Monetização do Twitter


twitter_bird.gifAinda ontem, depois do anúncio da Folha de SP de que o Twitter passaria a cobrar o uso corporativo, choveram e-mails por aqui. A notícia, no entanto, não é bem essa. A idéia de Evan Willians e Biz Stone seria criar um tipo de conta premium paga, com serviços extras, que pudesse interessar as empresas e corporações.

However, it's important to note that whatever we come up with, Twitter will remain free to use by everyone—individuals, companies, celebrities, etc. What we're thinking about is adding value in places where we are already seeing traction, not imposing fees on existing services. (via Twitter official blog)


Vejam que isso não excluiria o fato de que as empresas poderiam continuar usando a conta não-premium e que indivíduos pudessem usar a conta premium, até porque, do meu ponto de vista, seria impossível distinguir quem é empresa e quem é indivíduo. Historicamente, esse tipo de iniciativa parece funcionar em algum nível (vide Fotolog e a conta "gold camera" e o Flickr e a conta "pro"). No entanto, não vejo que tipo de serviço pudesse valorizar uma conta premium no Twitter, sem interferir diretamente no uso que as pessoas já fazem dele.

Por enquanto, a idéia do pessoal do Twitter parece ser simplesmente de monetizar agregando ferramentas a espaços que já foram percebidos como relevantes (de acordo com a declaração de Biz Stone no blog). Penso que talvez a idéia do serviço premium vá por algum tipo de integração com companhias telefônicas e mobilidade, e possivelmente, a criação de facilitadores que muitos já solicitam no Twitter há horas - como sistemas que permitam ver quem fala de sua empresa e quando. Apesar disso, esse tipo de integração poderia ser feita de outros modos, já que o sistema do Twitter é aberto, o que poderia gerar a criação de mashups e ferramentas rivais usando a própria API do Twitter.

Como monetizar: Eis a questão.

Até agora, nenhum site de rede social apresentou um modelo de monetização que funcionasse claramente. Enquanto o Orkut e o Facebook foram para o lado da propaganda, o MySpace tentou monetizar via anúncios em clips, Flickr e Fotolog são alguns dos poucos que possuem um modelo interessante (mas impossível de ser implementado pós-adoção). O grande problema da monetização é explorar aquilo que o sistema tem de mais valor. No caso do Orkut e do Facebook, o valor está na questão social. Aí, alguns aplicativos do Open Social que particularmente fazem marketing são muito interessantes do meu ponto de vista, pois parecem entrar na lógica do sistema de forma mais eficiente - o mesmo para o Facebook. Só que esses aplicativos continuam não gerando renda para as companhias que mantêm o site, no caso, Google e Facebook, mas apenas para aqueles que utilizam as ferramentas. No caso do Orkut, acho que muita coisa de valor agregado poderia ser feita. Desde o uso do site para a distribuição de informações relevantes para seus usuários (notícias locais, formas de conexão, agregação em torno de interesse e etc.) até a disponibilização de serviços mais personalizados para usuários que desejassem pagar. Mas é claro que isso implica em reformulações extensivas, além da criação de janelas para outras formas de uso.

No caso do Twitter, acho mais complicado. Primeiro porque a ferramenta ainda não tem um uso estabilizado, e segundo porque a sua lógica de adoção é diferente. Sabemos que o Twitter tem dois valores principais, discutidos pela literatura: informação e conversação. Enquanto o uso conversacional é difícil de monetizar, porque é social e pode facilmente migrar pra outras ferramentas, o informacional parece mais interessante. Parece-me que o caminho para o Twitter talvez seja a criação de canais mais específicos, de forma a organizar o ruído informacional. Mas de novo, não vejo nada que não pudesse ser oferecido por algum desenvolvedor independente. Qual é a idéia de Williams e Stone? Vamos esperar para ver.