Perfis em Redes Sociais


A International Conference on Weblogs and Social Media (ICWSM) já disponibilizou no site os papers que serão apresentados no evento. Eu morro de vontade de participar dessa conferência desde que foi criada (a deste ano é a segunda edição), mas nunca consigo mandar paper na época certa (sempre no final do ano, pegando a época mais "punk" de notas e afins). Ainda é uma conferência pequena, mas é a primeira focada na coisa da Mídia Social e das ferramentas que trabalham isso.

Ainda sobre o ICWSM, o Read Write Web comentou um dos painéis que foi apresentado, sobre Identidades no Facebook. O estudo mostrou que os perfis nessas ferramentas podem dar aos amigos e conhecidos uma falsa percepção da personalidade dos autores. Ao contrário, respostas como os livros que se gosta ou músicas favoritas parecem ser menos eficientes do que contar uma história, como "momento mais embaraçoso".


Psychology professor Samuel Gosling and collaborator David Evans created the "You Just Get Me" Facebook application and web site, where users could answer forty questions about their personality and then compare their answers to how others view them. The users would rate each other based on these answers, letting their first impressions be their guide. People could be rated as anything from lazy to ingenious to quiet or rude or any of several other unique personality traits.

Surprisingly, answers to most of the basic type of questions, like those found on social networking sites, did not help users figure out what each other were "really" like. Instead, the researchers found that when a user posted things on their profile like their most embarrassing moment, proudest moment, or spirituality, their personalities were much better understood.


Acredito que mais do que o que está escrito nos perfis como gostos pessoais, o que mais auxilia a construir uma idéia da personalidade por trás do perfil são os outros elementos. No Orkut, por exemplo, sabemos que as comunidades são mais utilizadas para conhecer a personalidade do usuário do que os gostos e desgostos do perfil. Além das comunidades, as interações nos comentários e nos testemunhos e as fotografias também são utilizados pelos usuários para "conhecer" ou "saber mais" do Outro. No Facebook, ao que parece, é a escolha de APIs adicionados pelos usuários, além das interações e ações dos usuários.

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Esse tipo de discurso, que é construído através da linguagem falada e escrita, e que é gerado pelas conversações com outros, é o principal pedaço da construção da identidade nas redes sociais. É na falta dos diferenciais característicos da estrutura dos discursos (falado e escrito), e na intersecção de ambos com os elementos gráficos dispostos por essas ferramentas que se constrói uma impressão dada que vai ser, ao mesmo tempo, também emitida (para citar o Gofflman). É uma identidade ao mesmo tempo construída e percebida, como mostra o estudo do Facebook.

A construção de um perfil, realizada por um autor, é realizada com objetivos e motivações particulares, geralmente focadas no capital social que esse perfil é capaz de construir: reputação, sociabilidade, fama etc. Mas como nem todas as impressões e expressões são controladas, mas interpretadas pelos demais, há discordância entre o discurso que o emissor pensa que está construindo e aquele que o receptor interpreta. :-)

Esses são apontamentos gerais de impressões a respeito do estudo do Facebook e dos meus trabalhos. Além disso, fazem parte de uma discussão que pretendo iniciar com um projeto a respeito de discurso e interação pela linguagem, na Lingüística Aplicada. :D