O Pianista


- Um filme suave e cruel. É a melhor definição de O Pianista em que consigo pensar. Fazia tempo que não via um filme de guerra assim. Polanski consegue recontar os horrores do nazismo sem cair nos clichês mais padrões dos filmes de guerra. Ao invés de ser quente, emotivo, o filme é triste, frio e distante. O espectador acompanha Wladyslaw Szpilman em sua história: Sua paixão pelo piano, sua vida cotidiana, as transformações da guerra, a vida no gueto, as separações e os reencontros, a luta para viver o outro dia. Nada de luta, nada de hreoísmo, nada de salvação. Apenas a sobrevivência, a incredulidade e o medo. Um dos grandes méritos do filme é conseguir chocar sem cair no mau gosto. Polanski não exagera nas cenas de sangue, procurando mostrar a dor e a morte do ponto de vista do cotidiano: A crueldade da situação está no dia-a-dia no gueto, nas pessoas tentando levar suas vidas adiante, enquanto procuram não tropeçar nos cadáveres dos mortos de fome e frio no chão, na humilhação, a segregação e o massacre, nas atrocidades nas quais os próprios massacrados recusam-se a acreditar. Aliás, o som é extremamente importante na história: Além dos acordes do piano, escutam-se os gritos, os tiros, as explosões, o choro... As cenas mais chocantes são, justamente, aquelas onde não se vê o que acontece, apenas se escuta. Entretanto,o momento mais impactante de todo o filme é, exatamente, uma cena de silêncio: O momento em que Wladyzlaw Szpilman, fugindo do hospital, depara-se, incrédulo, com uma cidade em ruínas. Assistam.