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março 30, 2005

Aleatoriedade e Teoria dos Jogos

Divagação aleatória só para registrar uma linha de pensamento antes que ela se vá.

Na Teoria dos Jogos, a teoria que estuda o resultado de interações de agentes inteligentes (veja Uma Mente Brilhante), considera-se os agentes como pessoas racionais e que tomam decisões perfeitas o tempo todo. Se você sabe que a outra pessoa é tão inteligente quanto você, então é possível prever seus movimentos para obter alguma vantagem (em um mercado, por exemplo). A outra pessoa vai prever suas previsões também e assim por diante até chegar em um equilíbrio, isto é, um ponto onde a previsão das previsões não muda a ação que você deveria realizar.

Obviamente não somos tão inteligentes e só conseguimos seguir uma linha finita e pequena de raciocínios desse tipo. Porém, ainda assim somos um tanto iguais e conseguimos prever um pouco o que uma pessoa fará, apenas supondo que ela fará coisas racionais (isto é, que fazem sentido).

Uma maneira de uma pessoa se defender de outas pessoas tentando prever suas ações é agir de modo irracional. Mas isto seria impossível, pois agir irracionalmente seria então racional e a outra pessoa preveria isso também. Você sempre pode pensar "ah, ela escolheria A, mas como está agindo irracionalmente vai escolher B".

Entra então a sorte. E minha tese é que é por isso que tanta gente consulta cartas, búzios, mediuns ou mesmo jogam moedas para decidirem o que fazer. Isso adiciona aleatoriedade nas decisões, que são tomadas sem nenhuma base racional. Outras pessoas tentando prever as ações desta sairão frustradas, pois sabe-se lá qual vai ser o resultado de uma moeda ou o que um maluco vai sugerir que a pessoa faça.

Claro que as pessoas não vão consultar seu método sobrenatural favorito pensando em aleatorizar suas decisões. Mas ao longo da evolução humana, esse comportamento pode ter sido desenvolvido em nosso cérebro na forma de emoções específicas (como acreditar em coisas sobrenaturais) exatamente para evitar a exploração possível de previsões de comportamento racional. Alguns milhares de anos atrás algum ancestral mutante que jogava uma pedra para cima para decidir o que fazer levou uma vantagem em cima de um competidor que era cético e racional que não conseguiu prever o que o outro faria.

E alguns milhares de anos depois, temos o John Edwards na TV.

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