At Home In The Universe

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Estou lendo "At Home In The Universe", de Stuart Kauffman - mais um dos grandões do Santa Fe Institute. O livro é de divulgação científica e o que está sendo divulgado é a tese de Kauffman de que a existência de vida não é um mero acaso, é praticamente uma necessidade. E a explicação é dada por sistemas auto-catalíticos.

O problema sendo abordado, de forma grosseira, é de que é muito, muito improvável que a vida tenha surgido em qualquer coisa parecida com um caldo primordial - a probabilidade de que um conjunto de moléculas se juntassem ao acaso tornando possível a reprodução e toda seleção natural é simplesmente fantasticamente pequena e o tempo de existência da Terra seria insuficiente para tal processo acontecer. Kauffman, citando alguém, compara com a probabilidade de um furacão passar em um ferro-velho e montar um Boeing no processo.

A teoria de Kauffman é a de que as coisas não são tão ao acaso assim, isto é, não seria necessário ficar torcendo para que as moléculas corretas se chocassem nas proporções corretas - existem processos bem simples que "juntam" as peças por si só e permitem que essas peças se repliquem utilizando redes catalíticas recorrentes. Nessas redes, as coisas acontecem quase como em uma introdução de um dos livros de Douglas Adams: tudo que acontece acontece; tudo que ao acontecer faz outra coisa acontecer, fará outra coisa acontecer. Ou algo assim, não achei o livro.

O ponto é: não é por sorte que a vida existe; a vida é quase uma necessidade.

Eu sempre achei o argumento de que a Terra não existe há tempo suficiente para que a vida tenha se iniciado por acaso meio egocentrico por não considerar todos os mundos possíveis no Universo. A criação de vida é um processo paralelo, cada pedaço de rocha navegando no vazio espacial tem alguma probabilidade de iniciar a vida. Havendo pedaços de rochas suficientes por aí, e devem haver, então algumas tem que ter vida e algumas entre estas tem que conter vida inteligente. Independente do tempo que elas existam. É fascinante que uma dessas vidas inteligentes se pergunte como é improvável que ela própria exista e não aceite que possa realmente ter sido apenas "sorte" que existamos.

A teoria de Kauffman introduz um outro problema também, que não sei se ele aborda pois não terminei de ler o livro. Se a vida é uma necessidade, então por que ela é tão rara? Afinal, não há sinais de que existe vida lá fora - pelo menos não até onde conseguimos olhar. A transição entre quase-impossível e necessária parece ser muito brusca. Ainda assim, é uma teoria fascinante, elegante e bastante plausível. E torna mais fácil aceitarmos por que, exatamente, existimos. Como diz o título, aceitar que nossa existência é uma necessidade e não mero acaso permite que se sinta em casa no Universo.

4 Comments

Daqui a pouco alguém "prova" a existência de Deus e alguns dirão "Eu te disse, viu? Eu te disse!" Ehehehe

Bem interessante, mesmo que isso me pareça meio meta. Para mim principal palavra ai é "sorte", pura sorte estarmos aqui e sermos o que somos. Eu não diria que a vida é uma necessidade, mas sim uma fatalidade, dadas as condições, ela acaba acontecendo cedo ou tarde.

Possivelmente tu já tenha passado por esse link, mas todo caso:
Procura por Fermi paradox na wikipedia (pois o teu sistema de comentários aparentemente bloqueia links :P)
Tem várias hipóteses e contra-hipóteses do porquê estarmos "sozinhos" no universo.
E como todo link da wikipedia tem vários links interessantes para se perder mais horas do que estão disponíveis.
Abraços.

bahhhhhhh...
me lembro que uns tempos atras vi algo sobre esse cara,
fiquei interessado mas nao achei nada sobre ele,
tu tem o livro?
em portugues-br ou soh ingles?
se tiver em .pdf tu me salva =D
meu email ta ai se quiser responder

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This page contains a single entry by ricardo published on abril 26, 2007 4:35 PM.

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