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abril 14, 2007

Teclados Alternativos e o Optimus Maximus

Diz a lenda que o padrão de teclado que usamos hoje, o chamado QWERTY, foi herdado das máquinas de escrever mecânicas e o posicionamento das letras da forma que são foi pensado com um objetivo: tornar a digitação mais lenta. Isto por que em uma máquina mecânica, se o digitador digitasse rápido demais os martelos que imprimem as letras no papel se enroscavam, travando a máquina (máquinas já travavam antes do advento de sistemas operacionais!).

É claro que não faz sentido ter uma disposição em teclado que procure tornar a digitação mais lenta e muitas propostas surgiram ao longo do tempo para tentar introduzir teclados mais eficientes. Por exemplo, um teclado em ordem alfabética tornaria o aprendizado mais simples para iniciantes. O teclado Dvorak, denominado assim devido ao seu criador, o psicólogo August Dvorak, é outro exemplo: o posicionamento das teclas foi pensado de tal forma a maximizar a velocidade de digitação e reduzir a fadiga das mãos. Isso foi feito mediante um estudo das letras e dígrafos mais comuns. É claro que letras mais comuns variam de língua para língua e o Dvorak foi pensado com a língua inglesa em mente. Em pequeno parênteses, é interessante que pode existir alguma língua por aí para a qual o QWERTY é o mais eficiente - me pergunto se algúem já fez um estudo sobre velocidade de digitação em diversos países.

Estes teclados alternativos não obtiveram grande sucesso em substituir o QWERTY. O Dvorak até conta com suporte por todos grandes sitemas operacionais, mas sua presença física é insignificante. Em pequena parte, por que nem todo mundo digita em inglês - mas já deve estar claro agora que isso não é e nunca foi barreira para a influência do inglês em qualquer outra área da cultura e tecnologia. O principal motivo do QWERTY reinar até hoje é o mesmo pelo que todo mundo usa o Messenger e o Orkut ao invés de alternativas teoricamente mais interessantes: todo mundo usa por que todo mundo usa. Imagine que você compre um teclado Dvorak e aprenda a usá-lo. Em pouco tempo, utilizar um teclado QWERTY se tornaria muito difícil. Mas se no trabalho, na universidade ou na casa dos amigos ainda existem apenas teclados QWERTY, sua eficiência média seria muito baixa. Logo, não há realmente um incentivo para aprender qualquer outra coisa que não a tradicional disposição. A verdade é que o QWERTY pode ser inferior mas não é tão inferior assim a ponto de convencer uma maioria a trocar. Se você já é um digitador de longa data, provavelmente a disposição das teclas é algo que você nem pensa mais e não considera como um problema. Como sempre vão haver muitas pessoas que já sabem QWERTY, o mercado não consegue introduzir nada muito diferente disso.

Tudo isso pode mudar se um novo tipo de teclado se tornar popular. Trata-se dos teclados dinâmicos e genéricos, como o talvez pioneiro Optimus. A idéia é ter um teclado onde cada tecla não tem sua representação impressa mas sim contém uma pequena tela (de LCD, OLED ou outra tecnologia). O que aparece nessa tela é determinado por software. Assim, potencialmente com um clique do mouse pode-se alternar entre diferentes disposições de teclado em um piscar de olhos. A idéia está sendo vendida como uma possibilidade de ter um teclado que se especializa de acordo com o aplicativo sendo utilizado - se é um navegador, as teclas de função, por exemplo, exibiriam os botões de "voltar", "avançar" etc. Em um jogo, todas teclas poderiam apresentar pequenos desenhos com suas funções específicas no jogo (atirar, baixar trem de pouso etc) e não letras.

Apesar de a especialização para aplicativos ser um excelente motivo para comprar um teclado desses, é também uma oportunidade das disposições alternativas para teclados renascerem. Se todos tiverem um teclado genérico como o Optimus, então você poderia aprender uma disposição como o Dvorak e, ao chegar no trabalho, o teclado se reconfigurar para essa disposição quando você fizer seu login. Se outra pessoa não souber Dvorak, o teclado pode voltar ao QWERTY rapidamente. Potencialmente, cada pessoa pode aprender uma disposição diferente, à sua escolha, e utilizá-la em qualquer lugar. Cria-se um mercado livre por disposições de teclado - disposições benéficas poderão se espalhar rapidamente, obtendo mais e mais adeptos, sem a limitação física de ter que ter o teclado configurado de fábrica.

Mas se realmente todos teclados do mundo possuírem teclados genéricos, então outra possibilidade de se faz presente: disposições personalizadas. Cada pessoa pode potencialmente ter sua própria disposição, especificamente desenhada para se ajustar a seus dedos específicos e sua língua específica. Um software no próprio sistema operacional faria uma série de testes com os usuários, propondo a melhor disposição para eles. É claro que isso funcionaria melhor com quem está aprendendo, mas também seria útil para os que se importam em aprender novas maneiras de digitar. Uma vez criada uma disposição personalizada, esta poderia ser gravada em um pen drive e levada consigo para todos lugares. Ao chegar em um computador estranho, insere-se a configuração pela USB e o teclado magicamente se reconfigura.

Não parece um cenário tão implausível, mas poderá levar alguns anos. O teclado Optimus ainda não foi lançado e tem sido adiado constantemente. Com um preço inicial nada agradável, deverá levar um tempo até tornar-se acessível. Minha opinião é de que notebooks serão os primeiros realmente beneficiários da tecnologia, talvez por que seja mais barato introduzir tal tecnlogia e ter uma planta única para fabricação de teclados do que ter que adaptar teclados para diferentes países (França e Alemanha, por exemplo, possuem teclados muito levemente diferentes do QWERTY; já nós temos a famosa cedilha). Em seguida talvez smartphones sejam os próximos (ou até os primeiros, já que possuem menos teclas), uma vez que muitas funções tem que ser embutidas em poucas teclas.

Eu já estou velho demais para aprender uma nova disposição para teclados. Espero que a próxima geração possa se beneficiar da tecnologia.

6 comentarios

Minha fonte sobre a história do layout QWERTY foi um livro chamado "Um toc na cuca".

Acho que não vale a pena aprender outro layout só pela velocidade (a não ser que você seja um taquígrafo :).

Tá louco. Minha mãe ficaria desolada por saber que nada adiantou ela me forçar, quando eu tinha 10 anos, a ir às aula des datilografia da Dona Matildinha :) (era esse o nome?)

Esse tipo de teclado seria extremamente útil para áreas específicas, independentemente do software, por exemplo, para typesetting (falta uma tradução melhor do que "diagramação" em português) seria possível acessar os 5 tipos diferentes de espaços em branco, caracteres específicos para reticências, travessões, as 3 variações de hífens, etc. sem precisar recorrer ao mapa da caracteres ou decorar o código específico de cada um deles.

Esse site mostra algumas fotos do teclado de uma compositora da Linotype, as teclas são organizadas pela freqüência em que elas ocorrem na língua inglesa. http://amrys.devl.org/photo/printing/printing-Pages/Image6.html

Nesse tópico do Typophile alguém fala sobre um protótipo desenvolvido pela Microsot para um teclado específico para typesetting que nunca foi adiante. http://typophile.com/node/279

Outra área que seria beneficiada seria a das exatas (matemática, física, química, etc.), um teclado que oferecesse uma série de teclas para compor equações imagino que seria uma mão na roda. :)

Quem tiver curiosidade de ver uma Linotype de perto a Livraria do Globo em POA tem uma máquina na entrada da loja no Praia de Belas e uma no museu da loja sede na rua da praia. Quem quiser ver em funcionamento pode procurar por "linotype machine" no youtube. Pronto, chega de spam. :)

Também acho fantastica a idéia de ter um teclado configurável pelo usuário. Facilitaria bastante, pois se ajustaria os atalhos conforme sua necessidade, em vez de usar várias combinações de tecla.

Sobre esta entrada

Esta página contiene una sola entrada realizada por ricardo y publicada el abril 14, 2007 8:47 AM.

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