Archivos abril 2007

abril 26, 2007

At Home In The Universe

Estou lendo "At Home In The Universe", de Stuart Kauffman - mais um dos grandões do Santa Fe Institute. O livro é de divulgação científica e o que está sendo divulgado é a tese de Kauffman de que a existência de vida não é um mero acaso, é praticamente uma necessidade. E a explicação é dada por sistemas auto-catalíticos.

O problema sendo abordado, de forma grosseira, é de que é muito, muito improvável que a vida tenha surgido em qualquer coisa parecida com um caldo primordial - a probabilidade de que um conjunto de moléculas se juntassem ao acaso tornando possível a reprodução e toda seleção natural é simplesmente fantasticamente pequena e o tempo de existência da Terra seria insuficiente para tal processo acontecer. Kauffman, citando alguém, compara com a probabilidade de um furacão passar em um ferro-velho e montar um Boeing no processo.

A teoria de Kauffman é a de que as coisas não são tão ao acaso assim, isto é, não seria necessário ficar torcendo para que as moléculas corretas se chocassem nas proporções corretas - existem processos bem simples que "juntam" as peças por si só e permitem que essas peças se repliquem utilizando redes catalíticas recorrentes. Nessas redes, as coisas acontecem quase como em uma introdução de um dos livros de Douglas Adams: tudo que acontece acontece; tudo que ao acontecer faz outra coisa acontecer, fará outra coisa acontecer. Ou algo assim, não achei o livro.

O ponto é: não é por sorte que a vida existe; a vida é quase uma necessidade.

Eu sempre achei o argumento de que a Terra não existe há tempo suficiente para que a vida tenha se iniciado por acaso meio egocentrico por não considerar todos os mundos possíveis no Universo. A criação de vida é um processo paralelo, cada pedaço de rocha navegando no vazio espacial tem alguma probabilidade de iniciar a vida. Havendo pedaços de rochas suficientes por aí, e devem haver, então algumas tem que ter vida e algumas entre estas tem que conter vida inteligente. Independente do tempo que elas existam. É fascinante que uma dessas vidas inteligentes se pergunte como é improvável que ela própria exista e não aceite que possa realmente ter sido apenas "sorte" que existamos.

A teoria de Kauffman introduz um outro problema também, que não sei se ele aborda pois não terminei de ler o livro. Se a vida é uma necessidade, então por que ela é tão rara? Afinal, não há sinais de que existe vida lá fora - pelo menos não até onde conseguimos olhar. A transição entre quase-impossível e necessária parece ser muito brusca. Ainda assim, é uma teoria fascinante, elegante e bastante plausível. E torna mais fácil aceitarmos por que, exatamente, existimos. Como diz o título, aceitar que nossa existência é uma necessidade e não mero acaso permite que se sinta em casa no Universo.

abril 19, 2007

Busca em tópicos no orkut

De forma quase sorrateira o orkut introduziu a possibilidade de realizar pesquisas em tópicos de comunidades. Para uma funcionalidade que pode mudar completamente a maneira com que se utiliza comunidades eu esperava pelo menos alguma divulgação.

orkut.png

abril 14, 2007

Teclados Alternativos e o Optimus Maximus

Diz a lenda que o padrão de teclado que usamos hoje, o chamado QWERTY, foi herdado das máquinas de escrever mecânicas e o posicionamento das letras da forma que são foi pensado com um objetivo: tornar a digitação mais lenta. Isto por que em uma máquina mecânica, se o digitador digitasse rápido demais os martelos que imprimem as letras no papel se enroscavam, travando a máquina (máquinas já travavam antes do advento de sistemas operacionais!).

É claro que não faz sentido ter uma disposição em teclado que procure tornar a digitação mais lenta e muitas propostas surgiram ao longo do tempo para tentar introduzir teclados mais eficientes. Por exemplo, um teclado em ordem alfabética tornaria o aprendizado mais simples para iniciantes. O teclado Dvorak, denominado assim devido ao seu criador, o psicólogo August Dvorak, é outro exemplo: o posicionamento das teclas foi pensado de tal forma a maximizar a velocidade de digitação e reduzir a fadiga das mãos. Isso foi feito mediante um estudo das letras e dígrafos mais comuns. É claro que letras mais comuns variam de língua para língua e o Dvorak foi pensado com a língua inglesa em mente. Em pequeno parênteses, é interessante que pode existir alguma língua por aí para a qual o QWERTY é o mais eficiente - me pergunto se algúem já fez um estudo sobre velocidade de digitação em diversos países.

Estes teclados alternativos não obtiveram grande sucesso em substituir o QWERTY. O Dvorak até conta com suporte por todos grandes sitemas operacionais, mas sua presença física é insignificante. Em pequena parte, por que nem todo mundo digita em inglês - mas já deve estar claro agora que isso não é e nunca foi barreira para a influência do inglês em qualquer outra área da cultura e tecnologia. O principal motivo do QWERTY reinar até hoje é o mesmo pelo que todo mundo usa o Messenger e o Orkut ao invés de alternativas teoricamente mais interessantes: todo mundo usa por que todo mundo usa. Imagine que você compre um teclado Dvorak e aprenda a usá-lo. Em pouco tempo, utilizar um teclado QWERTY se tornaria muito difícil. Mas se no trabalho, na universidade ou na casa dos amigos ainda existem apenas teclados QWERTY, sua eficiência média seria muito baixa. Logo, não há realmente um incentivo para aprender qualquer outra coisa que não a tradicional disposição. A verdade é que o QWERTY pode ser inferior mas não é tão inferior assim a ponto de convencer uma maioria a trocar. Se você já é um digitador de longa data, provavelmente a disposição das teclas é algo que você nem pensa mais e não considera como um problema. Como sempre vão haver muitas pessoas que já sabem QWERTY, o mercado não consegue introduzir nada muito diferente disso.

Tudo isso pode mudar se um novo tipo de teclado se tornar popular. Trata-se dos teclados dinâmicos e genéricos, como o talvez pioneiro Optimus. A idéia é ter um teclado onde cada tecla não tem sua representação impressa mas sim contém uma pequena tela (de LCD, OLED ou outra tecnologia). O que aparece nessa tela é determinado por software. Assim, potencialmente com um clique do mouse pode-se alternar entre diferentes disposições de teclado em um piscar de olhos. A idéia está sendo vendida como uma possibilidade de ter um teclado que se especializa de acordo com o aplicativo sendo utilizado - se é um navegador, as teclas de função, por exemplo, exibiriam os botões de "voltar", "avançar" etc. Em um jogo, todas teclas poderiam apresentar pequenos desenhos com suas funções específicas no jogo (atirar, baixar trem de pouso etc) e não letras.

Apesar de a especialização para aplicativos ser um excelente motivo para comprar um teclado desses, é também uma oportunidade das disposições alternativas para teclados renascerem. Se todos tiverem um teclado genérico como o Optimus, então você poderia aprender uma disposição como o Dvorak e, ao chegar no trabalho, o teclado se reconfigurar para essa disposição quando você fizer seu login. Se outra pessoa não souber Dvorak, o teclado pode voltar ao QWERTY rapidamente. Potencialmente, cada pessoa pode aprender uma disposição diferente, à sua escolha, e utilizá-la em qualquer lugar. Cria-se um mercado livre por disposições de teclado - disposições benéficas poderão se espalhar rapidamente, obtendo mais e mais adeptos, sem a limitação física de ter que ter o teclado configurado de fábrica.

Mas se realmente todos teclados do mundo possuírem teclados genéricos, então outra possibilidade de se faz presente: disposições personalizadas. Cada pessoa pode potencialmente ter sua própria disposição, especificamente desenhada para se ajustar a seus dedos específicos e sua língua específica. Um software no próprio sistema operacional faria uma série de testes com os usuários, propondo a melhor disposição para eles. É claro que isso funcionaria melhor com quem está aprendendo, mas também seria útil para os que se importam em aprender novas maneiras de digitar. Uma vez criada uma disposição personalizada, esta poderia ser gravada em um pen drive e levada consigo para todos lugares. Ao chegar em um computador estranho, insere-se a configuração pela USB e o teclado magicamente se reconfigura.

Não parece um cenário tão implausível, mas poderá levar alguns anos. O teclado Optimus ainda não foi lançado e tem sido adiado constantemente. Com um preço inicial nada agradável, deverá levar um tempo até tornar-se acessível. Minha opinião é de que notebooks serão os primeiros realmente beneficiários da tecnologia, talvez por que seja mais barato introduzir tal tecnlogia e ter uma planta única para fabricação de teclados do que ter que adaptar teclados para diferentes países (França e Alemanha, por exemplo, possuem teclados muito levemente diferentes do QWERTY; já nós temos a famosa cedilha). Em seguida talvez smartphones sejam os próximos (ou até os primeiros, já que possuem menos teclas), uma vez que muitas funções tem que ser embutidas em poucas teclas.

Eu já estou velho demais para aprender uma nova disposição para teclados. Espero que a próxima geração possa se beneficiar da tecnologia.

abril 6, 2007

Microsoft Robotics Studio

A próxima área que a Microsoft quer dominar parece ser a de Robótica. Recentemente lançou o Robotics Studio, um ambiente end-to-end para sistemas robóticos - desde a concepção até o deployment (há uma palavra em português para esse termo?). Incluindo sistemas de simulação de física em 3D e tudo que se tem direito. Muito interessante.

Para marcar o território, a MS está até patrocinando a Robocup 2007 e, para auxiliar, desenvolveu um ambiente pré-pronto para simulação de futebol de robôs no seu Robotics Studio.

O produto é gratuíto para uso não-comercial e a licença para comercialização de produtos finais é vendida por U$399,00, o que não é ruim dada a complexidade e amplitude de usos do produto.

abril 5, 2007

The Salmon of Doubt

Outro livro que já tem um ano que li e esqueci de comentar por aqui foi The Salmon of Doubt, de Douglas Adams - o mesmo de O Guia do Mochileiro da Galáxia. O livro é uma obra póstuma, uma compilação de textos inacabados, artigos nunca publicados e alguns publicados mas obscuros. Incluí-se aí ensaios para um sexto livro do Guia ou para um segundo livro de um personagem que eu não conhecia, um detetive "holístico" chamado Dirk Gently. O "ou" ali é por que as idéias são aproveitadas com Dirk, mas Adams menciona que acredita seria melhor transformar em histórias para o Guia.

Entre os textos, há algumas pérolas. Por exemplo, uma história com Genghis Khan escrita com Graham Chapman (dos Pythons), além de nada menos que duas introduções ao livro escritas por Terry Jones (também dos Pythons). Há divagações sobre religião e ateísmo (Adams se declarava um Ateu Radical, menos por ser realmente radical e mais para que ninguém confunda com Agnóstico), além de textos sobre tecnologia em geral e Macs em específico.

O livro permite compreender um pouco da vida de Douglas Adams, de uma forma mais íntima do que qualquer biografia poderia fazer. E ainda dá um gostinho do que poderia ter vindo se Adams não tivesse falecido em 2001.

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