Archivos julho 2006

julho 19, 2006

Pesadelo

São coisas como essa que não me deixam dormir a noite.

Parece-me possível usar o fenômeno das fendas duplas no nível quântico para testar algoritmos de criptografia ou pelo menos funções de "uma mão". Grava-se a informação, criptografa-se os dados e verifica-se se há ou não franjas. Se há franjas, o algoritmo funciona, caso contrário não. Seria uma prova tão forte quanto uma prova teórica...

Ou não. Se acreditarmos que tal prova é uma prova realmente forte, então ela realmente será - pois jamais tentaremos quebrar a criptografia e ler os resultados. Mesmo se a criptografia for fraca. As franjas apareceriam se o algoritmo for correto OU se acreditarmos que o algoritmo é correto. Pior. É necessário que todos os seres humanos ou seres pensantes que vierem a existir e ter acesso aos dados acreditem que é um algoritmo correto e não tentem quebrar o código. A presença de franjas seria a garantia de que nunca ninguém irá conseguir quebrar o código, seja por incapacidade ou por nunca tentar, o que na prática é o mesmo que ter um excelente algoritmo de criptografia.

Que diabos. Podemos fazer melhor. Criptografamos com um algoritmo reconhecidamente forte, que necessite uma senha (reconhecido talvez pelo experimento anterior, utilizando inicialmente senhas aleatórias devidamente apagadas após o processo). Enviamos a senha para o espaço, literalmente, para uma galáxia distante. Se não houverem franjas, significa que um dia conseguiremos rehaver a senha - isto é, conseguiremos alcançar a chave. Ou algo pensante alcançará a chave e virá à Terra obter os dados criptografados. De qualquer forma, teremos contato no futuro com galáxias distantes. E se enviarmos a chave usando ondas eletromagnéticas, em princípio JAMAIS alcançaremos a chave - mas se não houverem franjas, então deve haver vida inteligente para onde apontamos a senha, pois teríamos que viajar mais rápido que a luz para que nós mesmos pudessemos alcançar a senha. E saberemos que teremos construído um registro muito durável dos dados. Assim, o experimento da dupla fenda no nível quântico é uma bola de cristal se bem usado.

Bicho-papão nada. No meu armário tem uma fenda dupla. Minha esperança é que daqui a 50 anos iremos rir desse experimento dizendo algo como "haha e aí o cara esqueceu de tirar os óculos, o que causava a refração haha cientistas dessa época eram tão estúpidos".

julho 14, 2006

Enquanto isso...

Saiu o primeiro beta do Firefox 2.0. Conta com excelentes recursos, muitos deles já presentes no Opera há algumas versões. No entanto, o Opera tem me incomodado devido a sua incompatibilidade com alguns serviços novos do Google, como o Spreadsheets.

Uma versão preview do Miranda 0.5 também saiu e é muito melhor que a 0.4. Trata-se de um software que integra MSN, ICQ, GoogleTalk, AIM e outros protocolos. Muito útil para quem usa mais de um. Tive que abandonar o que eu usava antes, o Trillian, pois estava consumindo muito processador por algum motivo estranho. E o Miranda mostra avatares na lista de contatos, o que é um adicional interessante.

Encomendei o DVD do Windows Vista Beta 2. Me enviaram dois DVD's, um para arquitetura 32 bits e outro para 64 bits. Só não tenho onde instalar, creio que vou deixar na Furg para os alunos se divertirem.

Estou terminando de ler Big Bang, do Simon Singh. Excelente.

julho 1, 2006

Futebol e Ciência

O post logo após a derrota do Brasil pela França nas quartas-de-finais é coincidência até onde eu sei. Mas pode ser que filosofia exija alguma dose de sobriedade que só a saída de uma Copa do Mundo permite.

Já foi dito que a Copa do Mundo adora odiar tecnologia, exceto nas transmissões das imagens. Mas se em algum nível as narrações e comentários dos principais canais de televisão refletem o pensamento comum dos técnicos das seleções, é possível que o futebol (brasileiro) também adore odiar ciência em geral.

Em uma entrevista coletiva recente, o técnico de Portugal, o brasileiro Luiz "Felipão" Scolari, afirmou ser um técnico da moda antiga. O que me fez perguntar o que é ser um técnico moderno exatamente. A primeira imagem de técnico moderno que me vem a mente é imprecisa: uma foto de Telê Santana como técnico do São Paulo (acho eu, os fãs que me corrijam) e com um notebook na mão durante um treino. Nunca soube o que ele via naquela tela e hoje temo que não fosse mais que um Paint onde ele rabiscava esquemas táticos. Ou um jogo de Paciência.

O economista Brian Arthur, no início da sua carreira, comentou com seu orientador que seu desejo era trazer a Economia (a ciência) para o século XXI. Seu orientador respondeu que, antes disso, a Economia tinha que alcançar o século XVIII. Do futebol tenho essa impressão também - mal podemos falar em um futebol atual se sequer temos um futebol moderno para nos basear.

O que seria um futebol moderno? Eu imagino algo mais próximo do baseball americano. Os jogadores têm estatísticas bem definidas que são acumuladas durante a carreira e são escolhidos e rejeitados com base nessas estatísticas, e não na potencialidade de jogadas milagrosas. O técnico não precisa ficar se justificando, os números falam por si só. Hoje, me parece, isso é feito de forma apenas implícita e de forma imperfeita. Uma análise mais quantitativa das diversas qualidades dos jogadores disponíveis permitiria decisões mais objetivas e eficientes. O futebol moderno também seria estratégico e não apenas tático, usando Teoria dos Jogos para tentar modelar possíveis resultados de diferentes estratégias. Hoje, cada time tenta se adaptar ao jogo do outro mas duvido muito que considerem que cada time está se adaptando um ao outro e que isso pode ser explorado para ou quebrar a expectativa comum ou para, pelo menos, equilibrar o jogo.

E o futebol do futuro? O futebol do futuro deixaria de ver uma partida como um jogo onde dois times parecem jogar sozinhos. Hoje é comum mencionar como um time está ruim em uma partida ou como em outra partida estava melhor, como se o adversário não fizesse a menor diferença para a qualidade do time. Um time só é bom ou ruim em relação a outro. Reconhecer o jogo como um sistema complexo onde a interação entre os times gera nichos e possibilidades de adaptação é um primeiro passo. Um segundo passo é livrar-se de esquemas táticos fixos e treinar o time para se adaptar sozinho ao outro time durante o jogo - aprender a ver possibilidades e falhas e aproveitá-las. Isso é o que ficamos o jogo todo esperando dos "gênios", que fazem isso implicitamente, mas sem conhecimento. Sistematizar esses momentos de genialidade é o passo crucial para um futebol realmente moderno.

Um futebol com essa abordagem passa a ser muito mais tático e assume que jogadores hábeis estão disponíveis e cujas habilidades sejam bem quantificadas. E passa a exigir muito mais cérebro desses jogadores. E dos técnicos. Assim, talvez o futebol se torne um esporte interessante e não apenas emocionante.

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