"Acordando, senti o espírito estranhamente


"Acordando, senti o espírito estranhamente confuso, e decorreu algum tempo até que fosse capaz de trazer à memória as diversas circunstâncias de minha situação. Aos poucos, porém, lembrei-me de tudo. Riscando um fósforo, consultei o relógio; mas ele tinha parado, e não havia meio, portanto, de determinar quanto tempo eu dormira. Meus membros eram afligidos por cãibas, e fui forçado a aliviá-los pondo-me de pé entre os caixotes. Como dali a pouco eu sentisse um aperto quase devorador, pensei no pedaço de carneiro frio que comera antes de adormecer e achara excelente. Mas qual não foi o meu assombo ao descobrí-lo num estado de absoluta putrefação!"


Estou lendo A Narrativa de A. Gordon Pym, Edgar Allan Poe, minha última aquisição para ler no fim de semana, na Vanguarda. Trata-se da narrativa de um jovem (Arthur Pym) que viaja como clandestino em um navio baleeiro. Até a parte em que li o livro é, para dizer pouco, inquietante e misterioso. Estou adorando. O Poe mistura doses de suspense, sobrenatural e acontecimentos daqueles de deixar a alma inquieta, como se algo muito errado estivesse acontecendo, mas não se sabe o que. O Stephen King é um amador perto dele. Ah, sim. E o livro conta com uma introdução por Dostoievski e um apêndice de Baudelaire. :)