Cyc

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Uma das primeiras euforias que ocorreram na área de Inteligência Artificial veio dos chamados Sistemas Especialistas (Expert Systems), que eram bancos de dados onde um especialista humano (por exemplo, um biólogo) incorporava seus conhecimentos sobre uma área específica de conhecimento. Isso é feito na forma de regras como "humanos são mamíferos", "galinhas são aves" ou "todas mamífero possui uma mãe e um pai".

Sobre estas informações, o sistema aplicava regras de inferência lógica para relacionar coisas ou responder perguntas de um usuário. Assim, um usuário poderia perguntar "Fulano tem um pai?" e o sistema raciocinaria que Fulano é um humano, humanos são mamíferos e todos mamíferos tem pai, concluindo que "sim, Fulano tem um pai".

Enquanto sistemas deste tipo foram e são úteis para tarefas específicas, como auxiliar médicos no diagnóstico de doenças ou biólogos na classificação de novos seres vivos, a promessa de criar uma Inteligência Artificial, no sentido forte do termo, nunca foi cumprida. Um dos motivos para isso, argumenta-se, é que faltam aos programas a capacidade de aprender sem auxílio externo. Mas para compreender o mundo exterior, é necessário senso comum, que permitam remover ambiguidades de sentenças e compreender conceitos dentro de contextos. Por exemplo, "Fulano foi ao cinema e não gostou do filme" pode parecer um conceito completamente desconexo se não se souber que cinemas passam filmes.

Pois em 1994 um pesquisador da área criou uma empresa chamada Cycorp com a intenção de criar o maior sistema especialista jamais visto e se preocupou inicialmente em embuir o sistema com senso comum. O sistema resultante atualmente tem 5 milhões de regras e sabe, presumivelmente, coisas como "dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo" e "o céu é azul, exceto quando noite ou nublado", o que permite que novas regras sejam adicionadas sem a preocupação de especificar toda e qualquer possível ambiguidade ou ter que explicar todo e qualquer termo. Assim, o sistema é capaz de aprender mais rápido e, aprendendo rápido, novas regras são adicionadas que tornam o aprendizado ainda mais rápido.

Esta realimentação positiva é o que se espera que gere, eventualmente, uma máquina "inteligente". Apesar de não haver interesse em criar uma inteligência humana, é possível e desejável que o sistema passe em algum tipo de Teste de Turing no futuro.

O interessante é que, de acordo com a New Scientist, a Cycorp colocará seu sistema, denominado Cyc, on-line em breve. Internautas poderão consultar o banco de dados através de perguntas e corrigir o sistema se a resposta não for correta. Com isso, espera-se aumentar consideravelmente o conhecimento armazenado e, com sorte, gerar uma massa crítica que permita que a inteligência decole e passe a aprender coisas por si só, lendo diretamente em websites por exemplo.

Ainda que eu acredite que não teremos resultados muito significativos, o que quer dizer que não teremos ninguém leigo espantado com as respostas do sistema, esta é com certeza uma das experiências mais interessantes na área, rivalizando com o Cog do MIT e talvez futuramente se juntando a este. Os erros do projeto poderão apontar futuras áreas que deverão ser pesquisadas para que, um dia, tenhamos algo realmente robusto e que possamos finalmente reconhecer como verdadeiramente inteligente.

5 Comments

Pifff... eu já acho que bom senso é raro nas pessoas, o que dirá nas máquinas...

cycorp = skynet?

uh-oh

ou cyberdyne, como quiserem

É, eu acho o nome muito legal. "Cycorp" parece ter saído direto de um filme.

Legal, se eu não estivesse com tanta preguiça ia seguir os links e ler mais sobre o projeto, nada como uma idéia simples para variar um pouco.
E não é bom senso, Raquel, é senso comum. Bom senso fica para "trabalhos futuros" :)

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