualquer variação tradicional.
Como gosta de Gould (eu tambem gosto, mas prefiro o estilo de Dawkins..:-), ele tem um exemplo ótimo, do bebado que anda pela calçada. Como existe a parede de um lado e a sargeta do outro, não importa quanto tempo leve, o bebado acabará caido na sargeta. Para quem observa apenas o resultado, parecerá que todos os bebados "se dirigem" à sargeta, mas o movimento será sempre aleatório.
Um abraço.

Verdade, me expressei mal. A Teoria apenas não EXIGE saltos "grandes", apesar de eles poderem teoricamente existirem.

Mas eu não disse que excluem a aleatoriedade, bem sei que toda evolução fundamenta-se na aleatoriedade, caso contrário eu seria um criacionista! Eu só comentei que exatamente os criacionistas acreditam em evolução dirigida, controlada, direcionada. E que isso sim exclui aleatoriedade.

Eu estava na dúvida se compraria ou não este livro. Na verdade, já li algumas coisas so Dawkins e não gosto do jeito que ele escreve (pode mesmo ser culpa da tradução), repetivivo, cansativo. Mas agora tenho certeza: vou comprar outro livro. rs
um abraço.

Nossa, sua leitura de Dawkins está bem comprometida com os argumentos de Gould.Apesar de você não parecer criacionista, acredito que tem um equívoco sobre sua fundamentação teórica textual:
Por exemplo, concordo com o repetitivo, mas ele escreve para leigos e forçosamente ele utiliza esta repetição como afirmação de uma conceito que ele defende.
Fica claro para mim como leitora, que quando o fundamentalismo religioso diz que a evolução é improvável para ser verdade e existir, Dawkins traz este augumento para o título de seu livro, dando continuidade às suas pesquisas para afirmar que mesmo a teoria da evolução sendo combatida, existem um milhão de exemplos para afirmar a posição do homem no pensamento contemporâneo.

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Esta página contiene una sola entrada realizada por ricardo y publicada el março 29, 2005 1:01 PM.

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