orkut_trends.jpg Scraps no Orkut- Ontem a Ellen Spertus e o Torsten Nelson publicaram no blog do Orkut um levantamento de quais usuários mais utilizam scraps no sistema. No levantameto, uma análise quantitativa dos dados obtidos, mostra quais países mais recebem scraps no sistema.


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De acordo com a tabela, o país que, em média mais recebe scraps é Granada. Obviamente que esse dado é enganoso. Pensando sobre ele, chego a duas hipóteses: (1) Como sabemos que os brasileiros - e os demais usuários do Orkut "herdaram" dos brasileiros - adotam países, digamos, interessantes para seus perfis. Esse fato, que também acontece em outros sistemas que pedem o dado geográfico, como o Fotolog, em geral acontece simplesmente porque as pessoas querem deixar seu perfil mais criativo. Tal fato poderia ter influência nos dados observados, mas eu suponho, no entanto, que os pesquisadores saibam disso. (2) A hipótese que me parece mais provável é, no entanto, que essa discrepância seja, na realidade, fruto de spam. Ou seja, que a maioria dos usuários de Granada e das Ilhas Caymas seria, na realidade, spammer. Para testar a hipótese, fiz uma rápida busca dentro de um perfil falso por usuários de Grenada no Orkut. Encontrei a quantidade absurda de 19 usuários da ilha caribenha, o maior, com 640 scraps, que é, na verdade, indiano. Ou seja, os dados estão, pelo menos, estranhos, uma vez que a pequena quantidade de pessoas que atualmente é de Granada não justifica a quantidade de scraps encontrados na pesquisa. Logo, deduzo que esses perfis tenham sido deletados como spammers. Mas como spammers receberiam tantos scraps? Ora, é simples. Se um spammer envia mensagens para, digamos, 10 mil pessoas, e dessas, 10% respondem, temos mil scraps recebidos. E as pessoas respondem. Seja por interesse, seja por não perceber a mensagem como spam (a língua, por exemplo, é um impeditivo).

Além disso, outro dado interessante colocado no blog é que "Women receive just under half (48%) of all scraps. Women from the Cayman Islands receive the most, followed by those from the British Virgin Islands, Trinidad and Tobago, San Marino, and the Northern Mariana Islands." Vejo isso como um claro indício da quantidade de spam presente atualmente no sistema, especialmente de cunho sexual. Tenho observado um crescimento enorme dos scraps de propaganda de vídeos pornográficos e afins, por usuários identificados como mulheres, em geral, em poses pouco familiares e provenientes de lugares bizarros. No entanto, o que contradiz a minha tese, a maioria dos scraps enviados não corresponde aos países que mais receberam (o que reforçaria a minha idéia do spam). Isso pode, no entanto, ser devido ao tempo de coleta de dados, já que os perfis spammers são deletados com freqüência.

Outros dados também são curiosos. O primeiro deles é a alta média de scraps recebidos, por exemplo, pelos brasileiros. A pesquisa não diz se essa média é diária, semanal ou mensal, mas ainda assim, é alta, especialmente porque o Brasil não está entre os países que mais enviam scraps. O Paquistão como país que mais recebe scraps é também curioso, embora esse dado bata com o país que mais envia scraps (Paquistão). Por que bate? Minhas pesquisas mostram que há uma grande concentração territorial em sites de redes sociais (paper sobre isso saindo do forno). Ou seja, eu acredito que as pessoas procurem vizinhos na Rede e daí a grande quantidade de pessoas nas comunidades geográficas. Assim que faria muito sentido a maior parte dos scraps enviados por paquistaneses ser recebida por paquistaneses.

Finalmente, outros dados curiosos: uma tabela com o conteúdo dos scraps mostra que "hi" (oi, em inglês) é o scrap mais comum, seguido por "oi", "ok" e "parabéns". Para pensar. :-)